Além de um mural pintado e da participação num momento de adoração e outro de Eucaristia, as crianças do 5º e 6º anos da catequese ouviram falar de Missão através do testemunho de quatro congregações religiosas
A celebração da Infância Missionária juntou em São Vicente Ferreira este domingo centena e meia de crianças dos 5º e 6º anos da catequese da ilha de São Miguel.
As crianças começaram o dia com um momento de adoração eucarística seguindo-se o visionamento de um filme sobre as missões, uma oportunidade para quatro congregações religiosas mostrarem o seu carisma e testemunharem o sentido da missão.
O desafio lançado à Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) pela equipa do Serviço Diocesano da Catequese em São Miguel envolveu as Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, que têm uma comunidade no Nordeste, onde estão presentes no lar de Idosos; as Irmãs da Santa Face; as Irmãs de São José de Cluny, que orientam o Colégio de São Francisco Xavier em Ponta Delgada e as irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, que servem na Casa de Saúde de Nossa Senhora da Conceição, dedicada ao acompanhamento de doenças do foro mental.
“Onde nós estamos podemos fazer o bem, desde que o façamos com o coração. Como congregações, com um carisma missionário, dar a conhecer e dar visibilidade a esta realidade das missões além mar é também uma oportunidade de evangelização” disse ao Sítio Igreja Açores a irmã Almerinda, superiora da comunidade de São José de Cluny de Ponta Delgada.
“É claro que onde estamos podemos ser missionárias mas também este lado de alguma radicalidade, de estarmos disponíveis para partimos para onde quer que seja importante, é também relevante” sobretudo, “dizer isso a crianças que se estão a formar”, sublinha a religiosa.
“Levo daqui uma convicção mais profunda de que Cristo está vivo hoje em cada criança, em cada família e em cada catequista; esta igreja local está viva e saborear esta vivência é importante”.
O tema das missões está sempre presente no plano formativo de valores do Colégio de São Francisco Xavier, segundo o lema da sua fundadora de fazer o bem onde ele é preciso.
“Em pequenos gestos de voluntariado, quer no colégio quer nas missões que propomos aos nossos jovens” refere a Irmã Almerinda destacando que “o importante é transmitir às crianças que o outro conta e que nós temos de sair de nós mesmos, do nosso mundo, para ir ao seu encontro”.
“Somos missionários a onde estamos quer com as crianças, os idosos e é muito importante sermos missionários na oração. A missão em si, a evangelização, sem oração é vazia; é precisa oração, oração, oração se não a missão fica vazia” conclui a religiosa.
“É este entusiasmo pela missão que queremos transmitir a estas crianças” refere por seu lado a Irmã Olguete, da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.
“É um empenho que temos em qualquer idade e em qualquer lugar. Fazemos tudo pela missão, era o que a nossa fundadora tinha presente”.
“Trazer um testemunho missionário da nossa vida é desafiador, porque todos os dias estamos em missão e o objetivo foi mostrar que podemos ser missionários em diferentes circunstâncias” salienta a Irmã Virginia, das Irmãs da Santa face.
“A Missão hoje, mais do que nunca, passa por estar presente. Podemos mostrar filmes, vídeos, usar as redes sociais, mas a missão faz-se no concreto com a presença no meio dos jovens e das crianças, no meio da comunidade” acrescenta.
“A nossa missão nasceu de uma necessidade das mulheres que andavam na rua e não tinham quem as tratasse. Dar-lhes dignidade, recuperando a saúde da alma e do corpo, dar um novo rosto e uma nova esperança” é a nossa Missão referiu, por sua vez, a Irmã Maria José, das Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus.
Um dos pontos altos deste encontro, em que as crianças da catequese entregaram os seus mealheiros, fruto da renuncia que fizeram no Advento, foi a pintura de um mural, onde deixaram a sua marca.
Margarida Resendes, do 6º ano, desenhou uma casa.
“A nossa ilha é um lar onde ainda há paz e eu sou feliz por isso. Daí ter pintado uma casa”, disse ao Sítio Igreja Açores.
Já o Luís Miguel, do 5º ano, pintou um coração: “para mim significa amizade e felicidade e é o que sinto por estar aqui”.
Da parte de tarde, e depois de um almoço partilhado as crianças, foram convidadas a participar numa Eucaristia presidida pelo responsável pela catequese na ilha de São Miguel, o padre Carlos Simas.
No próximo ano a Vigília pelas missões, que acontece sempre em outubro, terá lugar na ouvidoria dos Fenais da Vera Cruz e o dia da Infância Missionária será celebrado no Nordeste, a única ouvidoria de São Miguel que ainda não recebeu esta celebração.
Os mealheiros missionários vão apoiar projetos das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), em três países de África, dois são lusófonos: Guiné-Bissau, Moçambique, Sudão do Sul.
Em Moçambique, na Escolinha de Chibomgue vão renovar o infantário com quatro salas de aula e um escritório, para 60 crianças de 3 aos 6 anos, e na Guiné-Bissau, construir um Jardim de Infância, para cerca de 300 crianças dos 5 aos 5 anos de idade, em Bafat, a cerca de três quilómetros de Bafatá; no Sudão do Sul vão dar apoio alimentar às crianças da Paróquia da Santíssima Trindade, em Toligamago.
A Obra da Santa Infância – Obra Missionária Pontifícia – foi fundada pelo bispo francês Carlos de Forbin-Janson a 19 de maio de 1843, e a sua primeira direção fixou três objetivos para este projeto: “Salvar as crianças da morte e da miséria; batizá-las e dar-lhes educação cristã; prepará-las para serem apóstolos das crianças”.
No dia 1 de outubro de 2023, o Papa Francisco divulgou uma mensagem por ocasião do 180º aniversário da fundação da atual Obra Pontifícia da Infância Missionária, destacando a importância da oração dos mais novos na construção da paz.