Esta quarta-feira completaram-se 40 anos do sismo que arrasou as ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, vitimando mortalmente 73 pessoas
O bispo de Angra lembrou a passagem do 40º aniversário do sismo que abalou as ilhas do Grupo Central- Terceira, São Jorge e Graciosa- e sublinha que a ameaça sismica é uma constante nos Açores com a qual os açorianos já estão familiarizados mas que “cria dificuldades”.
“É uma ameaça que os açorianos já aceitam como fazendo parte da sua vida”, lembra D. João Lavrador que não ignora que esta situação “cria dificuldades a nível das construções e afeta também as próprias igrejas”.
Atualmente ainda há templos que aguardam pela reconstrução, como uma capela na Paróquia de Santa Luzia, no Pico, ou de duas paróquias no Faial, onde vão arrancar as obras.
“Foi a conjugação de esforços e, sobretudo, a abertura por parte do Governo Regional para encontrar meios, também económicos, que permitiu esta reconstrução”, conclui o bispo de Angra.
O sismo que afetou fatalmente três das cinco ilhas do Grupo Central, no primeiro dia do ano de 1980, com intensidade de grau 7,2 na escala de Richter, matou 73 pessoas e desalojou 20 mil nos Açores. Com epicentro localizado a cerca de 50 km a WNW de Angra do Heroísmo, este sismo causou elevados danos materiais nas ilhas Terceira e de S. Jorge, e danos menores na ilha Graciosa. Mais de 15.000 edifícios ficaram total ou parcialmente destruídos.
As freguesias mais afetadas foram Doze Ribeiras, Santa Bárbara, Serreta e Cinco Ribeiras, situadas na metade ocidental da ilha Terceira, e a freguesia do Topo, localizada na ponta oriental da ilha de São Jorge, onde atingiu intensidade máxima de VIII na Escala Macrossísmica Europeia (EMS-1998).
O sismo de 1980 provocou um tsunami de fraca magnitude, somente detetado instrumentalmente pelos marégrafos de Angra do Heroísmo e da Horta, não provocando quaisquer danos.
Ramalho Eanes, então Presidente da República, declarou três dias de luto nacional e pediu auxílio à Marinha e à Força Aérea dos Estados Unidos destacadas na Base das Lajes para ajudar as autoridades portuguesas.
Estima-se que este sismo tenha sido registado durante entre 20 e 30 segundos: a julgar pelos sobreviventes entrevistados pelos geólogos, “primeiro houve um impulso rápido que se atenuou durante um certo intervalo de tempo, seguido de um balanço marcado, terminando num arranque forte que logo parou”, pode ler-se no estudo “Dez Anos Após o Sismo dos Açores de 1 de janeiro de 1980”. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, à época chamado apenas Instituto de Meteorologia, os dez primeiros segundos do terramoto foram os mais intensos, embora não tenham sido sentidos em duas das ilhas açorianas: Flores e Corvo.
Depois deste sismo, os Açores voltaram a ser abalados por um terramoto de magnitude 5,9 na escala de Richter a 9 de julho de 1998. Pouco passava das cinco da manhã quando um violento sismo com epicentro a 16 quilómetros da Horta atingia as ilhas do Faial, Pico e S. Jorge. Nove pessoas morreram, mais de 100 ficaram feridas e milhares de habitantes ficaram desalojados: cerca de 1.500 casas ficaram parcial ou totalmente destruídas na ilha da Terceira. O terramoto de 1998, que teve origem na falha tectónica do Faial, destruiu mais de 70% do parque habitacional da ilha. Aliás, só no século XX esta falha foi responsável por muitas das preocupações dos açorianos: foi nela que teve origem o sismo de 5 de abril de 1926, o terramoto de 26 de agosto do mesmo ano, a crise sísmica de 12 e 13 de maio de 1958 e o sismo de 23 de novembro de 1973, todos eles causadores de elevados danos materiais.