D. Armando Esteves Domingues presidiu à Eucaristia e depois seguiu-se um convívio com os reclusos e os cooperadores da Pastoral Penitenciária que semanalmente se deslocam à cadeia
O bispo de Angra participou esta manhã e inicio de tarde na festa do Estabelecimento Prisional de Angra, onde estão detidos mais de 300 reclusos, na sua esmagadora maioria açorianos, homens e mulheres. O mais novo residente é uma criança nascida há três semanas, filha de uma reclusa.
“A pequena casa de Nazaré é, hoje, este pavilhão, como o pode ser a cela ou o coração de cada um” começou por dizer D. Armando Esteves Domingues.
“Temos aqui uma criança nascida há 3 semanas, frágil, carenciada de todos os cuidados. Foi assim que Deus se fez carne, nascendo como todos nós. Ele é o Deus Menino. Que diz uma mãe, um pai – há aqui muitos pais e mães – quando olham para o seu menino ou menina?”, interpelou recordando o exemplo do filósofo Jean-Paul Sartre que, no Natal de 1940, preso pelos Alemães, e não sendo crente, contou aos seus colegas de cativeiro, que Deus veio ao mundo para Todos, embora a sua mãe- “A Virgem pálida”- olhasse para ele e segurando-o nos braços dissesse “meu pequenino”.
“Nenhuma mulher teve o seu Deus só para ela. Um Deus pequeno que se pode tomar nos braços e cobrir de beijos, um Deus quente que sorri e respira, um Deus que se pode tocar e que vive. Todos podemos deixar-nos tocar por este amor de Jesus e Maria, um pelo outro e, ambos, por nós! Onde está este amor as pessoas e os ambientes humanizam-se, enchem-se dessa mesma força do amor. E é Natal!” afirmou o bispo de Angra aos reclusos, a quem desejou um feliz Natal.
“Desejo bom Natal a todos os que aqui – Diretor, Corpo de Segurança, Técnicos e voluntários – são decisivos na humanização deste ambiente não fácil. Também o não era no tempo de Jesus, como sabemos pela história” afirmou.
“Desejo um bom Natal a cada homem e mulher que, por um determinado tempo, se vê privado da liberdade para sair daqui mais capaz, mais forte, mais humano. Cristo vem partilhar a vida convosco. Nasceu para vós, deu a vida por vós e continua a estar pronto a dar a vida por cada um” disse ainda estendendo os votos a todos os familiares que sonham “com um Natal em família”.
” Que seja quanto antes e para sempre. O Natal traz nostalgia, a nostalgia de casa que alimenta a esperança e, assim, o sonho de cada dia pelo qual vale a pena viver. Deus Menino é a nossa esperança!”, concluiu.
A festa de Natal organizada pelos voluntários que prestam apoio aos homens e mulheres detidos neste estabelecimento de alta segurança, em colaboração com a direção deste estabelecimento prisional, decorreu em dois momentos distintos: primeiro foi celebrada uma eucaristia, presidida por D. Armando Esteves Domingues e concelebrada pelo capelão do Estabelecimento Prisional, padre Marcos Miranda e depois houve um pequeno convívio, organizado e dinamizado pelos voluntários da cadeia, durante o qual o bispo de Angra pôde conversar individualmente, e de forma mais particular, com cada um dos reclusos.
Esta cadeia alberga homens e mulheres.