O cardeal português D. José Tolentino Mendonça pediu hoje, no Vaticano, uma maior valorização da dimensão religiosa na informação, destacando a “força” das imagens do pontificado de Francisco.
“A religião continua a ser uma chave determinante para entender o presente. Não se entende o presente sem a religiosa, não se entende a cultura removendo a dimensão religiosa e espiritual”, referiu, num encontro com profissionais portugueses da comunicação, que participam nas celebrações do Jubileu dedicado a este setor.
O prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé) falou do Papa como “alguém que aposta continuamente na comunicação”, na “qualidade daquilo que tem para transmitir”.
Para o cardeal português, existe o perigo da “terraplanagem” no jornalismo, limitado a “duas ou três agendas”.
“Nesse sentimento de inconformismo, nós somos aliados”, assinalou.
D. José Tolentino Mendonça assumiu o desejo de um “relevo noticioso maior” para o que a Igreja tem a transmitir, falando na necessidade de um “trabalho de persuasão”.
“A Igreja é um aliado da sede, do desejo de sentido e liberdade que as pessoas transportam no seu coração”, observou, apontando ao tema do Jubileu 2025, dedicado à esperança.
O responsável católico aludiu ao papel que a Igreja desempenha em várias partes do mundo, com uma “credibilidade muito ampla”, em campos como a educação.
“Há uma rede de confiança, uma rede de serviço que a Igreja desenvolve e é fundamental”, acrescentou.
O colaborador do Papa considerou que existe “um sopro de novidade, no magistério de Francisco” e um “grande trabalho no desarmamento dos corações”.
“Este Papa que fez da comunicação e do diálogo com os jornalistas uma biblioteca ; é um pastor que trás dentro de si a força regeneradora da esperança”, disse.
O cardeal Tolentino Mendonça falou de “uma crise das democracias”, apontando o dedo à atuação de forças transnacionais que colocam em causa as instituições.
A reflexão abordou, em particular, a “força das imagens novas, imagens que ele produziu, transmitiu, coreografou”, como aconteceu na oração durante a pandemia, na Praça de São Pedro, ou na última Assembleia do Sínodo dos Bispos.
Jornalistas, colaboradores de jornais, de rádios e de gabinetes de imprensa, assim como responsáveis pelo setor da comunicação na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) estão a participar no Jubileu do Mundo das Comunicações, entre hoje e domingo, em Roma.
“Normalmente os jornalistas assistem, interpretam e dão a notícia de coisas que outros vivem. Este Jubileu coloca-vos como protagonistas”, observou o cardeal português.
Para D. José Tolentino Mendonça, esta é uma “grande experiência espiritual”, que se liga a um magistério que tem conseguido “injetar esperança”.
“O Papa tem feito um grande trabalho de desarmamento dos corações e hoje é cada vez mais verdade que as religiões estão ao serviço da paz. Um quinhão de esperança que hoje vivemos deve-se à profecia das palavras do Papa Francisco”, disse ainda.
A presença do grupo de Portugal começou com um diálogo sobre o tema ‘Francisco, um pontificado de esperança’, com a presença da primeira mulher responsável por um Dicastério na Cúria Romana, a irmã Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica,
A religiosa destacou a “dimensão simbólica” desta nomeação, que “abre uma reflexão, um diálogo, abre pistas”.
Já o padre Antonio Spadaro, subsecretário do Dicastério para a Cultura e Educação, falou do Papa como alguém “sempre disponível ao diálogo”, tanto no plano geopolítico como a nível das Igrejas cristãs.
“Num mundo fraturado há sempre uma perspetiva de diálogo e esta postura de Francisco faz dele um líder religioso confiável com quem todos podem dialogar e com simplicidade é sempre uma porta aberta ao diálogo”, disse.
“É o único líder religioso com quem todos podem falar”, declarou.
Milhares de jornalistas e comunicadores peregrinos estão em Roma para atravessar a Porta Santa, encontrar-se com o Papa e participar em várias iniciativas religiosas e culturais.
O acolhimento tem lugar esta tarde, na Basílica de São João de Latrão, com uma liturgia penitencial seguida da Missa internacional da festa de São Francisco de Sales, presidida pelo cardeal Baldo Reina, vigário-geral da Diocese de Roma.
A basílica papal vai acolher a relíquia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.
(Com Ecclesia)