D.João Lavrador presidiu à instituição de três leitores do Seminário de Angra, numa missa de acção de graças pelos seis anos do seu ministério episcopal como 39º bispo de Angra
A diocese de Angra viveu esta tarde uma festa com um duplo significado: em dia da solenidade de Todos os Santos foram instituídos no ministério de leitor três seminaristas, alunos do quinto ano do Seminário Episcopal e a diocese despediu-se do bispo de Angra, numa missa de acção de graças, na Sé de Angra, na qual participaram além de vários sacerdotes os mais altos representantes da sociedade civil, nomeadamente o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro e o Representante da República para os Açores, embaixador Pedro Catarino.
Na homilia D. João Lavrador desafiou os novos leitores instituídos a serem servidores da Palavra e a deixar-se guiar por ela.
“Caríssimos jovens que hoje ireis receber o serviço de Leitores: meditar na Palavra de Deus, deixar-se converter por ela e proclamá-la com a palavra e com os gestos e testemunho oferece os alicerces sólidos da santidade, edifica a comunidade cristã e alerta o mundo para o sentido mais pleno da existência humana” disse D. João Lavrador na homilia da concelebração que contou com a participação de todo o Cabido da Sé.
“Vós estais a convidar toda a comunidade cristã a valorizar a Palavra de Deus e a deixar-se guiar por ela. Sede servidores da Palavra Viva que tem em Cristo a Sua manifestação perfeita” esclareceu.
O bispo lembrou, por outro lado, que todos os cristãos são chamados a anunciar a Palavra de Deus, sobretudo uma sociedade “paganizada, hostil à mensagem do Evangelho”, “materializado, fechado em si mesmo e oferecendo o seu desalento e as suas frustrações como objectivos últimos para os seus cidadãos”.
“Perante este mundo, tão actual, os cristãos são chamados a mergulhar no mistério pascal de Jesus de Nazaré e nele branquear as suas túnicas, em sinal de renovação e transformação”, afirmou o prelado.
D.João Lavrador; desafiou, ainda, os cristãos a inspirarem-se nas bem-aventuranças e nelas encontrarem “a força mobilizadora que vem da comunhão da vida e da missão com Jesus”, através de sentimentos como “a comunhão, a empatia, o despojamento ou na sintonia com o sofrimento do outro”.
“Somos fortalecidos pela envolvência de uma comunidade cristã que consciente da sua filiação divina caminha em conjunto, oferecendo um testemunho de vida que contrasta com o mundo mas que cria a admiração de todos os que se interrogam pelo sentido da sua existência” adiantou.
O prelado lembrou, a este propósito, o sentido da santidade que a igreja assinala esta segunda-feira dia de Todos-Os-Santos.
“Toda a missão pastoral tem como último objectivo a santidade” afirmou.
“Sinto como muita oportuna e significativa esta celebração para dar graças a Deus pelo meu serviço pastoral nesta diocese de Angra e Ilhas dos Açores e para agradecer a todos, sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, leigos nos diversos movimentos, serviços e instituições me acompanharam durante este tempo de desempenho da minha missão pastoral nesta diocese” afirmou.
Numa palavra final de agradecimento, D. João Lavrador deixou uma palavra de gratidão pública “a todos os governantes da Região, ao Senhor Representante da República, à Assembleia Legislativa, no Governo Regional, aos Autarcas, Forças Militares, militarizadas e de segurança, colectividades e associações, e aos profissionais nas diversas actividades que promovem a dignidade humana e o bem comum. Senti-me sempre acolhido, estimado e favorecido na missão pastoral pelo estimulo que de todos recebi”, adiantou.
“Não posso de deixar uma palavra de estima e gratidão aos açorianos na diáspora, cujas comunidades, na maioria visitei e que tanto carinho me prestaram. Bem hajam”, acrescentou.
“A todos um grande reconhecimento e gratidão”.
Na celebração foram instítuidos três leitores: André Furtado (Lagoa, São Miguel) Rui Soares e Leonel Vieira (Furnas, São Miguel).
A missa, que foi também de ação de graças pelos seis anos de episcopado de D. João lavrador na diocese insular, terminou com a oferta da paróquia da Sé, de uma coroa do Espirito Santo em prata e o descerramento de um retrato a óleo do 39º Bispo de Angra, que irá figurar na galeria dos retratos da catedral insular.
