D. Armando Esteves Domingues tem agendadas quatro visitas pastorais às ilhas mais pequenas: duas este ano e duas no próximo, quando a Igreja celebra o Jubileu da Esperança
Na véspera do início da primeira visita pastoral do seu episcopado, D. Armando Esteves Domingues dirige-se “ao Povo de Deus” pedindo a todos que o acompanhem nestas viagens que servirão para conhecer a realidade das comunidades e avaliar o bem que já se fez e que pode ser melhorado.
“Vai ser bom encontrarmo-nos e ver que podemos fazer melhor, sobretudo se nos soubermos unir para pensar juntos, escutar, dialogar e discernir sem deixar ninguém de fora, zelando para que a nossa diocese seja um espaço cada vez mais justo e fraterno, mais plural e aberto, um verdadeiro poliedro onde cada face é igualmente importante” refere o prelado diocesano.
Inspirado no Evangelho de Lucas, nomeadamente no episódio dos discípulos de Emaús, D. Armando Esteves Domingues convida cada diocesano a encontrar a mesma esperança no Ressuscitado, que os discípulos encontraram.
“Para nós, Igreja açoriana, encetar caminhos de esperança pede o passo, mesmo se pesado, de cada um; precisa da palavra, mesmo se triste, de cada caminhante; precisa de coração aberto à escuta de uma outra Palavra; precisa de coração quente e não apenas de mente e lógica humanas; precisa do Ressuscitado na história de cada um para dar sentido ao que é comum”, pode ler-se na carta.
“É com grande expectativa que inicio as chamadas visitas pastorais às paróquias da Diocese de Angra. Espero conhecer mais profundamente a geografia física, humana e religiosa das nove ilhas” afirma o prelado sublinhando que a visita “é uma tarefa primária do bispo diocesano para encontrar, escutar e confirmar na fé as pessoas e comunidades cristãs, bem como cimentar laços com todos, também com os homens e mulheres de boa vontade ou mesmo não crentes”.
“Somos companheiros da mesma viagem” afirma.
“É meu desejo conhecer o que se faz nas paróquias e ouvidorias no anúncio da Palavra (evangelização), no cuidado com os pobres (caridade) e na oração e Sacramentos, em especial a Eucaristia (liturgia)” salienta destacando que as visitas pastorais começam “pelas ilhas mais pequenas”- Flores em setembro/outubro, S. Jorge em dezembro, Graciosa em fevereiro e Santa Maria em março- num período da vida da Igreja Universal, e também diocesana, de “forte reflexão e esforço” para “discernir rumos novos” para uma “Igreja em saída missionária, com lugar para todos e preparada para encarnar o Evangelho em palavras e gestos que todos entendam”, sublinhando, ainda, que a Sinodalidade, Fraternidade e Esperança “são hoje autênticos laboratórios de experimentação do futuro”.
“Vamos fortalecer a comunhão fraterna entre nós para nascerem as estruturas necessárias, e se relançar a esperança numa Igreja mais ministerial e missionária”, desafia D. Armando Esteves Domingues que volta a destacar “o muito bem” que há nas comunidades, como a “generosidade e até heroicidade dos catequistas”, “o quanto bem fazem os milhares de leigos envolvidos nos Conselhos Pastorais e nos Conselhos Económicos, nos Grupos Corais, nas Instituições Particulares de Solidariedade Social, Grupos Cáritas, Vicentinos, Movimentos Juvenis, Familiares e de Espiritualidade, nas Irmandades do Divino Espírito Santo e outras, nas Romarias” bem como o envolvimento dos jovens em tantas atividades.
“Há muitas razões para a esperança!” porque “há muitas sementes”, refere D. Armando.
“Desejo agradecer tudo o que se faz e perceber as dificuldades e sinais de crise para discernirmos em conjunto os tais caminhos novos e seguir”, afirma na carta ao Povo de Deus, dirigida a padres, diáconos, religiosos e religiosas, movimentos e serviços, crentes e pessoas de boa vontade.
“Vamos ter oportunidade para um auto exame à luz do Evangelho de Jesus e dos desafios que os novos tempos nos lançam”, afirma, alertando para alguns “sinais de crise”, como “a busca e a vivência dos sacramentos apenas com caráter sociológico e não como etapas de compromisso a viver como discípulos de Cristo”, o “abandono da prática dominical da Eucaristia como referência comunitária”; a “perda do sentido da vocação cristã, seja ela laical, familiar, de consagração ou sacerdotal”; “paróquias com falta de voluntários leigos e serviços demasiado centralizados no pároco” e a “falta de concretização de uma Igreja verdadeiramente Povo de Deus, com mais serviços e ministérios laicais, assumidos por fidelidade consciente ao batismo e não apenas porque o pároco chama”.
O prelado nomeia ainda a “perda da vivacidade comunitária nas paróquias” e salienta a necessidade de uma maior e melhor acolhimento “a quem é diferente, a quem tem necessidades especiais” mas “quer ser incluído”, destacando uma aposta na pastoral da mobilidade humana.
Estas primeiras Visitas Pastorais decorrem dentro do Itinerário Pastoral 2023/25, com o título “Todos, todos, todos, Caminhar na Esperança”. O Itinerário prepara a Diocese para uma caminhada até aos 500 anos da sua fundação, em 2034.
“Também aqui as Visitas Pastorais podem ser um verdadeiro Laboratório de Esperança que fique para o futuro. Seguir-se-á, em 2025, o Jubileu da Esperança”, realça, destacando que Cristo “caminha com a sua Igreja e com a humanidade”.
“Ele ama este mundo e sabe tirar o bem mesmo do mal e inquietar os corações mais fechados, para que se abram à verdade, à justiça, ao perdão e à paz. Ele é a esperança que não desilude, que não engana. E é sobre Ele que devemos construir esta Igreja plural, de onde transborde o Seu amor em cada um de nós, nas relações uns com os outros e com o mundo”, afirma ainda.
A carta termina com uma mensagem direta para a ilha das Flores, onde a partir de sábado próximo inicia a primeira visita.
“Saúdo os padres e diácono, todos os empenhados na pastoral, os membros do Conselho Pastoral e dos Conselhos Administrativos e, muito particularmente, os mais idosos, os doentes, frágeis, as crianças e as famílias. Espero contar com a alegria dos nossos jovens e vê-los ao longo da Visita. Saúdo os moradores que vieram de outros países e culturas e partilham os mesmos espaços desta bela e abençoada Ilha das Flores!” afirma pedindo que a ouvidoria seja “uma verdadeira comunidade de comunidades”.
“Estou ansioso por vos encontrar. Peço-vos que rezeis pelo bom êxito desta visita e confio-vos à Nossa Mãe e Rainha da Esperança, a quem confio esta etapa da vida diocesana”, conclui.