D. António de Sousa Braga diz que apesar da diversidade dos problemas diagnosticados no documento de trabalho para a Assembleia Extraordinária do Sínodo “é importante” encontrar respostas claras de “acolhimento” e não de “julgamento”.
Sem respostas pastorais “novas e ousadas” qualquer diagnóstico sobre a problemática da família no mundo atual, que é “muito diversificada”, ficará tudo como antes, diz o Bispo de Angra numa primeira análise do documento de trabalho (Instrumentum Laboris), que acaba de ser publicado, para a Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que se vai realizar de 5 a 9 de Outubro de 2014, em Roma.
“A Igreja não pode mudar o conteúdo da fé, mas sim as atitudes e práticas pastorais. E as propostas nesse sentido são muitas. Terão que ser discutidas e aprofundadas, na Assembleia sinodal de Outubro de 2014” disse D. António de Sousa Braga numa reação ao Portal da Diocese.
Este “Instrumento de Trabalho” é a recolha das respostas ao questionário do Documento Preparatório, que foi enviado a todo o mundo, com nove questões desdobradas em 38 alíneas. E, desta vez, a consulta foi para além dos organismos oficiais e das próprias fronteiras da Igreja.
“O Instrumentum Laboris recolhe a problemática sentida, em todo o mundo, sobre a crise da família, os vários pareceres e sensibilidades. As análises e propostas não são unânimes mas, uma coisa é certa: tem de haver respostas pastorais novas e ousadas”, sublinha D. António de Sousa Braga.
O Instrumentum Laboris consta de três partes: O Evangelho da família hoje, A Pastoral da Família Face aos Novos Desafios e a Abertura à Vida e a Responsabilidade Educativa.
Na primeira parte apresenta-se a ideia de “família, segundo o desígnio de Deus” (Bíblia e Magistério da Igreja), constatando-se que “é fraco o conhecimento dessa doutrina, mesmo entre católicos”.
No segundo “capítulo”- a Pastoral da Família Face aos Novos Desafios- recolhe-se numa longa lista de situações familiares críticas e difíceis, -convivências e uniões de fato, separados e divorciados, divorciados recasados e seus eventuais filhos, mães solteiras e quantos se encontram em condições de irregularidade canónica- que exigem e mostram que “não se pode deixar as coisas como estão”, sublinha o prelado diocesano .
Finalmente, o terceiro e último “capítulo”- A Abertura à Vida e a Responsabilidade Educativa- afigura-se como “um vasto campo que exige respostas pastorais inovadoras, nomeadamente, como se pode apoiar uma mentalidade aberta à vida”, destaca o Bispo diocesano.
Sobre a “longa” exposição à cerca da problemática atual das dificuldades na transmissão da fé aos filhos, nomeadamente nas situações familiares difíceis, o Bispo de Angra critica o facto de serem apresentadas muitas respostas e “iniciativas interessantes” como a insistência na preparação para o matrimónio mas” não se veem resultados plausíveis”.
Recordo que ontem o Vaticano publicou a primeira versão do instrumento de trabalho que será analisado e discutido na Assembleia extraordinária de Bispos em outubro deste ano e para o qual a Diocese de Angra deu um contributo que foi integrado na “posição” oficial da Igreja portuguesa através de um documento entregue pela Conferência Episcopal.
Esse documento com 40 páginas foi elaborado a partir do contributo de cinco das nove ilhas açorianas bem como do Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Familiar.
Esta quinta feira, o responsável diocesano pela pastoral familiar, Pe José Medeiros Constância, em declarações ao Portal da Diocese instava a igreja açoriana a fazer uma avaliação sobre a realidade família no arquipélago.