A Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal lançou hoje um apelo à divulgação dos seus contactos, destacando a maior presença de emigrantes, durante este período de férias.
“No estrito âmbito do seu trabalho de ‘dar voz ao silêncio’, a Comissão deve continua a apelar a todos os adultos que possam ter sido vítimas de tais atos enquanto crianças até aos 18 anos de idade para que possam dar o seu testemunho anónimo através dos contactos 91 711 00 00 ou por preenchimento de inquérito geral@darvozaosilencio.org”, refere uma nota enviada hoje aos órgãos de comunicação social.
O comunicado é assinado pelo coordenador da CI, o pedopsiquiatra Pedro Strecht.
“Nesta época do ano regressam ao seu país natal um número muito significativo de portugueses residentes no estrangeiro, sendo que a Comissão recebeu, até agora, vários testemunhos de compatriotas atualmente emigrados em diversas partes do mundo, mas sobretudo Europa”, pode ler-se.
O pedido de divulgação de contactos dirige-se aos meios de comunicação social, bem como a Federações e Ligas respeitantes às áreas desportivas.
“De novo, o mesmo apelo segue em relação a todos os membros da Igreja que achem por bem referir este apelo, em local e momento sentido por cada um como adequado, já que a grande maioria dos testemunhos até agora recebidos continuam a ser transmitidos por católicos”, refere Pedro Strecht.
A comissão criada pela Conferência Episcopal Portuguesa divulgou no início deste mês um “apelo ao testemunho” das vítimas, com depoimentos de personalidades da sociedade civil e da Igreja.
“Não podemos aceitar tanta indiferença e sofrimento, pelo que temos de fazer tudo para termos não só crianças como adultos mais felizes e com horizontes de mais dignidade”, referem Manuela e António Ramalho Eanes, ex-presidente da República.
A CI desafiou “um grupo de diversas personalidades das mais diversas áreas profissionais, sociais e contextos individuais, para que pudessem colaborar através da escrita de um pequeno texto ou até de uma simples frase sobre o que diria a alguém adulto que, em criança possa ter sido abusado sexualmente, para finalmente dar voz ao seu silêncio?”.
O padre José Manuel Pereira de Almeida, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, deixa um convite direto: “Não tenhas medo”.
Já Eugénio Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado e antigo responsável nacional da Cáritas, pede que as vítimas “rompam o silêncio que os oprime e falem às autoridades competentes, garantes da privacidade e da justiça”.
Nos primeiros meses de atividade, iniciada a 10 de janeiro, a comissão recebeu mais de 360 denúncias.
(Com Ecclesia)