Prefeito do Dicastério Romano para a educação foi agraciado com a Grã-cruz da Ordem de Sant´Iago da Espada
O Grande-Colar da Ordem Militar Sant’Iago da Espada é o mais alto grau da Ordem e é concedido pelo Presidente da República a Chefes de Estado estrangeiros, mas pode ainda ser concedido pelo Presidente da República a antigos Chefes de Estado e a “pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção”, indica o site das Ordens Honoríficas Portuguesas.
O Prefeito do Dicast´ério pra a Cultura e Educação recebeu hoje o Prémio Pessoa, sendo a segunda figura da Igreja a ser distinguido com este galardão depois do Cardeal D. Manuel Clemente.
O dinheiro do prémio- 60 mil euros- vai ser doado a uma instituição de solidariedade social.
O cardeal e poeta construiu um discurso em que abordou o aumento da esperança de vida, a necessidade de “reabilitar” o lugar da comunidade, e a Inteligência Artificial como ferramenta de uma sociedade em mutação acelerada, que deve sempre, para ser sensata, estar ao serviço do humano.
O antigo cronista do Expresso iniciou a sua intervenção aludindo ao poema “Aniversário”, de Álvaro de Campos, trazido a propósito do exponencial aumento da esperança de vida verificada entre o tempo em que esses versos foram escritos e a atualidade.
Importa “elaborar uma reflexão comum sobre este indicador, demográfico e de civilização, e sobre o que ele nos conta acerca dos pontos de força, resiliência e superação não de um indivíduo, mas de uma comunidade”, pois, recordou o cardeal, devemos o que somos “não a uma monódia individualista”, mas “a uma história comum”.
“Não basta alongar a esperança de vida”, mas questionar “qual é a realidade humana do encontro ou desencontro que entretecemos”.
“Como fazemos circular entre nós a curiosidade, o conhecimento e o afeto? Como nos reconhecemos? Como vencemos ou agravamos juntos as barreiras de incomunicabilidade, indiferença ou descarte? Saberemos transformar não em embaraço, mas em oportunidade todas as nossas diferenças? Saberemos consolidar alianças suficientemente fortes para se sobrepor ao deslaçamento ou à estéril polarização?”, perguntou.
Segundo D. José Tolentino Mendonça é urgente projetar uma sociedade que “privilegie a esperança e a deseje fraternalmente repartida, acessível a todos, protagonizada por todos”. E isso só será possível na medida em que a comunidade seja resgatada no seu papel crucial numa sociedade que se encontra “numa das mais impactantes transições epocais da sua história”.