CNE inicia comemoração do Centenário nos Açores

 

Foto: Igreja Açores/CR

VI INDABA “Desbravaremos o futuro juntos” reúne mais de 200 dirigentes açorianos

O bispo de Angra desafiou os dirigentes do Corpo Nacional de Escutas(CNE) a “puxar” pelos assistentes e, sobretudo, pelos jovens sacerdotes, que nunca passaram pela experiência do escutismo no Seminário devido ao encerramento do Agrupamento 114, do Seminário Episcopal de Angra, por falta de elementos.

“A Igreja precisa de vós dirigentes. É um tempo de grande necessidade para acreditar num mundo melhor e levar o ideal e a cultura escutista ao mundo”, afirmou D. Armando Esteves Domingues esta sexta-feira na abertura do VI INDABA Açores, que começou em São Migue reunindo mais de 200 dirigentes.

“Cada vez precisamos mais de gente que não se entretenha com a força das armas, que acredite num mundo melhor e possa fazer a diferença”, enfatizou ainda depois de lembrar a importância de alguns sacerdotes na história do escutismo, especialmente nos Açores, como o professor José Enes, Cunha de Oliveira ou monsenhor Weber Machado.

“Estes dirigentes ajudaram a multiplicar vocações e a espalhar o ideal escutista. Precisamos de olhar em volta e agir e vocês podem ajudar-nos” disse o prelado açoriano que deixou ainda um outro apelo.

“Não se contente, em subir ao alto, numa alusão a um pensamento de Pio XI, o Papa “alipinista”. Sejam capazes de desafiar a grandes aventuras” enfatizou o prelado que começou a sua intervenção a realçar o que tem sido a história do CNE no mundo, em Portugal e nos Açores, a onde completa 100 anos, imediatamente a seguir ao centenário do movimento em Portugal.

D.Armando Esteves Domingues, que é um dos assistentes nacionais do movimento, realçou a “inserção do escutismo nas comunidades” e valorizou o papel de “tantos homens e mulheres voluntários que deram tanto ao movimento e à sociedade formando jovens e contribuindo para um mundo melhor, quem sabe tantas vezes em prejuízo da sua própria vida pessoal”.

O prelado, que se dirigiu aos dirigentes escutistas em dois momentos- na sessão de abertura e no primeiro painel- O escutismo na região e o papel do CNE nos últimos 100 anos nos Açores-, pediu ainda “fidelidade aos princípios aceites nas promessas” do escuteiro.

“Que este INDABA reforce os católicos no escutismo no sentido de ajudar a Igreja a ser aberta”, afirmou.

“O Escutismo é para a Igreja uma janela aberta para o mundo, para uma aventura. Continuai a trabalhar para deixar este mundo melhor do que o encontrastes”.

Na sessão de abertura, com a presença do Diretor Regional da Juventude e do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, o Presidente da Junta de Núcleo Regional dos Açores do CNE, João Tavares lembrou que este reunião de dirigentes (INDABA) dá inicio formal às comemorações do centenário do CNE Açores.

“Temos metas claras e comprometidas e fazemos um convite à gestão partilhada” disse o dirigente lembrando que o obetivo é “fazer coisas com todos e não fazer coisas pelos outros e para os outros”.

“Só quando os nossos jovens sentirem este apelo e forem capazes de ser cidadãos empenhados e comprometidos na sociedade podemos ficar descansados”.

Depois da sessão de abertura, durante a qual ainda foram entregues insígnias a vários dirigentes pelo trabalho em prol da formação, Pires Luís, antigo dirigente regional lembrou que no passado “havia dificuldades” desde logo porque não existiam agrupamentos em todas as ilhas e a geografia ditava o afastamento.

“A relação, a amizade, a partilha eram difíceis. Cada um vivia o escutismo fechado e separado pelo mar, à sua maneira”, disse o ex dirigente regional, sublinhando que a região hoje “está diferente “ e os escuteiros “estão mais unidos”.

“O mar, que antes parecia separar-nos agora une-nos. Há ideias partilhadas e isso traz uma dinâmica escutista mais próxima e comum”, referiu sem deixar de ressalvar que hoje o movimento se encontra “numa encruzilhada”.

“Poderíamos ter 125 agrupamentos e temos cerca de 70 ativos, mas alguns em riscos de fechar”.

“Esta falta de dinamismo local, sobretudo ao nível das paróquias, é preocupante”, disse e resulta “da incapacidade das pessoas em assumir compromissos mais duradouros”.

“A culpa não está dentro do movimento mas em recrutar adultos capazes que queiram dedicar-se ao ideal escutista”, concluiu.

Já João Gonçalves, atual presidente da Mesa do Conselho Nacional do CNE e antigo presidente do Comité Mundial do Movimento ( o primeiro e único português até ao momento) apresentou o principal desafio da organização em Portugal e nos Açores: “criar ambientes de aprendizagem  com sentido, onde os jovens aprendem coisas e aprendem a fazer coisas. A experiência em primeira mão é muito importante e nós podemos proporciona-la”, conclui.

O VI INDABA que termina este domingo reúne dirigentes de todas as ilhas em busca de novos caminhos para “Desbravar o futuro juntos”.

Ao todo são 15 intervenientes em painel a acrescentar dois momentos de oficina sobre “Afetividade/Assertividade na comunicação, Sustentabilidade, Apoios financeiros e sustentabilidade dos agrupamentos ; O valor do Imaginário na atividade Escutista e a Dimensão Internacional das Atividades Escutistas”.

Haverá ainda 5 oficinas temáticas: “Animação e vivencia da fé; Prevenção e segurança nas atividades; Gestão e planeamento ao nível do Agrupamento;  Diversidade e Inclusão no CNE – O valor da diferença e Ferramentas pedagógicas e recursos educativos”.

 

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