Catorze paróquias da ilha de São Miguel vão receber missionários durante este fim de semana

Os animadores missionários dos Institutos Missionários Ad Gentes que se dedicam à missionação em Portugal estiveram reunidos em Assembleia Nacional em Ponta Delgada entre os dias 4 e 7 de novembro

Foto: Igreja Açores/CR

Cerca de duas dezenas de missionários foram hoje enviados em missão para 14 paróquias da ilha de São Miguel, depois de terem participado durante os últimos quatro dias na Assembleia Nacional dos Animadores dos Institutos Missionários Ad gentes que se dedicam à animação missionária em Portugal (ANIMAG).

O envio foi feito pelo bispo de Angra, numa celebração participada por cerca de meia centena de missionários, a que se juntaram os sacerdotes e membros das comunidades de acolhimento a onde entre esta quinta-feira e domingo residirão alguns destes missionários que irão animar catequeses, celebrações eucarísticas, visitarão doentes e darão testemunho da sua vocação.

“Mais do que fazer é preciso ser: ser presença na pastoral e desenvolver a pastoral da escuta e da presença. Esta é a melhor oferta que podemos fazer ao mundo de hoje. A escuta e o silêncio que possamos proporcionar é, porventura, a forma mais eficaz de mostrar que o exemplo de Cristo nos cativa e é hoje a grande resposta num mundo de tanto ruído” afirmou ao Sítio Igreja Açores o padre Igor Oliveira, presidente cessante da Direção dos ANIMAG.

“É preciso uma mudança de paradigma. Nós estamos habituados a uma cultura de Cristianismo assente na razão e hoje precisamos mais de coração, de presença, de proximidade” refere ainda o sacerdote.

“Às vezes queremos andar ao ritmo da sociedade e daquilo que a sociedade pensa, mas na verdade nós somos diferentes e a grande resposta alternativa que a Igreja pode dar é esta  pastoral da presença que não implica fazer mas estar, não implica impor mas escutar”, conclui.

Este é, de resto, o lema da nova direção que acaba de ser eleita para um período de três anos. A nova direção é presidida pela Irmã Maria Luísa Lopes, religiosa das irmãs Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, acompanhada da irmã Fernanda Martins,  das Franciscanas Missionárias de Maria, da Irmã Esperança de Sousa, das irmãs Concepcionistas ao serviço dos pobres e do padre Rui ferreira, dos Missionários da Boa Nova.

A reflexão desta Assembleia centrou-se na Eucaristia, o banquete para o qual somos convidados mas do qual somos também enviados em missão, “sobretudo para as periferias” como sublinha a nova responsável por este grupo.

“Os mais esquecidos têm de ser sempre a nossa prioridade” referiu a Irmã Maria Luísa Lopes.

Foto: Igreja Açores/CR

“Viemos a uma região ultraperiférica; a próxima poderá ser em bragança, uma região recôndita, a onde sinalizaremos novamente que não importa a distância, temos é de estar e de caminhar juntos, com Cristo no meio”, refere por seu lado o padre Rui Ferreira.

“Esta nova direção quer trabalhar em conjunto e esta missão Animag tem de se preocupar em escutar, dialogar e comunicar para estabelecer relação, pois o  testemunho dos missionários é muito importante”, refere por sua vez a Irmã Esperança Sousa.

Colocando o acento tónico nos desafios da nova evangelização, neste mundo dorido pela guerra e pelas dificuldades, a Irmã Fernanda Martins reforça que o objetivo “não é fazer coisas, mas estar ao serviço, ser presença. Temos de sair da nossa bolha”, refere.

Este foi também o testemunho do padre Norberto Brum, pároco de Nossa Senhora de Fátima a paróquia mais nova dos Açores,  que sugere mais criatividade e imaginação para anunciar Jesus. A partir da religiosidade popular, o sacerdote que esta manhã animou a Assembleia,  falou do império do Espírito Santo, em que todos se sentam à mesa do banquete, sem que se lhes pergunte de onde vêm e porque vêm.

“O grande desafio é sermos uma  Igreja mais próxima das realidades, que toque menos o sino e que vai ao encontro, que manda menos papeis mas dialoga mais e que seja mais afetiva e que parta da pessoa para a comunidade”, disse ainda.

“Habituámo-nos a resolver tudo à nossa maneira, esquecendo-nos que é o Espírito Santo que conduz. Onde está um cristão tem de haver missão” adianta sublinhando que estão todos convidados para a missão, que tem de ser desenvolvida de forma alegre.

“Queremos missionários felizes, portadores de esperança”, concluiu.

Foi também de esperança que falou D. Armando Esteves Domingues, que presidiu à Missa de envio dos missionários para as diferentes paróquias micaelenses.

“Obrigada por terem vindo celebrar os 490 anos da diocese. Estamos felizes por esta celebração ser aqui; quando se celebra a Igreja celebra-se a missão” disse o bispo de Angra pedindo aos missionários que deixem o Espírito Santo atuar.

“Uma das coisas que temos de aprender é a escutar, a viver a conversação do espírito, escutando-nos uns aos outros”.

“Jesus viu a multidão e compadeceu-se e  começou a ensinar muitas coisas. Só depois deu de comer para saciar a fome. Primeiro estabeleceu relação e foi na comunhão, que partilhou o pão. Só assim se combate a lógica material que o mundo impõe”, disse o prelado que recordou o documento final do sínodo para enfatizar que agora, quando as conclusões chegarem às dioceses “é que começa tudo”.

“O Papa é claro, não há como evitar este caminho”, referiu.

“Tudo acontece depois da comunhão com Cristo”, disse ainda.

“Sejamos missionários da esperança. Demo-nos por inteiro e façamos comunhão. A Igreja precisa de descobrir a verdadeira dimensão missionária”, concluiu pedindo a paz para diferentes lugares do mundo como África onde “tantos missionários ficaram quando todos saíram”, para os páises que vivem a guerra ou aqueles que querem ser grandes mesmo que tenham de esmagar os outros para afirmar a sua grandeza, “rezemos por todos eles para que vivam a paz”.

O grupo de Missionários da Boa Nova desloca-se também à Terceira, no  dia 10 de novembro, para apresentar a revista Boa Nova, feita pela Sociedade Missionária, e que este ano celebra o seu centenário. O encontro no Seminário Episcopal de Angra começará às 15h00 com uma intervenção do diretor da publicação, seguida de um vídeo alusivo à efeméride. Os cem anos da Revista Boa Nova serão ainda assinalados com testemunhos e um pedido expresso para que haja uma maior divulgação da publicação no arquipélago. A entrada nesta sessão é livre.

“Será uma oportunidade para conhecer o trabalho desenvolvido pelos Missionários da Boa Nova em Portugal e no mundo inteiro”, refere uma carta enviada ao Sítio Igreja Açores.

Os Missionários da Boa Nova pretendem “alargar os horizontes da missão até aos confins da terra, educando à mundialidade e solidariedade, aos valores da justiça e da paz e integridade da criação”, refere a sua página online.

A última Assembleia Geral do ANIMAG realizou-se na Casa das Irmãs de S. José de Cluny, em Torres Novas, tendo contado com cerca de meia centena de membros de Institutos Missionários Ad Gentes, incluindo também Superiores Maiores (Gerais e Provinciais), bem como o diretor das Obras Missionárias Pontifícias.

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