A Igreja Católica celebra hoje a Sexta-feira Santa, dia em que evoca a morte de Jesus, este ano com uma intenção especial pelos doentes, pelos defuntos e os que sofreram alguma perda por causa da pandemia.
“Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as padece são indivíduos, famílias e populações já provados pela pobreza, calamidades ou conflitos, a Cruz de Cristo é como um farol que aponta o porto aos navios ainda a flutuar num mar tempestuoso”, disse o Papa, na catequese que dedicou esta semana ao Tríduo Pascal 2021.
Francisco apresenta a Sexta-feira Santa como “um dia de penitência, jejum e oração”.
“a intensidade do rito da ação litúrgica ser-nos-á apresentado o Crucifixo para adorar. Ao adorarmos a Cruz, reviveremos o caminho do Cordeiro inocente, imolado para a nossa salvação. Teremos na mente e no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo; recordaremos os ‘cordeiros imolados’, vítimas inocentes de guerras, ditaduras, violência diária, abortos…
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) cita-se uma indicação do Missal Romano – “em caso de grave necessidade pública, pode o ordinário do lugar autorizar ou até decretar que se junte uma intenção especial” -, para pedir que cada bispo introduza na oração universal uma intenção dedicada à crise da Covid-19.
As orientações para a cerimónia desta tarde determinam ainda que “o ato de adoração da Cruz mediante o beijo seja limitado só ao presidente da celebração”.
A Igreja Católica evoca a morte de Jesus, num dia de jejum para os fiéis, que não celebram a Missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.
A principal celebração decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido, nas igrejas desnudadas desde a noite anterior.
Ao entrarem, em silêncio, os presidentes da celebração prostram-se, bem como os demais ministros, em sinal da morte de Cristo.
A parte inicial da celebração, a Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, a grande oração universal, tradicionalmente com dez intenções – este ano, 11 – que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade.
A adoração à cruz e os vários momentos de oração apresentam-se como momentos de penitência e de pedido de perdão.
Durante a celebração da Paixão do Senhor há o rito da adoração, mas este ano omite-se o beijo devocional da Cruz, por razões de saúde pública; o sacerdote que preside à celebração está paramentado com a cor vermelha, que a liturgia católica associa aos mártires.
Este ano, em Portugal, foram suspensas as procissões do enterro do Senhor e a celebração pública da Via-Sacra, que reproduz os momentos da prisão, julgamento e execução de Jesus, os quais inspiram recriações da Paixão, as Procissões do Encontro e do Senhor Morto.
No Vaticano, o Papa vai presidir à Via-Sacra (21h00 de Roma) na Praça de São Pedro, pelo segundo ano consecutivo, em vez da tradicional deslocação ao Coliseu de Roma.
Francisco confiou as reflexões da Via-Sacra de Sexta-feira Santa a um grupo de escuteiros da Úmbria, região central da Itália, e à paróquia romana dos Santos Mártires de Uganda, com meditações que vão ser acompanhadas por desenhos de crianças da capital italiana, anunciou hoje o Vaticano.
As imagens que acompanham as 14 estações – os momentos do julgamento, condenação e morte de Jesus Cristo – são este ano desenhos feitos por crianças e jovens da casa-família “Mater Divini Amoris” e “Tetto Casal Fattoria”, ambas de Roma, a primeira dirigida pelas religiosas das Filhas de Nossa Senhora do Divino Amor e a segunda fundada por uma associação de voluntários.
O portal de notícias do Vaticano destaca a decisão do Papa de apresentar ao mundo “meditações e desenhos de algumas crianças e jovens, entre 3 e 19 anos” numa das cerimónias da Semana Santa, acompanha por milhões de pessoas em todo o mundo.
(Com Ecclesia)