Bispo de Angra quer que a `nova´ Igreja de Nossa Senhora da Estrela seja uma “pedreira de pedras vivas” e não “um supermercado” de sacramentos

 

Foto: Igreja Açores/CR

Matriz da Ribeira Grande reabre ao culto ao fim de quase seis anos de obras, com direito a bênção papal

A Igreja de Nossa Senhora da Estrela, na Ribeira Grande, reabriu hoje ao culto com uma concelebração presidida pelo bispo de Angra, que desafiou a comunidade a fazer deste templo uma “verdadeira pedreira de pedras vivas” que tenha “Jesus Ressuscitado como pedra angular” e o “Espírito Santo como o grande arquitecto”  da “firmeza e da harmonia” entre os cristãos.

“Haja ou não paredes, haja ou não templos, o que queremos mesmo é que haja gente que mantenha viva e forte esta comunidade cristã” disse D. Armando Esteves Domingues.

“Cada um que faltar torna a igreja mais pobre e consequentemente o mundo também fica mais pobre. Que ninguém encontre álibis ou desculpas para não participar; que nenhum leigo lave as mãos ou deixe de trabalhar ativamente na mesma missão” pediu o prelado diocesano salientando que apesar desta reconstrução ter sido de grande monta o maior desafio vem agora.

“Depois de reestruturar a igreja material, que é importante, nunca descansemos; é preciso reformar por dentro” disse ainda, salientando que “são precisos cristãos, pedras vivas, mais do que batizados ou crismados gente que seja discípula”.

“Os cristãos não são rochas sólidas, são pequenas pedras, mas todas necessárias. A comunidade cristã é uma grande pedreira de pedras vivas. Não façamos apenas da comunidade um supermercado de sacramentos”, apelou ainda D. Armando Esteves Domingues, pedindo uma participação “ativa e empenhada” de todos os leigos no “acolhimento”, na “caridade” e no “apoio aos mais frágeis”.

“Que ninguém se sinta a mais. Abramos as portas a todos”, frisou o bispo de Angra.

“O mandato do Senhor prossegue hoje. Ele não mandou construir igrejas. Fomos nós que sentimos necessidade de construir casas onde coubessem todos. Abramos as portas!”, concluiu, depois de agradecer a todos os que contribuíram para o restauro deste templo encerrado há cinco anos e que “não é uma igreja nova” mas sim “restaurada” como fez questão de frisar depois o pároco, padre Manuel Galvão, no final da celebração dirigindo palavras emocionadas de agradecimento a todos quantos caminharam com ele nesta volumosa obra que contou com o apoio do Governo, da autarquia, mas sobretudo da comunidade residente e emigrante.

“É uma data memorável. Não foi a primeira grande obra desta comunidade. Há 22 anos recuperámos o coro alto e o Arcano Místico. Depois veio o centro pastoral e agora esta Igreja onde intervimos de alto a baixo, em todos os altares, nos anexos, numa sacristia nova, numa sala de oração mais privada” sem esquecer a intervenção na estatuária da Igreja que foi limpa ou intervencionada.

“Obrigada a todos!”, disse já com a voz embargada.

 

A obra contou com uma bênção apostólica do papa Francisco lida pelo ouvidor, padre Víctor Medeiros e entregue ao pároco. Nesta concelebração estiveram, entre outros, os dois padres naturais desta paróquia- padre João Ponte (serve no Pico) e o padre Fábio Carvalho(serve no Faial)- bem como os dois anteriores párocos, os padres Nemésio Medeiros e José Maria.

Durante a celebração foram ainda entronizadas as relíquias dos santos Pastorinhos- São Francisco e Santa Jacinta Marto-, junto da Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (hoje assinala-se a Vígilia da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria e os 7 anos da canonização dos irmãos Marto, dois dos três videntes das 6 aparições de Fátima e os primeiros dois santos de Fátima). Foi, igualmente, transladado o Santíssimo Sacramento para o sacrário na única capela- Capela do Santíssimo- que não foi restaurada por ter sido intervencionada “há pouco tempo”.

A Igreja de Nossa Senhora da Estrela encerrou as portas em setembro de 2019, altura em que começaram as obras no tecto exterior de todo o edifício. Nesse momento começaram os estudos para a intervenção no tecto interior e, nesse período começou também  a intervenção no soalho.

Recuperaram-se anexos, a onde vão ficar os arquivos; fez-se uma sacristia nova e da velha renascerá o Museu, que ainda não está pronto mas tem regresso garantido no sítio onde já funcionava, antes das obras. Há ainda um novo espaço, uma sacristia mais pequenas, que será uma sala de recolhimento, com exposição do Santíssimo.

Além da intervenção no imóvel, a paróquia aproveitou para limpar e restaurar imagens, castiçais, eletrificação nova bem como uma nova aparelhagem sonora.

Amanhã, dia 13, será celebrada a festa de Nossa Senhora de Fátima e as crianças da catequese celebrarão a festa da Avé-Maria.

No dia 15, haverá uma sessão solene, às 20h30, com o tema “Como reconstruir uma Igreja”, com duas conferências de Susana Goulart Costa e do padre Hélio Soares. Também a empresa de restauro participará no evento.

No dia 25, pela mesma hora, a Igreja receberá um concerto pela Sinfoneta de Ponta Delgada.

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