D. Armando Esteves Domingues presidiu à festa de Nossa Senhora dos Milagres, a última grande festa de verão dos Açores e apontou a religiosidade do povo açoriano como alavanca de uma “igreja capaz de uma nova evangelização”
O bispo de Angra, na homilia que proferiu esta tarde, na Missa solene da festa de Nossa Senhora dos Milagres, no Santuário Diocesano da Serreta, convidou os açorianos a fazerem da peregrinação à Serreta uma “cura de ares” para que possam ser construtores de um mundo onde o amor e a fraternidade “estejam no centro” da vida.
“Convosco, sinto-me também eu peregrino da Senhora dos Milagres, junto de quem podemos vir fazer uma `cura de ares´ como acontecia noutros tempos da história em que aqui vinham respirar este belo ar puro, obtendo saúde da alma e do corpo. Quanto precisamos e precisa o mundo desta cura de ar puro que traga esperança a tantos lugares de desgraça, desamor e injustiças”, afirmou D. Armando Esteves Domingues, que começou a celebração a consagrar “todos os habitantes da ilha Terceira e da diocese”, na “casa que é de todos”, porque “onde está Mãe e o Pai está a família reunida”.
“Peço-te por cada um, mas, hoje, confio ao teu cuidado e carinho, especialmente os que passam dificuldades, os jovens e todos os que, nas tarefas das paróquias e movimentos, constroem com o seu amor e trabalho a vida pastoral nos grupos e comunidades. Ensina-nos a caminhar unidos ao teu Filho, a sermos uma só família, pois todos te temos como Mãe”, disse o prelado.
D. Armando Esteves Domingues sublinhou o carisma mariano da ilha Terceira, “que deve ser de toda a Igreja e de cada cristão” e elogiou a religiosidade e a “simpatia” do Povo açoriano como sinais de uma Igreja viva.
“A simpatia, a partilha, a facilidade nos relacionamentos, o sorriso na cara são expressão de um povo marcado pelo evangelho de Jesus. Temos tudo para uma Igreja capaz de uma Nova Evangelização, capaz de voltar a dar esperança a todos. Peço a Maria que vos ilumine para fazer de cada comunidade, paróquia, grupo eclesial este lugar de esperança. Para tal, consagremo-nos à Mãe, consagremos-lhe o nosso amor. Ela nos servirá de mestra”, disse o prelado.
A homilia de D. Armando Esteves Domingues recuperou a imagem da Jornada Mundial da Juventude para destacar a alegria e o entusiasmo dos jovens, que tal como Maria se puseram a caminho “sem desistirem ou se queixarem” pois estavam “desejosos de um mundo novo”.
“Com as suas energias e inquietações podem acelerar mudanças urgentes na Igreja e no mundo”, enfatizou o bispo de Angra, que já no sábado, dirigindo-se especialmente aos jovens- já designados geração 2023- lhes tinha lançado o desafio de serem capazes de fazer do caminho e das comunidades onde se inserem “autênticos estaleiros para a construção da esperança”.
“Oxalá esta geração possa marcar a nossa sociedade (…) Sois importantes, precisamos de vós, correspondei!” apelou o bispo de Angra.
“Todos, crentes e menos crentes, somos chamados a percorrer as mesmas estradas onde encontramos homens e mulheres preocupados com um mundo sem esperança, descrente de si mesmo e desconfiado do outro. Que sejamos gente de esperança!”, exortou D. Armando Esteves Domingues, convidando ainda os jovens a serem testemunhas da alegria que experimentaram em Lisboa, nos vários momentos da JMJ, relembrando os três verbos que o Papa deixou aos jovens: resplandecer, ouvir e não temer”. “Precisamos de lampejos de luz que forneçam esperança para enfrentar os desafios”, frisou ainda o prelado.
Depois da homilia, uma das 900 jovens dos Açores, que participaram na Jornada em Lisboa, subiu ao ambão para dar testemunho do “desafio” que lhe “encheu o coração”!
“Aprendemos a viver a fé de uma forma diferente, a sermos mais unidos, a darmos as mãos mesmo aos desconhecidos; sempre unidos; passamos por momentos difíceis entre grupo, foi uma experiência incrível “ disse Érica, natural da Ribeirinha, na ilha Terceira.
“Conseguimos crescer com todos os momentos ruins e as palavras do Papa foram importantes para o crescimento espiritual e profissional. A mensagem que vos passo é que sejamos uma igreja unida e forte e que sejamos capazes de mostrar que a presença de Deus é muito boa e forte para vencermos os desafios do dia a dia”, concluiu aplaudida por toda assembleia.
Também o Reitor do Santuário dirigiu uma palavra final agradecendo aos peregrinos a fé demonstrada, especialmente nos dias da festa.
“O nosso santuário tornou-se um cenáculo da esperança, um estaleiro de fé e de esperança, com irmãos sempre presentes com fome e sede da palavra de Deus. Isso tocou-me o coração”, disse o padre João Pires.
A este Santuário, sobretudo nos últimos dias, têm acorrido milhares de peregrinos de toda a ilha em promessa ou ação de graças. Os donativos dos peregrinos , especialmente este domingo, revertem a favor da fundação pia diocesana criada pelo Santuário de Nossa Senhora dos Milagres e pelo Seminário Episcopal de Angra para a ajuda aos seminaristas mais pobres.