Bispo de Angra desafia praienses a edificar uma comunidade que seja “a casa e a escola da comunhão”

D. João Lavrador presidiu à celebração dos 500 anos de dedicação da Igreja Matriz da Praia da Vitória

O bispo de Angra presidiu este domingo à Missa solene que evoca os 500 anos da dedicação da Igreja Matriz da Praia da Vitória e desafiou os paroquianos a comprometerem-se na construção de uma comunidade espiritual que esteja disposta a ação de testemunhar o Evangelho.

“Urge o compromisso de todos e de cada um de nós na vida renovada da comunidade cristã” disse D. João Lavrador, lembrando que qualquer comunidade tem que saber escutar “os sinais do tempo” e orientar-se pelo Evangelho, descobrindo “os caminhos de evangelização para o mundo de hoje”.

“Ser cristão exige a consciência de pertencer a uma comunidade que se distingue pela vivência da comunhão eclesial e testemunha perante o mundo, a Vida Nova de Jesus Cristo” disse o prelado destacando a importância da Eucaristia.

“Isto significa que antes de programarmos qualquer acção é preciso promover uma espiritualidade de comunhão elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades” afirmou o bispo de Angra citando o Papa Francisco.

Por isso, acrescenta, “alicerçados numa tão bela história de 500 anos de vida desta paróquia e reconhecendo como ao longo do tempo Jesus Cristo chamou tantos homens e mulheres a configurarem a própria vida com a Sua vida, somos nós hoje chamados a reconhecer que a vida cristã parte e integra em si mesma o chamamento de Jesus Cristo dirigido a cada um e a exigir uma resposta intima ao Seu apelo”, disse.

“ Sem este dinamismo vivido por cada batizado a fé cristã deixa de ter o encanto e a beleza que ela mesma possui”.

Os 500 anos de história da Igreja Matriz da Praia da Vitória são celebrados no dia da Solenidade da Santíssima Trindade, um dia de apelo “à unidade” na medida em que Deus é só um “Pai, Filho e Espírito Santo”.

A Igreja Matriz da Praia da Vitória foi  sagrada em 24 de Março de 1517 pelo bispo D. Duarte, que veio de visita aos Açores. Na ocasião, D. Duarte depositou várias relíquias numa caixa, na parede do altar-mor.

Reconstruída em 1577 sofreu alterações posteriores, nomeadamente em 1810 e 1842, em função dos grandes terramotos que assolaram a ilha em 24 de Maio de 1614; 24 de Junho de 1810; 15 de Junho de 1841 e 1 de Janeiro de 1980.”

O seu órgão de tubos foi construído em madeira de mogno em 1793 por António Xavier Machado e Cerveira, tendo sofrido intervenção de restauro em 1991 sob os cuidados de Dinarte Machado.

É o maior espaço religioso do concelho e encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pela Resolução nº 41, de 11 de Junho de 1980.

A igreja é constituída por um corpo principal, de planta retangular, pelo corpo da capela-mor, também de planta retangular, com largura aproximadamente igual à da nave central, ladeada por duas torres sineiras, uma de cada lado da fachada principal, e por diversos corpos retangulares (correspondentes aos absidíolos, às capelas laterais, à sacristia e a outros anexos) adossados a ambos os lados dos corpos das naves e da capela-mor.

O seu interior, ricamente decorado, divide-se em três naves, separadas por duas séries de seis arcos de volta perfeita apoiados em pilares de seção quadrada. Nele destacam-se a capela-mor, a Capela do Santíssimo Sacramento e a Capela de Nossa Senhora do Rosário, com rica talha dourada em estilo barroco, as abóbadas nervuradas das capelas laterais, também em estilo manuelino, e a Capela do Senhor dos Aflitos, com um retábulo de madeira disposto em oito painéis, em estilo renascentista. Também são dignas de menção, no batistério, uma pia batismal em mármore e, nas duas primeiras colunas dos arcos que dividem o templo, as pias de água benta, que se acredita foram oferecidas por Manuel I de Portugal, e um antigo e raro lustre de madeira. A Capela do Santíssimo, dos séculos XVII e XVIII, destaca-se pelo seu retábulo em talha dourada e pelo pórtico em ferro forjado. Na sacristia destacam-se um magnífico arcaz de madeira de jacarandá e uma mesa oval, de pedra de lioz. Várias peças de arte sacra integram um tesouro que conta com raras imagens e alfaias religiosas. Os dois sinos grandes são de 1473 o de menor dimensão data de 1857.

 

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