Mensagem de Natal de D. João Lavrador deixa críticas a um modelo de sociedade consumista, frenética e fechada “sem dimensão da transcendência”
O bispo de Angra exorta os açorianos a buscar o sentido da vida e da sua existência a partir da simplicidade do presépio, na mensagem de Natal que acaba de tornar pública esta segunda-feira, inspirada no Evangelho de São João “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
“Para o ser humano que não sabe o que fazer com a vida, e por isso a maltrata, a desvaloriza, se apropria dela e se deleita em imprimir-lhe os sinais de morte, é urgente e imperioso conduzir a pessoa humana, em qualquer contexto cultural, religioso, social ou étnico para fazer o caminho até ao presépio onde se encontrará não só com a presença pessoal de Deus mas também com a resposta profunda embora velada ao sentido da existência humana” afirma D. João Lavrador na mensagem de Natal para este ano em que a diocese se encontra numa `caminhada sinodal´.
“O presépio, onde encontramos a Palavra Eterna de Deus Encarnada na nossa história, na fragilidade de uma Criança, é o forte e surpreendente convite a todos para se encontrarem com a Fonte da Vida e n’Ela beberem da realização plena que se nos oferece”, prossegue o prelado, sublinhando que este ´o “único” caminho para que o homem se descubra “em si mesmo, o sentido da sua existência, o valor da vida e o caminho do amor”.
D.João Lavrador alerta no entanto que este “caminho” pressupõe abdicar de algumas marcas de uma sociedade “que não sabe viver a vida” e que é marcada por uma “cultura fechada num humanismo sem expressão da Transcendência”.
Desde logo, “o despojamento e o deixarmo-nos desinstalar do nosso conforto pessoal, racional, religioso e emocional; encetar um caminho com a sua aridez e incómodo até chegar ao local do encontro; descobrir ao longo da caminhada os sinais de Deus que vêem da contemplação da natureza ou do clamor dos nossos contemporâneos; percorrer o caminho do amor, da entrega pessoal e da descoberta do outro como irmão”, afirma o prelado na mensagem de Natal.
“No contexto de uma cultura de morte, numa sociedade que não sabe como viver a vida em plena realização, urge percorrer os caminhos que levam até Jesus de Nazaré para aprender a viver no Amor e fazer d’Ele uma missão permanente” esclarece sublinhando que só assim os cristãos poderão ser fonte de esperança na missão que lhes é confiada.
“Deste modo, podemos oferecer esperança aos idosos, aos doentes, mesmo os que estão em maior sofrimento, aos excluídos da sociedade, aos pobres e aos abandonados, aos emigrantes e aos prisioneiros, porque o Amor é vida, é alegria, é esperança e é missão junto de todos os que imploram de nós os gestos concretos para saborearem nas Fontes da Vida a alegria plena”.
A mensagem termina com votos de “um santo e feliz Natal” especialmente “aos idosos, aos doentes, aos emigrantes, aos prisioneiros, aos pobres e excluídos”.