Homília de Natal na Sé apela a um caminho solidário fora dos jogos de poder e dos bens materiais.
O Bispo de Angra pediu a todos os cristãos que “não tenham medo” e optem pela construção de um caminho de justiça, de amor e de paz, “fora dos jogos de poder que dominam o mundo”, durante a homília da Eucaristia de Natal, esta noite, na Sé de Angra.
“A partir de Belém põe-se em marcha uma nova sociedade não dominada pelo apego aos bens materiais, necessários, mas que não se podem tornar a única finalidade da vida humana. O Mistério do Natal é o outro reverso da medalha, na história da humanidade. O Deus, feito homem, segue o caminho do amor gratuito e solidário, fora dos jogos de poder que dominam o mundo”, disse o Prelado Diocesano.
D. António de Sousa Braga apelou, por isso, à simplicidade e à verdadeira solidariedade com espírito de sacrifício, tal como Jesus que nasceu, se fez homem e morreu na cruz por amor.
O “seu caminho é também o nosso”, referiu o Bispo lembrando que “no meio de toda esta crise, podemos e devemos esperar dias melhores, mas isso não acontecerá sem o nosso sacrifício, sem o nosso empenho e entrega, sem a sobriedade de vida, que torna possível a partilha e entreajuda, a justiça e a equidade”.
Para que esta “entrega” seja genuína tem de haver fé “pura e sem falsos apoios”, acrescenta D. António de Sousa Braga porque “só assim começa a aparecer o verdadeiro rosto do Deus da Bíblia: um Deus que interpela, que incomoda e que desafia. Que não responde, pergunta. Que não soluciona, põe em conflito. Que não facilita, dificulta. Não explica, complica. Não gera crianças, faz adultos.”
Para o Bispo de Angra este é “o verdadeiro Deus libertador”, que “nos arranca das nossas inseguranças, ignorâncias e injustiças, não fugindo delas, mas enfrentando-as e superando-as”.
É este o exemplo do caminho que qualquer cristão deve seguir, exorta o Bispo de Angra, sobretudo numa altura de grande “aflição” em, que a “grande crise nos domina”.
“Que caminho procuramos e seguimos? Não há outro caminho para a realização da Promessa de Deus. Por isso, não tenhamos medo da grande crise, que estamos a atravessar. Temos é de a assumir e enfrentar, realizando as mudanças necessárias, para seguirmos o caminho, inaugurado em Belém pelo Filho de Deus, feito Homem”.
O Bispo de Angra lembrou, ainda, que as crises devem ser encaradas como “momentos oportunos de mudança”, o que faz deste momento particular da história da humanidade, “um momento de graça, conclui.