Bispo sublinha importância da existência do Seminário de Angra

Balanço da primeira visita pastoral que termina esta terça feira, com uma Eucaristia, é “positivo”.

As exigências financeiras e formativas, que decorrem do facto do Seminário Episcopal de Angra ser “uma estrutura pesada e cara”, com poucos recursos humanos e com um baixo número de alunos, “não são suficientes” para o Bispo de Angra encerrar a casa a dois anos do final do seu ministério episcopal.

 

 

“O Seminário é demasiado importante para ser eu a encerrá-lo ainda que perceba que existem dificuldades que têm de ser ponderadas a todo o tempo” disse esta segunda feira ao Portal da Diocese D. António de Sousa Braga, em jeito de balanço da primeira visita pastoral que está a realizar há uma semana ao Seminário, desde que é Bispo

 

Dificuldades que, na opinião do Prelado Diocesano, são agravadas pela “falta de orientações nacionais” sobre a “formação de sacerdotes e a distribuição geográfica dos seminários” que “cada uma das dioceses vai resolvendo como pode e nós decidimos que este Seminário é muito importante para preservar a proximidade da formação pastoral”, adianta D. António de Sousa Braga.

 

“Encaramos com naturalidade que o último ano de formação possa ser feito em Lisboa, nomeadamente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica como forma dos nossos formandos, sobretudo os que não pretendam seguir o sacerdócio, poderem ter acesso a um grau académico, mas a nossa prioridade é para que a formação seja feita nos Açores, com a devida proximidade pastoral”, reforça o prelado diocesano.

Esta, é de resto, uma das hipóteses que está em estudo no pedido de reconhecimento do plano curricular oferecido durante os seis anos da formação (ano zero e mais cinco), feito pelo Seminário à Universidade Católica.

 

“Sabemos que a Faculdade de Teologia está em reestruturação, de acordo com as orientações da Santa Sé e por isso aguardamos que até ao inicio do verão possamos ter esse reconhecimento e, sobretudo, o caminho aberto para uma negociação mais abrangente”, reforça o Reitor, Pe Hélder Miranda Alexandre, em declarações ao Portal.

 

O enriquecimento curricular do sexto ano, através inclusive de um reforço formativo da vivência pastoral, a introdução de alterações curriculares pontuais e a reformulação do próprio regulamento interno, abrindo cada vez mais a formação do Seminário a leigos, nomeadamente para a formação de diáconos, “foram aspetos muito relevantes desta visita”, sublinha o Reitor, que não esconde a sua preocupação pelo reduzido número de alunos.

 

“Temos de ser capazes de os cativar e por isso, também, a questão do reconhecimento do nosso plano de estudos é importante”, diz Hélder Miranda Alexandre.

 

É neste esforço de captação de alunos que o Bispo também insiste convidando todos os cristãos “a trabalharem para aumentar o número de alunos do seminário”.

 

Questionado sobre o momento desta visita ter ocorrido na altura em que se registaram cinco saídas,  o Bispo de Angra diz que ela “foi uma coincidência” pois já estava programada para o ano letivo anterior (quando o Seminário celebrou 150 anos) mas foi “impossível de concretizar devido a compromissos de agenda”.

 

No entanto, D. António de Sousa Braga ressalva que também foi “importante nesta altura porque me permitiu dar uma palavra de alento, sobretudo aos alunos mais novos que quando veem os colegas irem embora ficam abalados e aos próprios formadores que por vezes ficam desanimados”.

 

Em ambos os casos “procurei dar uma palavra de conforto lembrando que o seminário tem objetivos que tanto são cumpridos quando se leva os jovens até à ordenação como quando os ajudamos no seu discernimento”, conclui o responsável pela Igreja católica nos Açores.

 

Em relação à equipa formadora, que cessa funções este ano letivo, “ainda é cedo” para anunciar decisões mas “não estou a prever alterações de fundo” e as que existirem “serão pontuais e de acordo com os contatos e disponibilidades de algumas paróquias”.

 

Há, neste momento, alguns sacerdotes que estando ligados ao Seminário são também responsáveis por paróquias e isso “por vezes também complica”.

 

“Fiquei muito satisfeito com o que vi e ouvi da boca de todos- equipa formadora, professores e alunos-, vivi realmente a dinâmica desta vida comunitária e percebi que não tenho condições para encerrar o Seminário, nem é essa a minha vontade. Não serei eu a fazê-lo”, conclui o Bispo de Angra.

 

O Seminário Episcopal de Angra, fundado há 150 anos, tem 21 alunos, 7 dos quais no ano zero, provenientes de São Miguel e 16 professores, sendo que cinco são convidados pontualmente.

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