
Esta quarta-feira de cinzas será o primeiro dia de 40 que a Igreja designa de Quaresma, o período que começa com a imposição das cinzas e vai até à quinta Feira-santa, dia em que começa o Tríduo Pascal.
Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, todos os católicos esforçam-se para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.
O bispo de Angra, na sua mensagem para esta Quaresma, intitulada “Conduzidos pelo Espírito” afirma que este tempo começa com “desafios tão grandes que colocam toda a Igreja de joelhos diante de Deus de quem espera o auxílio”, convidando à oração, atenção ao outro e solidariedade.
“Há um mundo em guerra ou a preparar-se para ela, alterações no quadro político e social global que lançam medo onde era preciso esperança”, assinala D. Armando Esteves Domingues, na mensagem para este ano.
O bispo de Angra alerta que muitos pobres e irmãos “correm o risco de perder apoios de projetos humanitários” suportados por “países ricos”, “adivinhando-se problemas acrescidos como o aumento da pobreza, das doenças, do isolamento…”.
D. Armando Esteves Domingues salienta que a oração que converte e santifica, é “uma arma poderosa” que leva não só à “conversão pessoal” mas também à “conversão relacional”, convidando assim a rezar mas “pelas ameaças e tragédias deste mundo dividido, radicalizado, cheio de discursos prepotentes e ameaçadores”.
Pede, por outro lado, que se reze pelo Papa.
“Nunca, como nestes dias, se viram tantas imagens televisivas a mostrar pessoas em oração. Fiéis a rezar virados para a janela do Papa, muitos outros reunidos na Praça de São Pedro e igrejas de todo o mundo”.
Na mensagem propõe mesmo “a todos os sacerdotes da Diocese e comunidades cristãs” que, no primeiro domingo da Quaresma, no dia 9 de março, “celebrem e rezem de todas as formas pela saúde do Papa Francisco e suas intenções e também pela paz e estabilização da confiança e da esperança entre pessoas e povos”.
No terceiro domingo da Quaresma, dia 23 de março, no âmbito da Semana Nacional Cáritas 2025 (16 a 23 de março), D. Armando Esteves Domingues lembra o peditório da organização católica “para apoiar os mais necessitados no país e até emergências noutros países”; as direções diocesanas da rede Cáritas Portuguesa vão reunir em Conselho Nacional, na Diocese de Angra, “uma oportunidade para reflexão”.
“Convido todos os homens de boa vontade das comunidades, instituições, autarquias, serviços públicos, grupos caritativos, etc., a uma dimensão sinodal no agir, isto é, de uma prioridade relacional que ouça e envolva a todos. Juntos, podemos fazer, no território que partilhamos – paróquia ou freguesia – uma leitura atenta e atualizada das pobrezas existentes para se equacionar em quê e quem pode socorrer e ser ‘dador de esperança’”,
D. Armando Esteves Domingues aconselha a ter como guia “a lista dos mais necessitados de esperança”, que o Papa Francisco indica na Bula de proclamação do Ano Santo 2025, ‘A esperança não desilude’: os presos; os doentes; os migrantes; os idosos; os milhões de pobres; “mas é sobretudo fortíssimo o seu apelo à esperança dos jovens que muitas vezes, infelizmente, veem desmoronar-se os seus sonhos”.
O bispo de Angra indica também que a renúncia quaresmal, que “não é uma campanha de recolha de fundos, não é uma esmola”, mas “o sacrifício das pessoas e também a alegria da partilha”, e neste ano vai apoiar, “em partes iguais”, o Projeto MELIKA, que significa ‘mulher, chegou a tua hora’, das Irmãs Doroteias em Matala (Angola), e o “Fundo de Emergência para apoio aos Núcleos Caritativos das paróquias da diocese”.
O itinerário quaresmal para a catequese da Diocese de Angra, com o tema ‘Rebentos de Esperança’, convida a “refletir sobre as alianças que Deus estabeleceu com o Seu povo ao longo da história da Salvação”.
O que significam os 40 dias?
A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia: os quarenta dias do dilúvio, os quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, os quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.
A Quarta-feira de Cinzas é, juntamente com a Sexta-feira Santa, um dos únicos dias de jejum e abstinência obrigatórios.
Nos primeiros séculos, apenas cumpriam o rito da imposição da cinza os grupos de penitentes ou pecadores que queriam receber a reconciliação no final da Quaresma, na Quinta-feira Santa.
A partir do século XI, o Papa Urbano II estendeu este rito a todos os cristãos no princípio da Quaresma.
A Quaresma nos Açores é vivida particularmente pelas celebrações penitenciais desde as procissões até às romarias quaresmais.
Este ano o bispo de Angra pediu aos Romeiros para rezarem por 12 intenções sendo que a primeira delas é pelo Papa Francisco e pelas suas melhoras.
O Grupo Coordenador dos Romeiros pede contenção no uso e publicitação nas redes sociais das romarias.