Bispo de Angra “inaugurou” mês da Compaixão proposto pela Associação Séniores de São Miguel

Foto: Igreja Açores/GF

Iniciativa decorreu em Ponta Delgada e visa motivar a comunidade para novos níveis de empatia, sobretudo diante da fragilidade e do sofrimento

A Associação Séniores de São Miguel lançou esta quarta-feira, dia 1 de novembro, uma “campanha” pela Compaixão, que terminará no próximo dia 28, Dia Mundial das Comunidades Compassivas, informa uma nota enviada ao sítio Igreja Açores.

A abertura desta iniciativa esteve a cargo do bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, que proferiu uma conferência sobre a Compaixão.

“A compaixão não pode ser um mero sentimento piedoso, pietista, uma espécie de sentimentalismo perante os que sofrem, mas um sentimento forte que nos faz sentir o desejo de cuidar da vida do outro e pressupõe uma total ausência de vontade de poder sobre o outro. (A esmola pode ser humilhante). A compaixão, como um modo de ser, que traz consigo uma disposição para cuidar do outro, para se dedicar ao outro na tentativa de aliviar a dor e o libertar da situação que a provoca” afirmou D. Armando Esteves Domingues.

O prelado enumerou as diversas vezes em que se fala de compaixão nos evangelhos ou nos salmos, como um atributo de Jesus que se mostra por variadas vezes “compassivo e misericordioso”,  e salientou que a compaixão “pratica-se até à vida eterna” e é uma forma de considerar o outro nas suas próprias circunstâncias agindo sobre elas, ao invés de o ignorar ou ficar indiferente.

A partir de uma reflexão sobre a etimologia da palavra, e tendo em consideração duas histórias- um conto árabe que relata a história de um homem que se compadece de um cão, animal impuro à época, ao qual deu de beber e tocou e um ditado budista que evidencia a virtude da relação entre dois seres (cuidando de mim cuido do outro e vice-versa)-, D. Armando Esteves Domingues recordou que a compaixão implica sempre cuidado e relação.

“A compaixão não desce de Deus para estar presente nas profundezas da consciência humana, ela está inscrita na própria realidade relacional que nos constitui. Aqui não há o fosso de uma estranheza a ultrapassar: há a presença de uma relação a reconhecer”.

É esta atitude diante do outro, sobretudo do mais frágil que esta iniciativa da Associação de Séniores de São Miguel pretende sublinhar.

O primeiro objetivo será “perceber junto de diferentes públicos-alvo, as ideias que cada um tem preconcebidas sobre este conceito, de forma a posteriormente podermos trabalhar este junto de cada um de forma mais assertiva, mas acima de tudo o de semear o conceito da compaixão que pressupõe o `sentir´ e o ´agir´ fazendo a diferença” explica ainda a organização desta `comunidade compassiva´, que integra uma rede de nove em todo o país.

“Pretendemos, com esta iniciativa, construir em cada comunidade `Árvores Compassivas´, nas quais as suas folhas serão em formato de coração e onde, cada pessoa, poderá escrever o que é para si `compaixão! Queremos criar uma floresta junto com a nossa comunidade!” refere a nota enviada.

A prática de `Comunidade Compassiva´ surge como uma “estratégia útil inerente ao processo de capacitação da Comunidade”, mediante a criação de uma cultura baseada na compaixão, e “é uma possível resposta ao desafio colocado a uma sociedade em envelhecimento”.

Esta é uma “comunidade que sente empatia com o sofrimento, se capacita para verificar os possíveis recursos que lhe deem resposta, e se mobiliza para aliviá-lo. Com isto, pretende-se que a comunidade em rede consiga de forma autónoma solucionar os problemas/necessidades dos membros que vivem numa condição vulnerável” esclarece a organização.

O conceito de comunidade compassiva deve ser entendido como uma “construção coletiva”, onde participam agentes de todo o tipo (profissionais, cuidadores, instituições, empresas, voluntários, vizinhos,…) que trabalham em rede para garantir que os cuidados aos mais frágeis, sejam, uma responsabilidade de todos nós.

Ao longo deste mês de novembro, a comunidade em geral e várias instituições são convidadas a refletir sobre este conceito (através de sessões dinamizadas por elementos da comunidade compassiva) e a construírem as suas árvores da compaixão.

Esta iniciativa do Portugal Compassivo, decorre em todo o país, sendo dinamizado, de forma concertada, pelas várias comunidades compassivas existentes.

A campanha culminará no dia 28 de novembro – o Dia da Compaixão – onde várias entidades serão convidadas, num momento único, a assinarem de forma simbólica a “carta da compaixão” de forma a assumir conjuntamente o compromisso de “formarmos um São Miguel mais compassivo”.

(Noticia atualizada, hoje, às 22h00)

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