D. Armando Esteves Domingues presidiu esta quarta-feira à festa de Natal organizada pela Pastoral Penitenciária em Angra do Heroísmo
O bispo de Angra afirmou esta manhã no Estabelecimento Prisional de Angra que ninguém deve desistir de sonhar a paz e a liberdade, mesmo que seja atrás das grades.
“Ao vir aqui é também dizer -vos uma palavra forte: não temais! Vivemos com medo de que o vício nos apodreça, nos faça perder a paz, a liberdade. Não desistam deste mundo novo que Jesus anuncia, mesmo que um dia tenham fracassado e hoje estejam a passar a provação por esse erro. Não desistam nunca”, afirmou D. Armando Esteves Domingues na missa de Natal na cadeia de Angra, que reuniu cerca de 170 reclusos de diferentes proveniências e que foi organizada pela `obra da cadeia´ em cooperação com a Direção do Estabelecimento Prisional.
D.Armando Esteves Domingues, que este ano dirigirá a sua Mensagem de Natal centrada na liberdade atrás das grades, no dia 25 de Dezembro, através da RTP Açores, depois do Telejornal do dia de Natal, um dia antes do Papa abrir uma das cinco portas santas do Jubileu na prisão romana de Rebibbia, lembrou aos reclusos- homens e mulheres- que o Natal remete para “uma mensagem de sonho” e para sonhar “é preciso coragem”.
“Sejam corajosos. Sonhem com esta vida que Deus quer para nós: uma vida de paz, de harmonia, de bem com o outro, de liberdade. Sonhai como Cristo sonha cada um de vós. Dai tempo à reflexão… Eu sei que vocês têm muito tempo; reflitam: eu não sou bom, é Cristo que me faz bom, se eu deixar, se eu quiser fazer-lhe a vontade e a vontade dele é sempre o nosso bem”, disse ainda D. Armando Esteves Domingues, que esta sexta-feira também presidirá à festa de Natal na cadeia de Ponta Delgada.
O prelado diocesano associa-se assim ao Papa Francisco que para o Jubileu da Esperança, que se iniciará no final do ano, abrirá pela primeira vez na história dos Jubileus da Igreja uma Porta Santa numa cadeia.
“Ao abrir uma Porta Santa (um dos sinais do Jubileu) numa cadeia italiana, o Papa quer dizer que Cristo vem para libertar a todos, todos, todos, não de forma anónima mas a cada uma e cada um de nós, de vós”.
“Todos precisamos de nos libertar” afirmou D. Armando Esteves Domingues; “todos precisamos de ser homens novos. Com Ele estaremos em segurança” disse ainda.
“A paz e o amor de que se fala no Natal depende de mim, depende de cada um, depende da forma como eu contribuo para isso. Precisamos todos de recomeçar” finalizou deixando um abraço em nome “do Deus Menino que na sua fragilidade nos toca o coração”.
“Trago o abraço de Jesus a cada um de vós… deixai-vos abraçar por este querido Jesus; abraçai-o também no vosso silêncio e deixem que Ele vos possa tocar”.
A festa de Natal, com missa e almoço partilhado, é um dos momentos mais celebrativos dentro do Estabelecimento Prisional pois é um dos raros momentos em que homens e mulheres, alguns deles família e ambos detidos, estão juntos, para além dos momentos de visita.
O Estabelecimento Prisional de Angra é uma das 49 cadeias do sistema prisional português. Tem atualmente 232 detidos, na sua esmagadora maioria homens, mas também tem reclusas. É a mais recente cadeia portuguesa e por isso também uma das que tem infraestruturas mais modernas, ao contrário dos estabelecimentos prisionais da Horta e de Ponta Delgada, esta última com um crónico problema de sobrelotação e falta de condições de habitabilidade para os detidos.
O Estabelecimento Prisional de Angra é considerado uma prisão de alta segurança, mas tem apostado na reabilitação e reintegração social incentivando os reclusos a participar em ações de terapia ocupacional e educativa.
Os reclusos católicos têm missa às segundas-feiras.