Bispo de Angra deseja uma Igreja “farol” para os açorianos capaz de levar esperança a todos os que sofrem ou se sentem excluídos

Diocese assinala este domingo 490 anos. Programa diocesano para o jubileu é apresentado esta tarde com transmissão em direto em https://www.facebook.com/igrejaacores

Foto: Igreja Açores/Arquivo

A diocese de Angra “sempre foi um farol no meio do Atlântico e queremos que ele continue a brilhar pela vida em si” afirma o bispo de Angra no dia em que a Diocese assinala 490 anos da sua criação e começa oficialmente um novo ano pastoral, muito marcado pela celebração do Jubileu da Esperança dando continuidade ao Itinerário Pastoral definido para o biénio 2023-2025.

“490 anos é muito tempo de história de uma diocese que se foi fazendo e que continua a fazer-se de uma forma particularmente notória. No seio da Igreja tanto se fez pela instrução e educação das pessoas, pelo socorro social e por isso, celebrar 490 anos é dar graças a Deus pelas pessoas que ao longo do tempo serviram a Igreja e servindo a Igreja serviram os Açores e é, também, preparar o futuro” refere o prelado numa conversa com o Sítio Igreja Açores, que pode ouvir no programa de rádio a partir do meio-dia, na Antena 1 Açores e no Rádio clube de Angra.

Esta tarde será apresentado no Seminário Episcopal de Angra o programa delineado para o ano pastoral fortemente marcado pelo Jano Santo da Igreja Universal a que o Papa chamou Jubileu da Esperança. A partir das 16h00 no Seminário e depois na Sé, às 18h00, com transmissão em direto em https://www.facebook.com/igrejaacores dar-se-á início formal ao ano pastoral, celebrando este aniversário da igreja insular.

“O projeto pastoral é de continuidade, a natureza não se faz aos saltos e também uma diocese não se faz de repente”, salienta D. Armando Esteves  Domingues afirmando que se trata “da continuação do Itinerário pastoral que começou no ano passado, que assentava num lema -Todos, todos todos, caminhar na esperança-  já num convite claro a todos caminharmos como povo junto a Cristo e neste segundo ano muito virado para o Jubileu da Esperança”.

“Jubileu é isto: celebrar Cristo e de 25 em 25 anos a Igreja fá-lo de uma forma diferente. Ele que é a nossa alegria de cristão e por isso temos este projeto, que vamos viver muito à base de iniciativas em Igrejas Jubilares” prossegue ainda o prelado.

A diocese terá  9 Igrejas jubilares – uma por ilha- sendo que em três – São Miguel, Pico e São Jorge- as igrejas jubilares serão os santuários diocesanos do Senhor Santo Cristo, Bom Jesus e Santo Cristo da Caldeira, respetivamente.

“Em cada ilha vamos ter uma igreja para onde convergirão as peregrinações ( um dos sinais mais evidentes do jubileu) a onde os cristãos poderão rezar, celebrar o sacramento da reconciliação e obter essa indulgência que é a expressão da misericórdia de Deus”, explica ainda.

“Esta vida é a vida nova que permite a renovação da Diocese. Quando nós nos convertemos, quando cada um se renova e consegue avançar é uma oportunidade de graça.. Mas, também queremos muito abrir-nos ao mundo”, referiu ainda o bispo de Angra que pelo segundo ano consecutivo preside às celebrações do dia da Diocese.

“Quem dera fossemos capazes de nos libertar das cadeias que nos amarram e pudéssemos ser esperança para todos os que sofrem”, conclui o bispo de Angra.

A diocese de Angra foi criada pelo Papa Paulo III, por meio da Bula Aequum Reputamus, de 3 de Novembro de 1534, autonomizando-se da diocese do Funchal de que era sufragânea.

Desde então, a diocese insular, foi governada por 40 bispos- o 40º bispo de Angra é D. Armando Esteves Domingues-; apenas dois deles são naturais dos Açores. A diocese está dividida territorialmente em 17 ouvidorias; apenas são Miguel (8) e Terceira(2) têm mais do que uma ouvidoria.

As paróquias dos Açores começaram por estar sujeitas à jurisdição da Ordem de Cristo, exercida pelo Vigário nullius de Tomar.

Os primeiros povoadores católicos foram instruídos pelos franciscanos que chegaram em 1456 à ilha Terceira, onde construíram uma ermida e em 1470 erguem o Convento de São Francisco de Angra. Em 1461 dá-se a fundação da Ermida de São Salvador a mando de Álvaro Martins Homem, fundador da vila da Angra. Essa ermida esteve na origem da Sé Catedral de Angra do Heroísmo.

Após a descoberta das ilhas dos Açores e do seu subsequente povoamento, o governo eclesiástico do arquipélago passou por três fases distintas.

A primeira fase vai desde o descobrimento-povoamento até à criação da diocese do Funchal, que ficou em 1514 com a jurisdição de todas as ilhas atlânticas, a costa de África, a Índia,  bem como todas as descobertas portuguesas, tornando-a a maior de todas as Dioceses que alguma vez existiram no mundo.

Desta forma entramos na segunda fase da jurisdição canónica dos Açores, dado que esta passa para a alçada da nova Diocese do Funchal.

A terceira fase da jurisdição canónica dos Açores e que perdura até ao presente, começa com a fundação da Diocese de Angra.

O Papa Paulo III, pela Bula Gratiae divinae proemium, datada do mesmo dia da criação da Diocese, confirma a nomeação do primeiro Bispo de Angra na pessoa de D. Agostinho Ribeiro (1534-1540).

A Igreja nos Açores foi sempre um fator de coesão entre as ilhas sendo a responsável por tantas obras sociais desde a educação á cultura passando pela assistência aos mais desfavorecidos garantindo sempre uma presença efetiva em momentos de catástrofe.

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