Bispo de Angra pede aos idosos do lar da Misericórdia de Santa Cruz para serem os “anjos da guarda” da comunidade florentina e da diocese

“Vocês são os nossos anjos da guarda, porque Cristo ouve a oração do doente, do pobre… Rezem por nós”- D. Armando Esteves Domingues

O bispo de Angra visitou esta manhã o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz, que é a casa de 40 utentes, na sua esmagadora maioria naturais do concelho, com um grau de dependência assinalável.

Inaugurado a 6 de outubro de 1994, com apenas um` inquilino´ inscrito, hoje a instituição tem uma curta lista de espera que não deixa o provedor indiferente.

“Temos tantos funcionários como utentes, procuramos servir com muito profissionalismo e competência, procurando que esta seja a casa destes idosos” referiu ao Sítio Igreja Açores Hélder Costa lembrando, no entanto, que esta instituição “como todas as outras” debate-se com “problemas financeiros”.

“Pouco dinheiro para fazer muito” refere quase que repetindo uma máxima de todos os dirigentes das Instituições Particulares de Solidariedade Social.

“Olhe precisaríamos de adquirir um transporte com capacidade e adaptado à falta de mobilidade dos nossos utentes, mas não conseguimos ter dinheiro para comprar essa carrinha. Temos de transportar as cadeiras de rodas numa carrinha e os utentes noutra”, salienta.

Além dos idosos  institucionalizados a Misericórdia de Santa Cruz iniciou agora o programa Novos idosos e já tem uma equipa de técnicos que está a fazer avaliação no terreno, vendo quem são os cuidadores e as condições existentes nas habitações para definir da sua elegibilidade, uma resposta que acrescenta ao apoio domiciliário que já presta a dois idosos e o apoio alimentar que assegura nas refeições diárias a sete pessoas. Além disso, a Misericórdia tem igualmente um ATL para crianças.

Manuela Sousa foi a primeira encarregada do lar e desde sempre trabalhou como administrativa da Misericórdia.

“O tempo hoje é diferente. Chegámos à conclusão que, mesmo sendo uma terra pequena, com níveis de vizinhança ainda grandes, havia pessoas que viviam mesmo sozinhas e não tinham quem as acompanhasse, ou porque os filhos estavam fora, ou trabalhavam e esta era a resposta indicada”, refere Manuela Sousa.

O utente mais antigo é porventura um dos mais novos em termos de idade. Ficou completamente dependente depois de um acidente de trabalho, com a mobilidade completamente comprometida e muitas das funções motoras afectadas. Na maioria os utentes já tem uma idade avançada.

Maria Alzira Lopes, está apenas há cinco anos no Lar mas diz que “conhece todos os cantos da casa”. Entrou com uma irmã a quem cuidava depois de uma queda. Gosta de toda a gente mas tem pena de que nem todas as pessoas professem a sua fé. “Era mais fácil” refere. Mas encontra aqui “tudo o que precisa”.

“Estou acompanhada, tenho pessoas que ajudam a tratar de mim, tenho família mas todos têm a sua vida”, refere de forma conformada.

“A vida é sempre movimentada. A valência dá resposta com muitas atividades. procuramos que estes idosos sejam ativos dentro das suas circunstâncias” refere Luísa Gonçalves, membro do Conselho Fiscal da Santa Casa.

As idades dos utentes do lar variam entre os 30 e os 90 anos. Há quem já faça 91, ainda este ano.

“Procuramos que todos vivam como uma família” refere o provedor que assinala a boa relação que mantém com as famílias de sangue embora haja sempre alguém que falhe mais do que devia nas visitas aos seus familiares.

“Há um horário próprio para as visitas, mas procuramos adapta-las à disponibilidade das famílias para que possam estar com os seus”, adianta.

Na missa, celebrada na Capela do Lar, o bispo de Angra apelou à “oração” de todos pela comunidade e pela diocese.

“Hoje é o dia dos Santos Anjos da guarda. Todos temos um anjo da guarda. Nós também podemos ser anjos da guarda uns dos outros e vocês são os nossos anjos da guarda, porque Cristo ouve a oração do doente, do pobre. Rezem por nós”, afirmou D. Armando Esteves Domingues na concelebração em que participaram também dois dos sacerdotes que asseguram esta capelania, Monsenhor José Constância e o padre Júlio Alexandre Rocha.

“Como bispo venho dar-vos um abraço em nome de Jesus. Somos todos filhos independentemente da idade” referiu logo à entrada, antes de sublinhar a importância de todos quantos ajudam na missão do cuidado dos mais frágeis.

“É uma sorte termos voluntários e profissionais que nos ajudam a tornar a cruz de cada mais fácil. Eles que dão a noite e o dia e põem as suas cruzes de lado para cuidar de cada um. Temos de dar graças a Deus por eles” afirmou o prelado que ainda tem agendada uma visita ao outro lar existente nas Flores, no concelho das lajes, também ele propriedade da Santa Casa da Misericórdia.

Scroll to Top