Cuidar das vítimas e prevenir novos casos é a principal a tarefa da Comissão de Prevenção e acompanhamento de eventuais casos de abusos sexuais de menores em Angra
Acompanhar as eventuais vítimas de abusos e devolver-lhes sentido de vida é o principal objetivo da Comissão Diocesana de Prevenção e Acompanhamento de eventuais casos de abusos sexuais de menores e vulneráveis da Diocese de Angra, que esteve reunida no passado dia 3 de dezembro para definir metodologias de trabalho. O objetivo da Comissão diocesana, a segunda a ser criada no contexto das dioceses portuguesas, é dar-se a conhecer e apoiar todas as eventuais vitimas de abusos e pessoas vulneráveis em todas as ilhas do arquipélago, ouvindo e encaminhando para as autoridades competentes as queixas que possam surgir, adiantou ao Igreja Açores Lina Mendes a coordenadora da Comissão, que reúne representantes de três ilhas- São Miguel, Terceira e Faial- de diferentes áreas profissionais- advogados, professores, sociólogos, psicólogos e um teólogo-.
“Nesta reunião foi reforçada a ideia de que a comissão tem como principal missão o apoio e o acompanhamento das vítimas e não uma função de investigação. Essa compete às autoridades jurídicas e policiais”, afirma Lina Mendes salientando que uma das questões refletidas passou pela necessidade de, nos procedimentos, se garantir a privacidade do agressor e da vítima.
“Procurámos detalhar os procedimentos relativamente às denúncias anónimas, devendo fazer-se tudo para que o denunciante assuma a responsabilidade do que diz evitando que se dê aso a falsas denúncias. Por outro lado, deverá ter-se em atenção a data dos factos para que possamos, por um lado, agir criminalmente e, por outro, ajudar a vitima a recuperar”, esclareceu em declarações ao Igreja Açores.
“A Comissão devido à dispersão geográfica vai funcionar fisicamente nas três ilhas, como porta de entrada de eventuais casos de denuncias, sabendo que nas restantes ilhas serão estes elementos que irão fazer o acompanhamento de forma a que ninguém fique excluído”, disse ainda.
A coordenadora da Comissão adianta que este é um problema sério “que importa prevenir” e, mesmo sabendo-se que a maioria dos casos acontece no seio familiar, o grupo entende que a Igreja deve “estar atenta” a todos os casos.
“A Igreja enquanto instituição, e portadora dos valores cristãos, tem o dever e a obrigação de se responsabilizar de modo a ir ao encontro dos menores e dos mais vulneráveis de forma a prevenir que haja abusos”, refere.
“Dependendo dos casos a nossa missão será sempre encaminhar para o Ministério Público e para a Igreja, pois esta comissão não é uma entidade jurídica com competências de investigação”.
“Temos de estabelecer contactos, firmar protocolos, dando-nos a conhecer a várias entidades para que possamos cooperar” referiu ainda Lina Mendes, nomeando “escolas, comissões de proteção de menores e jovens em risco, misericórdias, entre outras.
Outra novidade é a aposta na formação seja do clero seja dos seminaristas de forma a que possam dar uma resposta mais cabal a situações desta natureza, reforçando a necessidade de formação.
Nesta reunião além dos membros efetivos participou também o Administrador Diocesano.