O prelado fez conferência na Ribeira Grande a convite da confraria do Santíssimo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela
Os cristãos “como peregrinos da misericórdia” devem ser capazes de construir “uma nova sociedade e edificar uma nova cultura digna do ser humano” disse esta segunda feira o bispo de Angra durante uma conferência intitulada “Peregrinos da misericórdia nesta terra”, que decorreu no teatro Ribeiragrandense.
“Verdadeiramente temos uma missão. Somos peregrinos da misericórdia nesta terra e vamos construir uma nova sociedade, edificar uma nova cultura mais dignas do ser humano e vamos comprometer-nos na Igreja como testemunhas autênticas do Evangelho da Alegria nesta terra” afirmou D. João Lavrador.
O prelado que participou numa iniciativa levada a cabo pela Confraria do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, destacou que todos “necessitamos de ser olhados com misericórdia e devemos olhar os outros com misericórdia.”.
A partir de dois textos do Papa Francisco- a bula de proclamação do Jubileu da Miserciórdia e a Enciclica Laudato Si- o bispo de Angra falou da necessidade de construir comunidade e dessa comunidade caminhar lado a lado.
“Não caminhamos sozinhos mas em conjunto com todos os homens, irmanados nos mesmos sonhos e participantes da mesma sorte. A caminhada obriga-nos e incentiva-nos a darmos as mãos e a partilhar das razões da nossa esperança”, frisou recordando que esta ideia é alicerçada “no sonho da edificação de uma fraternidade que deve abranger a todos”. Por isso, prossegue “Somos Peregrinos da misericórdia. Todos e cada um tem necessidade de fazer a experiência da misericórdia e de oferecer gestos de misericórdia”.
“A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia. Esta frase que é a autêntica identificação dos fundamentos da Igreja conduz que reconheçamos que toda a sua ação pastoral deveria estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes; no anúncio e testemunho que oferece ao mundo, nada pode ser desprovido de misericórdia”, diz ainda.
Por isso, adverte o Papa, «chegou de novo, para a Igreja, o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão. É o tempo de regresso ao essencial, para cuidar das fraquezas e dificuldades dos nossos irmãos. O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a coragem para olhar o futuro com esperança».
Falou ainda da “primeira verdade da Igreja que é o amor de Cristo”, ou seja, “deste amor que não pode ser menos que ir ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai, ciente de que qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia”.
“A misericórdia tem de atingir a criação. Olhar a criação com os olhos de Deus e com o coração de Deus exige um trato misericordioso” adiantou por outro lado.
“As pessoas que saboreiam mais e vivem melhor cada momento são aquelas que deixam de debicar aqui e ali, sempre à procura do que não têm, e experimentam o que significa dar apreço a cada pessoa e a cada coisa, aprendem a familiarizar com as coisas mais simples e sabem alegrar-se com elas”, concluiu o prelado, lembrando que “Deus compromete-se com a nossa história e com a nossa terra, convida à misericórdia e à compaixão segundo Seu coração e chama à responsabilidade de uns pelos outros”.
Esta conferência é a segunda levada a cabo pela Confraria do Santíssimo Sacramento de Nossa Senhora da Estrela neste ano Santo da Misericórdia.