Texto favorece a interpretação histórica da igreja nos Açores
“A Diocese de Angra no Arquivo Secreto do Vaticano – Açores 1691-1919”, é o mais recente título do Suplemento do Boletim fundado por D. João Maria do Amaral Pimentel em 1872.
A publicação desta semana é retirada da obra “Arquivo Secreto do Vaticano – Expansão Portuguesa – Documentação, as Ilhas Atlânticas” Tomo I, publicada em 2011 por Esfera do Caos, Editores de Lisboa, tendo coordenação do professor José Eduardo Franco.
“Esta é uma edição de uso interno, não tendo esta publicação fins comerciais, mas de mero conhecimento, arquivo e investigação, o que muito enriquece o BEA”, escreve o Pe Hélder Fonseca Mendes, Diretor da publicação anual numa mensagem preliminar, onde sublinha que “contribuímos para que, no futuro, os investigadores possam arquitetar e construir uma História da Igreja nos Açores, no período moderno”, refere ainda.
Ao longo de 485 páginas, abrangendo um período Diocesano compreendido entre o Governo Episcopal de D. Frei Clemente Vieira (1688-1692) e o de D. Manuel Damasceno da Costa (1915-1922), é publicada de forma sumária, em jeito de catálogo, a documentação dos Fundos da Nunciatura de Lisboa e das «Relaciones Diocesanum» que se encontram no Arquivo Secreto do Vaticano.
São, sobretudo, “centenas de pedidos de dispensa de impedimentos canónicos do matrimónio entre familiares, consanguíneos e afins” refere ainda o Diretor.
Entre assuntos e pedidos conventuais, correspondência dos Prelados, pedidos específicos de alguns Sacerdotes ao Núncio, ou mesmo ao Papa, podemos constatar que “há matéria abundante que roça o romanesco e até o escândalo”.
“Os conflitos entre os Bispos e o Cabido” ou as querelas em períodos de Sede Vacante, do acompanhamento de Instituições como o Seminário Episcopal de Angra, ao fecho das casas Jesuíticas na Diocese, são algumas das matérias presentes neste documento que, simultaneamente, fornece um autêntico retrato social da época.
O Arquivo Secreto do Vaticano foi criado pelo Papa Paulo V (1605-1621), apenas algumas décadas após a criação da Diocese de Angra por Paulo III em 1534.
(Com Nuno Pacheco de Sousa)