D.João Lavrador volta a escrever mensagem para a “festa diocesana da Família” no próximo domingo, dia da Sagrada Familia, inspirada na exortação apostólica a Alegria do Amor
O bispo de Angra afirma que é “urgente” evangelizar a família anunciando “com palavras e gestos concretos” a boa nova da família contrariando assim uma sociedade e uma cultura que “tem o ser humano prisioneiro na ignorância acerca da identidade do matrimónio e da família, e tem cativa a beleza que devia resplandecer no amor matrimonial e familiar”.
Numa nota inspirada na exortação do Papa Francisco A Alegria do Amor- “O bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja (AL, 31)”-, no contexto da celebração do Natal que tem sempre a Sagrada Família como pano de fundo, D. João Lavrador lembra que esta atenção à família deve ser feita no exercício de uma pastoral familiar de proximidade.
“O cuidado pastoral para com a família exige o acompanhamento, seja em grupos, seja em movimentos de espiritualidade, seja no contacto pessoal com o ambiente familiar. A auscultação dos seus problemas e anseios, das suas dificuldades e das suas propostas são importantes para uma pastoral familiar que responda à realidade concreta que se vive nas comunidades cristãs” afirma o prelado.
“Nunca é demais dedicarmos algum tempo sobre a realidade concreta que afecta as nossas famílias de hoje. Desde a preparação para o casamento, passando pela desmotivação para um compromisso sério e sacramental, incluindo uma cultura que vai demolindo os valores familiares, os ataques à vida humana e a falta de condições que na sociedade actual impedem uma verdadeira dignidade na comunidade familiar, culminando num hedonismo e num materialismo reinantes que não deixam espaço para o verdadeiro amor, entrega mutua e projecto de vida familiar com futuro”, acrescenta.
O Prelado deixa, ainda, palavras de incentivo aos responsáveis diocesanos da pastoral familiar para que seja capaz de desenvolver uma evangelização “que denuncie, com desassombro, os condicionalismos culturais, sociais, políticos e económicos, bem como o espaço excessivo dado à lógica do mercado, que impedem uma vida familiar autêntica, gerando discriminação, pobreza, exclusão e violência”. Por isso aconselha a que os leigos se comprometam na vida política e social de forma a que se possam encontrar políticas que favoreçam a família ao invés de a impedirem.
Dirigindo-se aos responsáveis diocesanos lembra “os bons frutos” que este serviço tem dado à diocese e encoraja-os a “alentar todos os casais e famílias para se integrarem nestes círculos de vivência e convivência nos quais poderão encontrar apoio para a caminhada feliz na vida matrimonial e familiar”.
“Encorajo todos os que têm responsabilidades educativas e que estão na missão da pastoral familiar a reconhecerem a urgência de uma autêntica evangelização da família” , propondo valores cristãos, que vão ao encontro das necessidades concretas da família nos nossos dias.
“Não podemos deixar de continuar a sensibilizar os cristãos e as comunidades cristãs para o apoio a dar às situações de matrimónio e de famílias em situação de crise para o devido acompanhamento e para a adequada integração na comunidade cristã.”, afirma ainda o prelado lembrando que a família “alicerça a sua espiritualidade na Eucaristia, no sacramento da reconciliação, na oração familiar, no diálogo permanente e no perdão mútuo devem merecer uma particular atenção e empenho de todas as famílias que queiram viver no amor fecundo, sólido e permanente”.
A mensagem termina com um enquadramento dos desafios da família no âmbito da caminhada sinodal que a diocese é convidada a fazer neste ano pastoral.
“A caminhada sinodal na qual a diocese se empenha sob o lema «a beleza de caminharmos juntos em Cristo» deve proporcionar às famílias a responsabilidade que lhes cabe na promoção da comunhão e no compromisso que lhes é próprio na evangelização, na relação com a paróquia e na resposta aos desafios de uma participação mais ativa e consciente na missão da Igreja no mundo de hoje”, afirma o prelado.
“No contexto da caminhada sinodal exige-se que a rede da pastoral familiar se estenda da diocese com o seu serviço diocesano, às Ouvidorias e às paróquias. Deixo o apelo para que não haja nenhuma paróquia que não tenha um grupo de pastoral familiar” conclui sublinhando que todas as famílias diocesanas devem aprender com a família de Nazaré a viver “no amor, na partilha, na santidade e na missão evangelizadora”.
Neste domingo da oitava de Natal, a Igreja celebra a festa da Sagrada Família e convida todos a olhar para Jesus, Maria e José, que desde o início tiveram que enfrentar os perigos do exílio no Egito, mas, sempre mostrando que o amor é mais forte do que a morte. Eles são um reflexo da Trindade e modelo de cada família.
A solenidade da Sagrada Família é uma festa que incentiva a aprofundar o amor familiar, examinar a situação do próprio lar e buscar soluções que ajudem o pai, a mãe e os filhos a serem cada vez mais como a Família de Nazaré.