Grupo é proprietário do Açoriano Oriental e da Rádio Açores/TSF em São Miguel
O bispo de Angra manifestou esta quarta-feira preocupação pelo contágio que a crise existente no grupo de comunicação Gobal Media possa ter nos Açores, onde detém dois importantes órgãos de comunicação social, o Açoriano oriental e a Rádio Açores TSF, na ilha de São Miguel.
“Os problemas levantados em torno da Global Media, um dos grandes grupos de comunicação nacionais, não deixam de ter impacto na região, onde o grupo é proprietário do quase bicentenário Açoriano Oriental e a Rádio Açores TSF e por isso, este problema não pode fugir da nossa retina” afirmou D. Armando Esteves Domingues em declarações ao Sítio Igreja Açores.
“A todos os jornalistas que por estes dias se manifestam por terem salários em atraso, mas que ainda assim, continuam a fazer sair os jornais e a produzir notícias na rádio, fica uma palavra de solidariedade e o desejo de que a situação seja rapidamente ultrapassada” referiu o prelado, no dia em que vários trabalhadores do grupo, especialmente ligados aos órgãos de informação nacionais, se manifestaram na Assembleia da República, em Lisboa.
“No ano em que assinalamos o 25 de abril começamos este mês de janeiro com tantas notícias a dar nota de um ambiente social crispado na saúde, na educação, na habitação, nos transportes e agora também nos media, neste caso com a possibilidade de despedimentos coletivos em diversos órgãos de informação, alguns deles com vida e papel determinante na conquista e afirmação da democracia” afirmou ainda o prelado ao destacar que a crise dos media e a falência do modelo de negócio associado aos media, “não pode ser entendida como uma crise mais, que ocorre apenas num sector de actividade económica”.
“Sabemos das dificuldades que o sector atravessa com a quebra das receitas publicitárias, a diminuição das tiragens, a diminuição de leitores, a concorrência do digital e as consequências no produto jornalístico final resultante da fragilidade de tantas redações” afirma D. Armando Esteves Domingues, destacando, contudo, a importância da Comunicação Social para a vida democrática.
“Os media são essenciais num regime democrático pois não há democracia sem uma imprensa forte, livre e isenta, que informe e forme os cidadãos, questione os vários poderes da sociedade e permita a formação da livre opinião”, disse.
O prelado recordou, ainda, as palavras do papa Francisco no passado mês de dezembro, quando recebeu os diretores dos órgãos da imprensa católica italiana, afirmando que o “ jornalismo só se salva com sabedoria, responsabilidade, integridade e um constante compromisso e desejo pelo bem comum sem duplos interesses, por vezes efémeros”.
“As sociedades livres e plurais precisam cada vez mais de uma comunicação social séria, comprometida apenas com a verdade e tendo como único interesse a defesa da dignidade e a centralidade da pessoa humana”, concluiu.