O cónego Hélder Fonseca Mendes, pároco in solidum da Sé, percorreu algumas das etapas do episcopado de D. João Lavrador, destacando: “bem haja D. João lavrador pelo seu empenho missionário; não se esqueça de nós; também não o esqueceremos e rezaremos por si”, disse.
Visivelmente emocionado, antes da bênção final, o prelado que tomará posse como bispo de Viana do Castelo no dia 27 de novembro, afirmou sair “mais enriquecido pela partilha e comunhão” afirmando que a intensidade da sua oração irá agora para esse pedido “ao Senhor para que envie para esta diocese um novo pastor o mais depressa que puder”.
Na missa e no jantar que se seguiu participaram o Representante da República para os Açores, embaixador Pedro Catarino, o Presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Luís Garcia e o Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, para além de outras autoridades civis e militares.
Depois da celebração na Sé houve um jantar no Seminário Episcopal de Angra que D. João Lavrador, como bispo da diocese insular, sempre acarinhou e defendeu.
Monsenhor José Medeiros Constância, o decano do Colégio de Consultores, usou da palavra para realçar a “missão teológico-pastoral que tem o Bispo” e que D. João Lavrador exerceu durante seis anos na nossa Igreja Local.
“Sabendo que a Igreja está presente no mundo o Senhor D. João acentuou, desde a primeira hora, esta ideia e objetivo da nossa Igreja presente no mundo dos Açores trabalhar a dimensão social da fé”, referiu o sacerdote no texto enviado ao Igreja Açores no qual destaca o programa de episcopado desenvolvido por D. João Lavrador que criou três Vigararias Episcopais Territoriais e uma para a Formação com os seus respetivos Vigários, promovendo nos últimos anos a Caminhada Sinodal que “para além de algumas dificuldades próprias, apanhou também os dois anos difíceis de pandemia”.
O sacerdote percorreu os seis anos de episcopado do 39º Bispo de Angra, destacando as viagens pastorais feitas pelo bispo de Angra com a Imagem peregrina de Fátima, entre janeiro e fevereiro de 2016; os crismas que celebrou em todas as comunidades e as visitas pastorais às 165 Paróquias da Diocese.
“Manteve com fervor todo o seu labor normal de Bispo e o seu serviço na Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicação Social. Bem disse um Bispo seu colega quando ele veio para cá:- “D. João trabalha e faz trabalhar””, sublinhou.
O sacerdote, que é ouvidor de Ponta Delgada e também cónego capitular da Sé de Angra lembrou, por outro lado, que as palavras que dirige ao bispo diocesano nesta ocasião não querem “promover o culto da personalidade ou o elogio fácil”.
“Na Igreja não somos ou não devemos ser pelo culto da personalidade nem muito menos fazer elogios por elogios. Não faço, pois a exaltação das suas qualidades pessoais. Muito menos referiria os seus limites que como todos os humanos têm. A hora é cristã, de Igreja e de serviço episcopal segundo o Evangelho”, afirmou.
“Limitei-me nesta hora de despedida oficial e de ação de graças do seu ministério por referir o seu trabalho essencial como Bispo no meio do povo de Deus destas Ilhas” esclareceu lembrando que também “não é hora de avaliações”, que serão feitas num tempo mais dilatado.
“Senhor D. João, por tudo o que viveu e trabalhou pelo povo de Deus, pela nossa Diocese obrigado. A gratidão é a memória do coração. Obrigado. Agradecendo-lhe o que fez por nós no meio das alegrias e dos sofrimentos próprios do seu ministério episcopal; desejamos-lhe, ao mesmo tempo, as maiores felicidades pessoais e fecundo pastoreio na jovem Diocese de Viana do Castelo, da qual já é Bispo eleito, embora ainda nosso Administrador Diocesano”.
Quanto à diocese, que se prepara para assinalar dia 3 de novembro 487 anos, Monsenhor José Medeiros Constância diz que o tempo é de “expectativa e de esperança” na nomeação “de um novo pastor, o mais breve possível”.
Neste jantar usou, ainda da palavra o Reitor do Seminário e o próprio bispo D. João Lavrador.
O bispo D. João Lavrador entrou na diocese como bispo coadjutor no dia 29 de novembro de 2014, tendo sido nomeado bispo de Angra a 15 de março de 2016.