No fim de semana de 4 e 5 de setembro todos os caminhos do triângulo convergem para São Jorge
A festa em honra do Senhor Santo Cristo da Caldeira, este domingo, será celebrada uma vez mais na Fajã da Caldeira do Santo Cristo, freguesia da Ribeira Seca, concelho de Calheta.
A Missa campal na praça contígua ao Santuário será o ponto alto da festa, não se realizando a tradicional procissão, devido à pandemia que atravessamos. No entanto mantém-se o sermão da praça. No dia 30 de agosto, começa uma semana preparatória, com a celebração do sacramento da reconciliação e da Missa com pregação. Habitualmente as celebrações são asseguradas pelo reitor, padre Manuel António dos Santos e pelo padre Dinis Silveira, pároco do Topo e Santo Antão.
Na Fajã do Santo Cristo vivem apenas, todo o ano, `meia dúzia´ de pessoas, mas, nesta época, esta `reserva´ da ilha de São Jorge recebe inúmeras pessoas, especialmente jovens que se encarregam de animar as Missas, sobretudo a Eucaristia solene da festa.
O ano passado por causa da pandemia também não houve procissão.
A lenda que deu origem ao culto conta que um pastor deixou o seu gado a pastar, descendo a uma lagoa onde apanhou lapas e ameijoas. Ao parar para descansar contemplou um objeto na água a flutuar e viu que era uma imagem em madeira do Senhor Santo Cristo. Surpreendido com o achado, pegou na imagem, molhada e inchada de estar na água, e levou-a para terra seca. Ao fim do dia, quando voltou para casa fora da fajã, levou a imagem e colocou-a em local de destaque numa das melhores salas da sua casa. No outro dia de manhã a imagem tinha desaparecido. Depois de procurarem por toda a casa e de já terem dado as buscas por terminadas, ele foi de novo encontrado, dias depois, na mesma fajã e local onde tinha sido encontrado da primeira vez. Foi levado várias vezes para o povoado fora da rocha, e durante a noite a imagem voltava sempre a desaparecer, até que alguém disse: “O Santo Cristo quer estar lá em baixo na fajã à beira da caldeira, pois que assim seja”.
A Lenda da Caldeira de Santo Cristo é uma tradição da ilha de São Jorge e relaciona-se com as crenças populares numa terra onde a luta do homem com a natureza foi constante e onde, por séculos, as necessidades básicas do dia-a-dia foram prementes.