D. António de Sousa Braga é homenageado pela diocese no dia em que completa 20 anos de ordenação episcopal
A Sé de Angra volta a vestir-se de festa, esta quinta feira, para homenagear o seu bispo emérito: D. António de Sousa Braga foi ordenado há 20 anos bispo da diocese de Angra e hoje clero e laicado juntaram-se numa festa, que tem como ponto alto uma Eucaristia de ação de Graças, às 18h00.
“Devo muito aos açorianos; gostei muito de aqui estar e é com muito orgulho que continuo a assinar António, bispo emérito de Angra” disse ao programa Igreja Açores, numa entrevista conduzida por Tatiana Ourique e que poderá ouvir na integra no domingo, ao meio dia, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.
A decisão de homenagear o prelado, que foi o 38º bispo de Angra, foi anunciada no dia em que o novo bispo residencial assumiu a diocese, no passado dia 14 de março, data da resignação de D. António de Sousa Braga.
O prelado mariense pautou o seu episcopado pela proximidade, o que no seu entender
“facilitou a resolução de alguns problemas mas também levantou alguns embaraços”, disse na entrevista.
“Tenho consciência de que deveria, nalgumas circunstâncias, ter tido uma intervenção mais forte e reconhecer isso é também reconhecer que essa parte não correu bem”, precisou. “Isso fica salvaguardado pelo novo bispo, que tem muito mais experiência que eu e sabe que governar é decidir e não é só deixar fazer. Às vezes é necessário marcar posição: governar não é só dialogar”, sublinhou D. António de Sousa Braga.
E, embora reconheça que a auto avaliação “nem sempre é fácil” a verdade é que por vezes “confiei em quem não merecia essa confiança e isso trouxe-me alguns problemas”, acrescentou referindo-se aos problemas económico-financeiros que o seu episcopado atravessou.
“Não consegui ter controle suficiente e a má gestão teve consequências gravosas. É uma mágoa que carrego comigo”, esclareceu sublinhando que “a minha incapacidade para controlar esta parte, acreditando que as pessoas eram capazes originou a criação de problemas que tiveram implicações diretas na organização pastoral diocesana”, disse.
“Houve alturas em que só podíamos assumir os custos de deslocação do bispo, mas felizmente as coisas já estão a ficar diferentes, embora ainda levem o seu tempo”, disse D. António de Sousa Braga.
Quanto aos aspectos positivos do seu episcopado relembra “o relacionamento fácil, próximo e de amizade com todo o clero”; a ordenação de tantos jovens sacerdotes e a relação com o Seminário, “a minha comunidade refugio quando precisava sair da rotina”.
“A auto avaliação é difícil… o que posso dizer, depois de 20 anos, é que a diocese de Angra foi acompanhando a evolução do tempo” adiantou, ainda, lembrando que a diocese que deixou está “muito diferente da que encontrei, desde logo porque os tempos são outros”.
“Vivemos numa fase de transição e o balanço que faço comparando estas duas realidades é que a igreja, pela orientação do Papa Francisco, está mais presente e atenta ao mundo e é uma instituição apreciada e isso deve-se a Francisco sem dúvida”, frisa.
“Nos açores também estamos a fazer esta caminhada” lembra destacando, uma vez mais, que “a primeira experiência de unidade é realizada pela igreja”.
“Uma só diocese criou uma ideia de unidade que se contrapôs ao isolamento das ilhas e, por isso, foi muito benéfica a unidade diocesana e podemos dizer que a autonomia é política e administrativa, mas esta autonomia tem a sua base na realidade eclesial”.
Portanto, “se há alguma coisa que possa relevar do meu episcopado foi contribuir para esta unidade e este sentido de autonomia”, concluiu.
- António Sousa Braga é natural da ilha de Santa Maria, freguesia do Santo Espírito, de onde saíu com apenas 13 anos rumo à Madeira onde estudou no Colégio dos Padres do Coração de Jesus, ordem religiosa que integra e da qual já foi provincial em Portugal.
Estudou no Funchal, em Coimbra e em Roma. Regressou aos Açores para ser bispo com 55 anos de idade. Hoje vive em Lisboa, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima em Alfragide, mas regressa aos Açores “sempre que pode e com gosto” porque estes últimos 20 anos “foram os dias mais felizes da minha vida”.
Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra no domingo, dia 3 de julho, a partir do meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.