Bispo de Angra visita o Santo Padre

Por Pe Hélder Fonseca Mendes*

A oportunidade da visita do Bispo diocesano «ad limina», instituída desde o século XVI, em data praticamente coincidente com a criação da Diocese de Angra, cumpre uma antiga tradição para venerar os sepulcros dos santos apóstolos Pedro e Paulo e para que o Bispo que está nos Açores se encontre com o sucessor de Pedro, o Bispo de Roma.

A expressão «Ad liminha» foi utilizada pelos cronistas medievais ao referirem o exercício piedoso dos fiéis de empreenderem uma viagem até Roma, em espírito de peregrinação, para visitar os túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A tradição da presença e morte martirial dos dois Apóstolos na capital do Império romano foram fatores que muito contribuíram para o apreço sempre crescente que de todo o mundo cristão se votou desde cedo à comunidade de Roma.

A visita de setembro de 2015 tem momentos celebrativos, de ação pastoral e de encontro fraterno. Com ela aumenta o sentido de responsabilidade do Bispo local como sucessor dos Apóstolos, e fortalece a sua comunhão com o sucessor de Pedro.

Esta visita constitui um momento importante para a vida da Igreja nos Açores que, através do seu representante, consolida os vínculos de fé, comunhão e disciplina que ligam à Igreja de Roma todo o corpo eclesial, de que fazemos parte.

O atual bispo de Angra efetuou a sua primeira visita a João Paulo II, a segunda a Bento XVI e a terceira ao Papa Francisco, no próximo dia 7 de setembro.

Nos restantes dias ocorrem os encontros com os mais próximos colaboradores do Papa, por áreas de ação pastoral, permitindo ao Bispo da Diocese uma ocasião privilegiada de apresentação da situação da Igreja local e as suas expetativas, como também de se aperceber das esperanças, alegrias e dificuldades da Igreja universal, de receber conselhos e diretivas sobre os problemas «do rebanho» que lhe está confiado. Esta visita é também um momento privilegiado para o atual sucessor de Pedro conhecer a Igreja nos Açores a fim de partilhar os problemas respeitantes à missão eclesial. O encontro acaba por ser expressão da solicitude pastoral de toda a Igreja.

Da maior importância é a preparação da visita através da Relatório sobre o estado da Diocese nos últimos cinco anos, elaborado pelo Bispo e pelos seus colaboradores mais íntimos na função episcopal, fornecendo ao Santo Padre e aos Dicastérios romanos uma informação em primeira mão, verídica, sintética e precisa que é de grande utilidade para o exercício do ministério de Pedro. Por essa informação o Papa ficará a conhecer a Igreja que vive nos Açores, com uma visão de conjunto do trabalho pastoral.

A visita é feita como Conferencia dos Bispos de Portugal, embora haja encontros com o Papa e as Congregações que são feitas por Províncias: Braga, Évora e Lisboa, pertencendo a Diocese de Angra a esta última, tendo à frente de cada uma um Arcebispo, que no caso dos Açores, é o Patriarca de Lisboa.

Embora diversos momentos se façam em grupo (Províncias) – visitas aos túmulos dos Apóstolos, discurso do Papa, reunião com os Dicastérios da Cúria Romana, é sempre o próprio Bispo que apresenta o Relatório e faz a visita em nome da sua Igreja Particular, encontrando-se pessoalmente com o sucessor de Pedro, tendo o direito e o dever de comunicar diretamente com ele e com os seus colaboradores sobre todas as questões referentes ao seu ministério diocesano.

Pode acontecer que esta visita do Bispo de Angra ao Santo Padre em Roma seja retribuída em 2017 com a visita do Bispo de Roma aos Açores, conhecendo pessoalmente «o mundo açoriano» e as suas periferias.

 

*Vigário geral

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