Clero da Terceira protesta junto do Presidente do Governo Regional contra programação do Museu de Angra

O voto de protesto insurge-se contra espectaculo de dança do ventre na Igreja de Nossa Senhora da Guia

O Clero da ilha Terceira está indignado com alguns dos espetáculos promovidos pelo Museu de Angra do Heroísmo e apresentou um voto de “protesto e repúdio junto do Presidente do Governo Regional dos Açores, apurou o Sítio Igreja Açores, esta quarta feira.

Em causa está, concretamente, a realização, no passado dia 30 de agosto,  de um espetáculo de dança do ventre na Igreja de Nossa Senhora da Guia, que integra o Museu de Angra do Heroísmo e que é propriedade da Ordem Terceira Franciscana Secular.

“Uma Igreja é um espaço sagrado construído para uma finalidade bem concreta e definida e não para sala de espectáculos” diz o voto que é assinado pelo Ouvidor Eclesiástico da ilha Terceira, Pe António Henrique Pereira, sublinhando, ainda que “a Igreja de Nossa Senhora da Guia está aberta ao culto católico onde a Ordem Terceira Franciscana Secular realiza regularmente cerimónias litúrgicas”.

De acordo com o comunicado “a Igreja é um dos melhores e mais bem conservados templos barrocos dos Açores com uma arquitectura integrada no espírito da Contra-reforma Tridentina. Seria muito louvável que, para além dos actos litúrgicos, servisse de local de interpretação do que foi a liturgia do Rito Romano saído do Concílio de Trento e não como sala de espectáculos ou de meras exposições”.

O comunicado da ouvidoria da ilha Terceira destaca, ainda, que o protocolo estabelecido entre a Região e a Ordem Terceira Franciscana Secular sobre o uso daquele Templo “não está a ser cumprido pelos responsáveis do Museu de Angra do Heroísmo”.

Também esta quarta feira, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP, Félix Rodrigues questionou o Governo Regional, sobre “se as autoridades eclesiásticas competentes deram autorização aos departamentos governamentais regionais para a realização de espetáculos diversos no interior da Igreja de Nossa Senhora da Guia, do Museu Regional de Angra do Heroísmo, conforme estipula a Concordata estabelecida entre a República Portuguesa e a Santa Sé”.

O deputado popular quer saber “se a realização de atividades como “escalada, rumba e dança de ventre”, alegadamente no âmbito do plano de atividades do Museu de Angra, cumprem  as diretrizes da Concordata de 18 de Maio de 2004”.

Em causa está a realização deste tipo de atividades (escalada, rumba e dança do ventre) no interior da Igreja de Nossa da Guia o que, segundo o parlamentar popular, “corresponde a uma postura de afronta e ofensa à maioria dos açorianos, que professam maioritariamente a religião católica”.

O Museu de Angra do Heroísmo tem promovido no âmbito da sua programação, uma série de atividades para este espaço que têm “caído mal” junto da população angrense.

A gota de água parece ter sido o espetáculo de dança integrado na programação “Outras Músicas/Outras Danças”, realizada no âmbito da dinami­zação da exposição Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico.

No passado dia 9 de setembro, Mário Cabral, colunista do Diário Insular, e um dos principais rostos da Ordem Terceira Franciscana Secular nos Açores insurgiu-se contra esta programação confessando-se “indignado”, referindo-se às opções de programação para aquele espaço como uma “questão de valores culturais”.

O voto de protesto que seguiu esta quarta feira para as mãos do Presidente do Governo Regional; vasco Cordeiro, foi aprovado em reunião de ouvidoria, que se realizou na passada segunda feira, como é tradição do Clero terceirense.

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Clero terceirense
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