Cáritas das ilhas Terceira e São Miguel estão no terreno
A Semana nacional da Cáritas, que decorre até domingo, quer ser uma oportunidade de alerta para as realidades mais desfavorecidas em cada uma das comunidades da diocese de Angra, apelando à solidariedade dos açorianos no peditório de rua, entre 5 e 8 de março.
Intitulada “ Num só coração uma só família humana”, esta semana visa chamar a atenção para o problema da pobreza e, simultanemanete apelar à generosidade das pessoas que em regra “não diminuiu apesar de haver algum cansaço” reconheceu ao Sítio Igreja Açores, a responsável diocesana da Cáritas, Anabela Borba, numa recente entrevista a propósito do Programa Terra Nostra, uma das estratégias encontradas pela organização na ilha Terceira para fazer face ao problema da empregabilidade jovem.
Nos Açores, os núcleos da Terceira e São Miguel são particularmente ativos.
A Terceira vai assinalar a semana com uma série de iniciativas. A primeira delas começou esta segunda feira e prolonga-se até quarta feira. A Cáritas da ilha Terceira convidou uma série de personalidades para deixar a sua impressão digital numa tela inacabada, exposta na Ermida de Nossa Senhora da Saúde, na Praça Velha, em Angra do Heroísmo, como símbolo do compromisso na luta contra a pobreza.
A iniciativa contou esta segunda feira com a presença, entre outros, da Secretária Regional da Solidariedade e Segurança Social e dos presidentes das câmaras de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória. Amanhã será a vez dos dirigentes da IPSS´s da ilha e, na quarta, as crianças dos colégios de Angra. Nos restantes dias da semana nacional será feito o peditório.
“Cada Cáritas tem autonomia para celebrar esta semana, mas estamos todos unidos no mesmo lema e no mesmo objetivo que é ajudar quem precisa”, disse ao Sítio Igreja Açores a responsável diocesana, Anabela Borba.
A Cáritas da ilha Terceira, para além da Unidade de Apoio Social dispõe de um Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil que dá apoio a cerca de 300 jovens, para além do centro de formação que está a desenvolver neste momento o Projecto Terra Nosta, virado para a empregabilidade dos jovens.
“Este é um pequeno caminho no âmbito da igualdade de oportunidades para todos, mas é só um; naturalmente que haverá outros, embora estreitos porque nesta área da intervenção social os caminhos são cada vez mais estreitos”, reconhece a dirigente.
Segundo Anabela Borba, a própria Cáritas sabe “por experiência própria” que “não são possíveis respostas em massa, mas sim em pequenos grupos pois o mercado trabalhado não tem capacidade para encontrar respostas que deem solução a este problema do desemprego”.
De resto, a situação “tem-se avolumado nos últimos tempos” e é cada vez mais de “difícil resolução”.
“Os problemas são mais pesados porque não se trata só de jovens como estes que atendemos, mas de famílias” diz a dirigente da Cáritas sublinhando o facto de a “população estar muito cansada de dar” e, por outro lado, quem precisa “não consegue sair do sistema e por isso precisa de assistência prolongada”.
“Apesar das tentativas do governo para minimizar, a situação é muito complexa”, conclui Anabela Borba.
Também em São Miguel vai decorrer o peditório de rua. Atualmente, a Cáritas da ilha atende cerca de 400 pessoas durante o mês, de forma regular, “mais do que em qualquer outra altura”.
“Por um lado, continua-se a manifestar necessidades no domínio primário, ou seja, ao nível das necessidades básicas como alimentação, saúde, vestuário e habitação, por outro lado, atualmente, verificam-se outras necessidades que se identificam com a grande necessidade de apoio financeiro para fazer face a despesas como empréstimos de habitação ou créditos pessoais” disse numa entrevista ao Sítio Igreja Açores José António Gomes, responsável pela Cáritas da ilha.
“Há uma década atrás não encontrávamos este problema conjuntural tão interligado com o fenómeno da pobreza, daí que se fale numa nova classe de pobres”, sublinha.
Face a esta nova realidade, a Cáritas de São Miguel tem procurado, nos últimos anos, estabelecer novas parcerias com diversas entidades institucionais e privadas, através das quais tem sido possível alargar o âmbito das respostas ao nível do apoio financeiro e da alimentação. Nos dois últimos anos, através das campanhas de recolha de alimentos, tem sido possível alargar o numero de apoios em alimentação.
“Apesar de constatarmos que os meios disponíveis não são suficientes para fazer face a todos os pedidos vamos dando resposta em função dos recursos existentes”, adianta José António Gomes, que não poupa elogios às parcerias desenvolvidas na comunidade.
“Com os recursos disponiveis, procuramos dar as respostas adequadas às necessidades emergentes, como tem sido o apoio para óculos e próteses através do Fundo Social Solidário, à alimentação, à habitação e ao vestuário entre outros”.
No Dia Nacional da Cáritas, 8 de março, terceiro domingo da Quaresma, o peditório em todas as igrejas vai ser entregue à Cáritas dessa diocese, para “acudir às necessidades dos nossos irmãos que nos estão mais próximos”, esclarece. Nos Açores a coleta das missas dominicais reverte a favor da Cáritas diocesana.