Com Pe Eurico Caetano.
Combater a desertificação e o envelhecimento a ocidente
A ilha das Flores, onde acaba a Europa e começa a América, tem pouco mais de 3900 habitantes e embora sejam na sua maioria católicos, com alguma prática religiosa dominical, a verdade é que os poucos jovens que ali ficam constituem uma preocupação para o novo ouvidor.
“Um dos principais desafios que a igreja tem neste lugar é o rejuvenescimento das suas comunidades. Para isso temos de ser capazes de cativar os jovens, fixá-los e envolvê-los na vida das comunidades” refere o Pe. Eurico Caetano de 35 anos.
O sacerdote, que está há três anos na ilha, dois como presbítero, sublinha a importância da igreja ser capaz de atrair os jovens, torna-los participantes e compromete-los nas comunidades. É um trabalho de formação para o qual estamos todos muito empenhados”, diz em declarações ao Igreja Açores que, conjuntamente com o programa de rádio, vai ouvir nas próximas semanas todos os 17 ouvidores que integram a diocese de Angra.
A ouvidoria das Flores possui 12 paróquias e quatro sacerdotes e um diácono permanente. Tem um modelo de gestão diferente das demais: desde 2005 que 11 paróquias são geridas in solidum sem que nenhuma destas esteja atribuída especificamente a um sacerdote. Apenas a Fazenda está atribuída a um sacerdote idoso.
“A ouvidoria pode dar um grande testemunho naquilo que é a caminhada in solidum que tem inúmeras vantagens sobretudo quando se tem muitas paróquias e poucos sacerdotes” reconhece o novo ouvidor, natural de São Miguel e ordenado há dois anos.
É também nas Flores que existem as paróquias menos povoadas, como é o caso de Mosteiro com apenas 29 pessoas.
A ilha é conhecida por dar muitas vocações seja ao nível do sacerdócio seja ao nível da vida religiosas consagrada. Ainda este ano viveu intensamente a ordenação do Pe. Jacob Vasconcelos, filho da terra que celebrou a sua missa nova na igreja de Ponta Delgada, lugar onde nasceu e despertou para fé.
“Testemunhos como o dele é que a igreja precisa” reconhece o Pe. Eurico Caetano que se envolveu muito na preparação desta ordenação, como os restantes colegas.
“O povo de Deus das Flores não é diferente do povo de Deus de outras comunidades e o que pretende de um sacerdote é que seja coerente na fé que professa e na sua vida. É isso que eu procuro fazer, tal como os meus colegas”, disse ainda o novo ouvidor que substitui o Pe. Ruben Medeiros que regressou a São Miguel.
“A igreja precisa que sejamos generosos, dando a vida ao serviço das comunidades; que sejamos testemunhas autênticas e alegres, com tempo para os escutar e confortar” refere o sacerdote que rejeita a ideia do “padre como funcionário da paróquia”.
“Vivemos tempos diferentes; a realidade é a que já todos conhecemos, por isso, o nosso desafio é sermos capazes de apresentar o evangelho numa sociedade em mudança, mesmo sabendo que muitas vezes iremos estar sozinhos”, conclui o sacerdote.
A ilha das Flores vive essencialmente do serviço primário- agricultura e pecuária- tendo alguns serviços.
A ilha foi encontrada em 1452 e o seu povoamento só terá começado em 1504, embora em 1480 haja registo da chegada de alguns povoadores.
A ilha divide-se em dois concelhos : o de Santa Cruz e o das Lajes.