39ª reunião do clero arrancou esta tarde em Angra. Até ao fim da semana, sacerdotes analisam a exortação apostólica do Papa Francisco, centrando a discussão na homilia e no combate às tentações dos agentes pastorais.
A Homilia é um momento “decisivo” na relação do sacerdote com os seus fieis e essa importância não se coaduna com improvisos, disse esta segunda feira o Bispo de Angra no arranque dos trabalhos do 39º Conselho Presbiteral que se realiza até ao fim da semana, no Palácio de Santa Catarina, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
27 sacerdotes açorianos vão debater a exortação apostólica do Papa Francisco, centrados nas questões relacionadas com as exigências da preparação da homilia e a necessidade de combater as “tentações” dos agentes pastorais.
“Temos de ser capazes de devolver a Alegria do Evangelho à vida dos presbíteros e, este conselho servirá para lançar as bases de um caminho de conversão pastoral em chave missionária”, disse D. António de Sousa Braga na mensagem de boas vindas a todos os membros deste órgão diocesano que reúne uma vez por ano e define as orientações pastorais para o novo ano.
Na linha do texto do Santo Padre, o prelado diocesano lembrou que este momento será importante para “uma reflexão e uma revisão de vida” , convidou os sacerdotes a serem “mais missionários” e, por isso, mais próximos do povo, “comunicando melhor e com uma maior abertura” para explicar o Evangelho.
A homília é para o Bispo de Angra, um momento “chave para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro entre o pastor e o seu rebanho” e, isso não se compadece com “improvisos”.
“Uma boa homilia deve conter uma ideia, um sentimento e uma imagem”, o que exige “uma longa preparação”, mesmo que os sacerdotes tenham de deixar para trás outras tarefas, sublinha D. António de Sousa Braga.
O responsável episcopal deixa mesmo o caminho sequencial para a preparação da homilia: primeiro compreender o texto bíblico, que “é o fundamento da pregação”, depois “contextualiza-lo”, “interioriza-lo” para o poder explicar e, finalmente, “descobrir o que os fieis precisam de ouvir”.
“As leituras de domingo ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo se primeiro ressoarem no coração do pastor”, diz o Bispo de Angra.
“A forma concreta de desenvolver uma pregação, com uma linguagem simples e positiva, com unidade temática e recorrendo a imagens” constitui, por isso, um dos grandes desafios dos sacerdotes, frisa D. António de Sousa Braga.
Esta caminhada exige uma “verdadeira conversão pastoral” diz o prelado que exorta os sacerdotes açorianos a combaterem algumas “tentações” que são transversais à igreja como “a acédia paralisadora” que transforma os sacerdotes em “pessimistas lamurientos”, imbuídos de um “excessivo clericalismo”, enredado em “divisões e guerras pessoais”.
“Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre”, sublinha o prelado diocesano recuperando as palavras de Francisco na Alegria do Evangelho, pedindo aos sacerdotes açorianos que deem “mais espaço aos leigos” e “maior testemunho de comunhão”.
Neste primeiro dia de trabalhos usou, ainda, da palavra o ecónomo, Pe Adriano Borges, que fez a apresentação da vida económica e financeira da diocese de Angra, no último ano de 2013.
O conselho deu, também, parecer favorável à criação do curato de São Carlos, atualmente pertencente à paróquia de São Pedro. Caberá agora ao Bispo de Angra a criação efetiva desta nova “quase paróquia”.
Na terça-feira, a manhã começa com a realização dum balanço das iniciativas do ano pastoral em curso dedicado à Comunicação Social e à Evangelização, seguindo-se depois as reuniões setoriais nomeadamente, a reunião de Ouvidores e de tarde realiza-se o encontro dos diretores dos serviços e comissões diocesanas.
Na quarta-feira, dia 7, serão apresentadas as conclusões do questionário enviado às bases, a partir do instrumento de trabalho e dos pareceres enviados, sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco.
Na quinta-feira, o dia será dedicado à formação, estando prevista uma intervenção do Cónego António Rego, com partilha e debate.
O último dia do Conselho será sexta feira e, durante a manhã, os conselheiros farão a discussão e apresentação das conclusões deste conselho presbiteral de onde sairá a orientação pastoral para o próximo ano.
O Conselho Presbiteral contam com dois convidados: o Cónego António Rego, especialista nas comunicações sociais e o Pe Abel Gonçalves, Pároco da Matriz da Praia da Vitória.