Irmã Margarida Borges apresentou a peça esta manhã
É de veludo vermelho, bordada a ouro tal como a esmagadora maioria das cerca de duas dezenas de capas que compõem o tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Mas para quem a ofereceu, um seminarista do Seminário Episcopal de Angra, que daqui a três anos será sacerdote, natural das Sete Cidades “foi um enorme sacrifício” que o fez “ultrapassar vários obstáculos entre eles as dificuldades financeiras” adiantou esta manhã a Irmã Margarida Borges, durante a apresentação da capa que a imagem do Senhor Santo Cristo vestirá a partir de amanhã até ao final desta festa.
“Foi imbuído por esta fé e amor no Senhor Santo Cristo que um jovem seminarista do Seminário de Angra se propôs oferecer-lhe uma capa. Teve de ultrapassar muitos obstáculos, entre eles os fracos recursos económicos e levou três anos para completar o seu objetivo”, precisou a religiosa de Maria Imaculada que reside no Convento da Esperança e durante todo o ano é zeladora da imagem.
A capa em veludo vermelho, debruada a ouro com ornamentos vindos de Espanha, tem inscritas na parte da frente as insígnias JHS, que representam as iniciais de Jesus Salvador dos homens e os cravos, o símbolo do seu sofrimento e, do outro lado, o símbolo de Maria. Na parte posterior da capa está bordada uma coroa de espinhos que rodeia um laço em prata, símbolo da luta contra o cancro., a doença que acometeu um familiar desse jovem durante o período da confecção da Capa.
“É a primeira vez que um símbolo de uma doença integra o conjunto da capa, embora saibamos que todas as capas de uma maneira ou de outra refletem o agradecimento de uma graça que geralmente esta relacionada com a cura de uma doença” referiu ao Igreja Açores o Cónego Adriano Borges, novo reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo.
Para além das jóias que fazem parte do tesouro do Senhor Santo Cristo, a Imagem possui igualmente uma colecção de Capas, que simbolizam o manto púrpura, com que os algozes cobriram os ombros ensanguentados de Cristo, pode ler-se na página oficial do Santuário.
“A maioria destas Capas é oferta dos devotos, em cumprimento de promessas por ocasião de grandes aflições. São executadas em veludo ou damasco, forradas de cetim e são magnificamente bordadas em alto-relevo e a ouro. Algumas destas Capas estão ornamentadas com as jóias oferecidas ao Senhor” refere ainda a página do Santuário.
É frequente nelas figurarem os instrumentos da Paixão de Cristo e ainda motivos vegetais de simbolismo religioso, como as folhas de videira, os cachos de uva e as espigas de trigo.
Desta colecção de Capas, destaca-se a oferecida por D. João V, através de sua mulher, D. Maria Ana de Áustria, por El-Rei ter manifestado o desejo do Senhor ter uma Capa do mesmo brocado do seu manto real.
Esta capa está permanentemente exposta e é usada todos os anos na procissão conventual que se realiza na manhã do Sábado das Festas. Algumas destas capas encontram-se expostas numa pequena sala, para a apreciação de todos quantos visitam o Senhor Santo Cristo, bem como na Cozinha Conventual – Núcleo Museológico.