D.António Francisco dos Santos já se encontra em São Mateus e fará duas homilias no sábado e no domingo, dia grande da festa
O bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, que já se encontra nos Açores e presidiu esta tarde ao oitavo dia do novenário da festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, na ilha do Pico, Açores.
Na homília da missa, concelebrada por vários sacerdotes, o pregador deste novenário, assente nas últimas palavras da Mãe de Jesus, nas Bodas de Canã- “Fazei tudo o que ele vos disser”- afirmou que a “igreja de Jesus deve ser um lugar onde se trabalha em rede”.
A partir do Evangelho desta quinta feira, o Pe. Marco Bettencourt Gomes sublinhou a importância do trabalho em rede, que se materializa sempre numa atenção ao outro.
“A rede de que Jesus fala no Evangelho apanha todos os peixes, os bons e os doentes. Esta é uma bela imagem de como deve ser a Igreja de Jesus e as comunidades cristãs: trabalharmos em rede, não trabalharmos cada um pela sua cabeça, de costas voltadas, de forma egoísta e individualista, mas de trabalharmos em conjunto” disse o sacerdote, destacando que o trabalho em rede “é um trabalho em relação em que o outro é sempre considerado”.
“Na vida podemos trabalhar com várias redes mas é bom que elas tenham uma malha apertada, sobretudo na igreja, para que nada se perca. Podemos utilizar as redes digitais, mas todas elas têm de estar ao serviço de Deus; o que é preciso é que a nossa rede esteja sempre em rede com Deus e isso faz-se através da oração”.
O Pe. Marco Bettencourt Gomes referiu-se, ainda, à mãe de Jesus como “o tabernáculo, a arca da aliança porque é em Maria que a própria palavra de Deus encarna para falar língua de gente”. Por isso, conclui, é a “ela “que devemos imitar” ouvindo sempre “o que Jesus nos tem para ensinar”.
“Cada um de nós tem que perguntar: o que é que Ele tem para nos dizer?”, questionou o sacerdote respondendo “apenas coisas boas porque do Céu não vem nada ruim nem nada que não preste; apenas um reino de justiça e de bondade muito para além do que podemos imaginar”.
“E, todas as imagens que nos transmite são de bondade e de misericórdia de um reino de amor, de pura e bela bondade, de felicidade, bem diferente do reino humano porque Ele não nos quer a viver num mar de lágrimas gemendo e chorando”, acrescentou.
O sacerdote, aliás, retomou uma ideia deixada já neste novenário e que nos recorda que a história de Deus é uma história de salvação e por isso, por mais “revolto que seja o mar da vida” o bem “triunfará”.
A festa de São Mateus tem os seus dias grandes no próximo fim de semana. É a segunda vez que o Bispo de Porto preside a uma festa num santuário diocesano. Há três anos, ainda recém chegado ao Porto, proveniente da diocese de Aveiro, presidiu às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada.
D.António Francisco dos Santos é natural de Tendais, no Concelho de Cinfães (Diocese de Lamego) e foi ordenado padre em dezembro de 1972.
Após os estudos no seminário da sua diocese, licenciou-se em Filosofia na ‘École Pratique de Hautes Études Sociales’, com mestrado no Instituto Católico de Paris, onde obteve ainda o diploma de Sociologia Religiosa.
Durante os estudos em Paris, foi membro da equipa sacerdotal da Paróquia de São João Bptista de Neuilly-sur-Seine, assumindo a responsabilidade pastoral da comunidade portuguesa. É bispo desde 2004.
Na Conferência Episcopal Portuguesa, é o novo responsável pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
Pico unido a Fátima
As festas do Senhor Bom Jesus Milagroso estão intimamente ligadas, este ano, ao Centenário das Aparições e isso mesmo fica expresso no facto do novenário estar a ser desenvolvido a partir do episódio das Bodas de Canã e desse apelo da Mãe de Jesus: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo2,5).
De resto a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, padroeira da comunidade das Pontas Negras, lugar da paróquia de Santa Cruz das Ribeiras, concelho das Lajes do Pico, foi emprestada ao Santuário e sairá juntamente com a imagem do Senhor Bom Jesus na procissão solene de domingo.
As Festas do Senhor Bom Jesus Milagroso no Pico remontam ao ano de 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, cópia fiel daquelas que se veneram. Esta devoção já cá existia, venerando-se imagens do Senhor Crucificado, como se pode ainda ver nos Inventários das Igrejas Paroquiais. Mas foi a partir da chegada da Imagem a São Mateus do Pico, que mais se intensificou a devoção ao Ecce Homo.
Importa referir a título de curiosidade que no novenário estão a ser interpretadas peças de Tomás de Borba. Após a Oração Universal, a liturgia da palavra conclui com a execução de uma peça em latim, da liturgia das horas composta pelo maestro. Finda a distribuição da comunhão eucarística, o coro interpreta outra peça de Tomás de Borba, intitulada Tríptico ao Senhor Bom Jesus, composta em 1998 exclusivamente para as novenas em São Mateus do Pico.
Amanhã, dia 4 de agosto, é celebrada a eucaristia de encerramento do Novenário, seguida do Desfile de Filarmónicas, nomeadamente das Filarmónica Lira de São Mateus, Filarmónica Lira Madalense e Ronda das Nove.
O dia grande da Festa é o dia 6 de agosto, que começa com Alvorada pela Filarmónica Lira de São Mateus. A solene concelebração eucarística terá lugar às 16h00; segue-se o desfile de filarmónicas e a solene procissão. A festa termina com dois concertos pelas Filarmónica União Ribeirense e Filarmónica Recreio União Prainhense.
As festas do Senhor Bom Jesus encerram no dia 7 de agosto, com a Eucaristia com a Transladação da Veneranda Imagem do Senhor Bom Jesus Milagroso para a Sua Capela, às 19h30; um concerto da Filarmónica Lira Fraternal Calhetense, às 21h30.