Cardeal Grech defende um  caminho para ajudar as Igrejas a caminhar no estilo sinodal com a participação de todos

Entrevista do portal Vatican News ao Secretário-Geral do Sínodo: “A Assembleia Eclesial de 2028 será a ocasião para reunir eclesialmente todos os frutos que amadureceram”

Foto: Vatican News

 

O Secretário Geral do Sínodo sobre Sinodalidade, Cardeal Mario Grech, afirmou este sábado ao Portal Vatican News que a convocação de uma nova assembleia eclesial em 2028 não representa um acréscimo de trabalho às estruturas diocesanas mas a necessidade deste trabalho sinodal ser acompanhado pois implica uma mudança de mentalidade “que leva tempo a ser concretizada pela Igreja”.

“Essa transição exige uma verdadeira “conversão”, uma mudança de mentalidade que leva tempo para se enraizar na prática da Igreja. Mas essa articulação é fundamental: não é suficiente a publicação de um “documento” para que o que emergiu nas duas fases do processo sinodal seja implementado na vida da Igreja”, afirma o cardeal Mario Grech.

“Este documento deve ser recebido como fruto de um discernimento eclesial e como horizonte de conversão, mas o Documento Final confia às Igrejas locais e seus agrupamentos a tarefa de colocar as recomendações da Assembleia no seu próprio contexto local”.

Por isso, refere, estes novos desafios que estão agora em cima da mesa “estimulam toda a Igreja a um exercício de responsabilidade, aliás, de grande corresponsabilidade, porque, justamente valorizando as Igrejas locais, associa ao mesmo tempo o Colégio dos Bispos no exercício do seu ministério”.

O processo prevê que até 2026 cada Igreja local possa implementar medidas concretas que reflitam a sinodalidade e traduzam uma abertura para o diálogo e troca de dons entre as Igrejas.

“O objetivo é que a implementação não ocorra de forma isolada, como se cada diocese ou eparquia fosse uma entidade separada, mas que os vínculos entre as Igrejas no nível nacional, regional e continental sejam fortalecidos. Ao mesmo tempo, esses momentos de confronto permitirão um autêntico “caminhar juntos”, oferecendo a oportunidade de avaliar, em um espírito de corresponsabilidade, as escolhas feitas” refere o cardeal.

Assim, os encontros planeados para 2027 e início de 2028 acompanharão de modo natural o caminho para a Assembleia Eclesial em outubro de 2028.

“Espera-se que esta Assembleia conclusiva (out.2028) possa oferecer ao Santo Padre elementos preciosos, fruto de uma verdadeira experiência eclesial, para o seu discernimento como Sucessor de Pedro, com perspectivas a serem propostas a toda a Igreja”, acrescenta Mário Grech, que destaca a importância de prosseguir a escuta.

“É essencial recomeçar a partir do trabalho realizado na fase de escuta, mas é igualmente essencial não o repetir da mesma forma. Nesta fase, não se trata mais apenas de ouvir e escutar o Povo de Deus, mas de permitir que os responsáveis das Igrejas e as equipas sinodais dialoguem com o restante do Povo de Deus sobre os conteúdos que emergiram do caminho sinodal na sua totalidade, para que esse caminho seja adaptado à própria cultura e tradição”.

“Somos convidados não só a repetir, mas a fazer com que todos os membros do Povo de Deus sejam sujeitos ativos da vida eclesial e a projetar o caminho de cada Igreja com base nesta reconhecida capacidade, que deve ser apoiada e formada” refere o prelado.

“Este primeiro ano e meio será também uma oportunidade para envolver aqueles que, anteriormente, tinham participado menos ativamente. Para viver experiências sinodais, para experimentar a conversa no Espírito que tanto fez crescer as nossas comunidades”, enfatiza.

“O compromisso é viver o caminho eclesial de cada Igreja com uma mentalidade sinodal, dentro de um horizonte sinodal, amadurecendo um estilo sinodal que constitui o pré-requisito para uma forma de Igreja sinodal. Repito o adjetivo, para sublinhar como a questão é de mentalidade”, conclui.

Relativamente ao trabalho técnico dos 10 Grupos de Estudo, e que em junho deste ano deveriam apresentar relatórios preliminares, o Cardeal Secretário Geral do Sínodo, garante que o trabalho prossegue embora “com ritmos diferentes”.

“As contribuições que estão chegando nos últimos meses de indivíduos ou associações também são de grande ajuda”, refere.

“É ainda difícil dizer quando é que os grupos concluirão os seus trabalhos. Como indicado há um ano, no momento de sua criação, os Grupos são convidados a apresentar as suas conclusões ao Santo Padre possivelmente até junho de 2025” , refere reconhecendo, no entanto, que seja possível alguns grupos prolongarem ainda os seus trabalhos.

“Eu diria que o Sínodo 2021-2024 foi “a primeira vez” para muitas coisas. Foi a primeira vez que as normas da Episcopalis Communio foram aplicadas na íntegra; foi a primeira vez que toda a Igreja e todos na Igreja tiveram a oportunidade de participar do processo sinodal; foi a primeira vez que Membros não-Bispos participaram da Assembleia; foi a primeira vez que um Documento Final foi imediatamente aprovado pelo Santo Padre, participando assim de seu Magistério ordinário. Agora – na terceira fase do processo sinodal – é a primeira vez que acontece uma Assembleia Eclesial” conclui o cardeal maltês.

Entrevista na íntegra: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2025-03/entrevista-cardeal-grech-carta-papa-caminho-sinodal-tornielli.html

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