Bispo de Angra encoraja Irmandades a revitalizarem-se e a renovar um compromisso “criativo e dinâmico” que faça crescer a fraternidade

“Ser irmão não é uma atividade pós laboral nem apenas um lugar de solidariedade concreta, mas um caminho onde se forja a santidade”- D. Armando Esteves Domingues

O bispo de Angra inaugurou esta noite o ciclo de conferências promovido pela Irmandade do Senhor Santo Cristo e apelou ao compromisso “criativo e dinâmico” dos irmãos na vida associativa e na presença caritativa no mundo,  numa reflexão sobre as Irmandades no Jubileu.

“Deixem-se animar pelo Espírito e caminhem como fazem nas procissões; façam-no em toda a vossa vida comunitária, pois as irmandades são forjas de santidade” disse D. Armando Esteves Domingues, salientando que os seus objetivos, independentemente do seu carisma são o  culto, a caridade e a catequese.

“Ser irmão não é uma atividade pós laboral nem apenas um lugar de solidariedade concreta,  mas é um caminho onde se forja a santidade,  através da oração e da formação espiritual” concretizou o prelado diante de uma assembleia expressiva, que se reuniu esta noite no Coro Alto da Igreja da Esperança- Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que é a Igreja Jubilar da ilha de São Miguel.

O bispo de Angra procurou em toda a sua intervenção deixar interpelações e desafios à irmandade do Senhor Santo Cristo da qual é irmão, como fez questão de revelar ao mostrar o diploma.

“Que marca estamos a deixar no mundo de hoje? Quem dera pudessem dizer de nós, quando morrêssemos, que estivemos aqui e deixamos uma marca”, disse o prelado, referindo-se especialmente ao cuidado dos pobres e dos mais frágeis numa paróquia, numa comunidade onde mais ninguém possa chegar.

Na reflexão sobre o papel das Irmandades, “um dos movimentos de leigos mais fortes da Igreja Católica”- em Portugal, a primeira apareceu em 1498 e as Irmandades açorianas mais antigas completaram já os 500 anos da sua fundação: Angra, Praia da Vitória e Horta- D. Armando Esteves Domingues lembrou que “não são simples sociedades de ajuda mútua ou associações filantrópicas, mas  um grupo de irmãos que, querendo viver o Evangelho, sabendo que são parte viva da Igreja, se propõem pôr em prática o mandamento do amor”.

Por isso, desafiou: “ caminhemos com todos, para levarmos esperança a pessoas que vivem uma particular situação de periferia…Este Jubileu deve deixar marcas nas irmandades em geral e nesta em particular”.

“ O nosso tempo, embora seja de crise e carenciado de novos leigos capazes de ler os sinais dos tempos e  responder às necessidades dos irmãos, é um tempo de oportunidade” referiu ainda o bispo de Angra.

“Sois fundamentais para promover aquela perspetiva familiar do mundo e dos ambientes partindo duma visão crente, isto é, conjugando a paternidade de Deus com a esperança de uma fraternidade universal, sem fronteiras nem discriminações”.

Neste sentido, D. Armando Esteves Domingues  incentivou a irmandade do Senhor Santo Cristo, que este ano completa 260 anos, no dia 21 de abril, a “revitalizar-se” à semelhança do que está a acontecer em vários países da Europa com as várias irmandades, umas de cariz penitencial, outras marianas desde a Espanha a Itália, sem esquecer a Polónia.

“Se o Concílio tanto exortou a que se promova a vocação laical, é precisamente neste espírito que é necessário olhar com renovado interesse para este fenómeno.”, disse ainda.

A intervenção que não esgotou o diálogo posterior, deixou ainda o convite à Irmandade do Senhor Santo Cristo: convido um membro vosso, voluntário, para fazer parte de um grupo alargado que prepare o Jubileu da Misericórdia. Oxalá este caminhar juntos possa iniciar um período novo de revitalização da fé, da comunhão fraterna e da abertura proativa aos pobres e ao trabalho com todos os que se trabalham para a diminuição da pobreza estrutural dos Açores”.

“ Só precisamos de nos renovarmos e organizarmos. Este ano Jubilar pode ser decisivo para aproximar mais a Deus e implementar os modelos de fé, de caridade e formação que estiveram nas origens” concluiu.

Nos Açores, há uma extraordinária presença de 409 Irmandades: 23 Misericórdias, 46 do Santíssimo Sacramento, 33 de Nossa Senhora, 3 do Senhor Santo Cristo, 3 da Santíssima Trindade, 4 de diversos santos e 294 dos Impérios do Espírito Santo. Em 2027 constavam 308 do Espírito Santo.

 

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