Celebração dos 500 anos do Convento de São Francisco será momento de “valorização da espiritualidade franciscana, que é atual, e pode ser vivida através de linguagens contemporâneas”

Padre Duarte Melo e Pedro Gomes, da equipa da pastoral da cultura da paróquia, apresentaram esta manhã o programa que se estende até 2025 e constitui uma espécie de pórtico das comemorações dos 500 anos da diocese de Angra, em 2034

A Paróquia de São José, de Ponta Delgada, inicia, no próximo dia 17 de Março de 2024, as comemorações dos 500 anos da edificação do Convento de São Francisco, que se prolongarão até ao final de 2025, coordenadas pela Equipa da Pastoral da Cultura desta Paróquia.

As comemorações, que têm o alto patrocínio das presidências da República e do Governo Regional dos Açores, sendo a Comissão de Honra presidida pelo bispo Angra, D. Armando Esteves Domingues, inserem-se na celebração dos 500 anos da Diocese de Angra e evocam o “papel da Igreja Católica nos Açores, na afirmação da identidade do povo açoriano, na dimensão religiosa e espiritual, mas também, cultural, artística e intelectual” referiu o padre Duarte Melo na intervenção que proferiu esta manhã na conferência de imprensa de apresentação do programa comemorativo.

“Celebrar a fundação do convento de São Francisco é uma proposta de evangelização e pensamento da fé através da cultura, das artes e das ciências sociais e humanas, num processo de diálogo com todos, de uma Igreja de portas abertas para a espiritualidade contemporânea, para a partilha do belo, da palavra, das sensações e das emoções” disse ainda o pároco ao lembrar que esta comemoração tem subjacente, também, “a  afirmação e valorização da espiritualidade franciscana que é muito atual- recorde-se o tema da ecologia- dando-lhe uma linguagem contemporânea”.

“O que falta porventura nos Açores é espiritualidade; temos muita religiosidade, a religiosidade popular , falta muita espiritualidade” disse ainda o sacerdote já fora da leitura do documento inicial, em resposta aos jornalistas.

“Esta comemoração apela a que haja uma sensibilização dos agentes culturais e da própria  Igreja no sentido de  saber cuidar mais e melhor do seu próprio património que é um tesouro que temos” referiu ainda, sublinhando que “este tesouro deve ser vivido e experimentado por todos”.

Foto: Igreja Açores/CR

“O património é a base da identidade; cuidar dele com cuidado e critério é uma missão de todos” enfatizou elencando “o estudo, a recuperação, a preservação e a conservação” como etapas de um itinerário que liga o conhecimento aos afectos.

Questionando sobre a envolvência deste templo, que aquando da sua construção se situava geograficamente na periferia da cidade e que hoje integra diferentes periferias humanas como os sem abrigo e indigentes, muitos deles dependentes de drogas e álcool, o sacerdote afirmou que esta “nova realidade humana da cidade” obrigará “a uma nova orgânica pastoral” da Igreja,  que terá de ter “um olhar abrangente sobre este território”.

“A Igreja não pode estar presa a rotinas nem ao passado se não perde a `graça´(graça de Deus). Temos de saber sonhar e este projecto é um projecto de sonho”, disse ainda.

As celebrações iniciam-se com uma Solene Celebração Eucarística, no dia 17 de Março, às 11H00, na Igreja de São José, presidida pelo Bispo de Angra, ocasião em que se celebrará o padroeiro da Paróquia, São José e estará igualmente presente o responsável pela Província Portuguesa da Ordem Franciscana- Ordem dos Frades Menores, Frei Fernando Valente da Silva Mota.

O programa comemorativo compreende a realização de um ciclo de conferências, coordenadas por uma Comissão Científica liderada pela professora Rute Gregório, da Unievsridade dos Açores e responsável pela Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja.

No dia 21 de março, pelas 20h30, na Igreja de São josé, terá lugar a confer~encia inaugural, sob o tema “Ordens de São Francisco: regra, religiosidade e património”, que terá como oradores Duarte Nuno Chaves e Margarida Lalanda, da Universidade dos Açores, investigadores do CHAM- Universidade dos Açores.

A Igreja de São José acolherá,  ainda, três concertos, durante o tempo das comemorações, envolvendo o Coral de São José e outos músicos, “como forma de valorizar a sonoridade e a beleza do mais importante órgão histórico dos Açores”, construído por Joaquim António Peres Fontanes, em 1797.

“A Igreja de São José tem um riquíssimo património artístico – peças religiosas de diversa natureza, alfaias, quadros, vestes litúrgicas ou paramentos – que será exposto num circuito visitável, no espaço da própria Igreja de São José e na sua sacristia” referem ainda os organizadores.

O circuito visitável da Igreja de São José será inaugurado em Abril de 2025, data em que também será aberto o Núcleo de Liturgia e Música, que será um espaço que reunirá, em modo visitável, diversos objectos litúrgicos e musicais integrados no espólio artístico da Igreja de São José.

No plano das edições, o programa de comemorações prevê a actualização e reedição da obra “Igreja Paroquial de São José, Nossa Senhora da Conceição: Património Móvel e Integrado”, da autoria do padre Duarte Melo, Ana Maria Fernandes e Pedro Pascoal F. de Melo, editada pela Paróquia de São José, em Janeiro de 2013.

As conferências realizadas no decurso do programa comemorativo serão editadas num livro de actas das conferências e será feita a edição, em livro, das “Conversas na Sacristia”, que se realizam periodicamente na sacristia da Igreja de São José, desde Março de 2023 e que “são um espaço de reflexão plural, aberto a crentes e não crentes”.

Será endereçado um convite a um conjunto de 10 a 15 artistas plásticos para a criação de uma peça inspirada no espírito das comemorações, as quais serão reunidas numa exposição de arte moderna a realizar em Ponta Delgada, em Setembro de 2025.

 

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