Iniciativa está prevista para fevereiro de 2020 na cidade de Bari e deverá contar com a presença do Papa Francisco
Os bispos dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo vão encontrar-se em fevereiro de 2020 na cidade italiana de Bari, para debater a atual crise migratória e de refugiados.
De acordo com o portal Vatican News, o convite partiu do presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), D. Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perugia, e deverá decorrer entre os dias 18 e 23 de fevereiro, com a participação do Papa Francisco.
Em entrevista ao serviço informativo da Santa Sé, à margem do tradicional encontro de Verão em Rimini, centrado no futuro dos jovens, D. Gualtiero Bassetti lembra que “as migrações são um fenómeno global, que vai além da Europa” e faz votos de que o encontro em causa permita “aos pastores de todo o Mediterrâneo” encontrarem “juntos” as soluções adequadas para este drama, que afeta hoje inúmeras pessoas.
Caso contrário “correremos o risco de chegar apenas a respostas parciais, que jamais chegarão à raiz do problema”, frisa o presidente da CEI.
No que toca à participação do Papa Francisco, nesta “espécie de Sínodo”, como refere o arcebispo de Perugia, ela deverá acontecer na conclusão do encontro de Bari.
“Quando eu lhe falei acerca disto ele disse que já tínhamos tido uma reunião acerca da teologia da migração, dos problemas, e eu respondi que esta conferência será precisamente a aplicação dos aspetos teológicos que foram sugeridos, também pelo Papa”, adianta D. Gualtiero Bassetti.
Para este responsável católico, colocar em cima da mesa a questão das migrações e dos refugiados é não só fazer tudo para ir ao encontro do sofrimento das centenas de milhares de pessoas que têm atravessado o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor, muitas delas com o custo da própria vida.
É também contribuir para a salvaguarda da matriz cristã que esteve na génese da formação e desenvolvimento de todo um modelo europeu de vida.
“É preciso fixar o olhar naqueles valores humanos e evangélicos sobre os quais a nossa sociedade se formou”, realça o presidente da CEI.
A perspetiva de um encontro organizado pela Igreja Católica, com a presença do Papa, em Itália, dedicado aos migrantes e refugiados, surge numa altura em o Governo italiano tem dado mostras de uma cada vez maior insatisfação face ao número de refugiados que tem batido à porta do país, a partir do Mediterrâneo.
Nas últimas semanas tem estado em destaque o caso do navio humanitário ‘Open Arms’, ligado a uma organização não governamental espanhola com o mesmo nome, que transporta mais de uma centena de migrantes a bordo e que espera há 19 dias por um sinal positivo de Itália para desembarcar.
Numa tentativa desesperada de chegar à costa de Lampedusa, vários migrantes têm-se lançado às águas, levando à ação dos agentes da Guarda Costeira italiana e dos grupos socorristas presentes no local.
O convite para este encontro em fevereiro de 2020 para debater a crise migratória no Mar Mediterrâneo é estendido a bispos de mais de 20 países diretamente implicados nesta questão.
Além da Itália estão em causa as nações da Albânia, Bósnia e Herzegovina, Chipre, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Gibraltar, Grécia, Itália, Malta, Israel, Montenegro, Turquia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Egito, Síria, Palestina, Líbano, Líbia, e também o Principado do Mónaco.
(Com Ecclesia)