Flamengos tem nova igreja paroquial, 18 anos depois da destruição da anterior igreja de Nossa Senhora da Luz
O bispo de Angra convidou este domingo os faialenses a serem igualmente “persistentes” no desafio de construção de uma “verdadeira comunidade cristã, de homens e mulheres”, tal como foram na construção da nova igreja que hoje foi inaugurada e dedicada, 18 anos depois da antiga ter sido completamente destruída pelo sismo que afetou as ilhas do Faial, do Pico e de São Jorge.
“Na celebração da dedicação desta nova Igreja estamos perante um sinal eloquente da comunidade cristã” disse D. João Lavrador sublinhando que “o edifício é sinal da comunidade que se edifica permanentemente na fé, na esperança, no amor e partilha fraterna, e na missão de ser testemunha de Jesus Cristo”.
Por isso, adianta, “se foi difícil e demorada a edificação deste edifício, sinal da comunidade, é mais continuada e nunca terminada a edificação da comunidade dos homens e mulheres”.
“Convido a este novo esforço na construção de uma comunidade viva e fraterna”, precisou o prelado, sublinhando que a construção da igreja só foi possível devido à conjugação da “sensibilidade e determinação” dos poderes públicos com a “vontade” da comunidade flamenguense.
Sempre que “este dar as mãos” acontece, sublinha, “estamos a contribuir para a edificação de uma cultura mais digna do ser humano” porque “este não é um local igual a outro porque aqui habita Deus. Aqui podemos encontrarmo-nos com Ele, viver a profundidade da doação de Jesus Cristo por nós, expressa nos sacramentos”, disse D. João Lavrador.
“É sinal da comunidade que se reúne para escutar a Palavra, para celebrar os mistérios da fé, para fortalecer os gestos da comunhão fraterna e para se fortalecer para a missão”, frisou.
Por isso, acrescenta, “o templo é sinal da comunidade viva que também ela se edifica constantemente e, para usar o que aqui aconteceu, mesmo quando contra ela se infringem os ventos demolidores do mal, ela sabe onde colocar os seus alicerces e os seus fundamentos para não sucumbir. A rocha firme sobre a qual se deve edificar a comunidade é Cristo”.
E para o bispo de Angra os cristãos devem agora “ser testemunhas” desta perseverança, com “a tarefa de curar tantas vidas que ainda não encontraram o sentido para a sua existência”.
De forma catequética o bispo de Angra, que duas semanas depois de ter assumido os destinos da diocese preside à primeira celebração de dedicação de uma nova igreja na diocese, referiu-se à importância da Eucaristia como “sinal de Cristo vivo” .
“Jesus Cristo quer fazer de nós hoje o inicio de uma nova criação no meio de um mundo e de uma cultura que teima em continuar a viver no homem velho sujeito às suas amarras e prisões”, afirmou.
Por outro lado o ouvidor e pároco dos Flamengos sublinhou a necessidade desta nova construção ser acompanhada “pela construção dos alicerces da própria vida”.
“Esta é uma «casa» construída à altura da nossa vocação e missão. O Senhor espera muito daqueles que habitam o Vale dos Flamengos”, disse o Pe Marco Luciano Carvalho.
O sacerdote, que dedica esta nova Igreja dos Flamengos 11depois de ter dedicado a igreja de Castelo Branco, outra das igrejas parcialmente destruída pelo sismo de 98, deixou um aviso à comunidade: “não basta pensar que temos uma casa bonita e adaptada aos tempos atuais, pois a Palavra de Deus avisava-nos com sábia prudência que é mais simples fazer a massa do betão, do que mexer na argamassa das nossas vidas”.
E prosseguiu dizendo que “o tempo vai ajudar-nos a dar continuidade a esta obra que ainda não está terminada. Esta é uma Igreja de muitas portas e janelas, sem exclusão para ninguém, um espaço aberto de acolhimento e de participação, a todas os fiéis da Igreja, das nossas e das outras paróquias, e a toda as pessoas de boa vontade”, concluiu.
Também o seu antecessor nesta paróquia, o Pe Raimundo Bulcão, lembrou que esta foi uma obra “suada” numa paróquia “mártir” que desde que viu construída a sua primeira igreja em 1499, tem sofrido vários revezes.
“É de facto uma igreja mártir e só a conjugação de boas vontades e a determinação de todos fez com que conseguíssemos fazer esta igreja e eu estou muito contente com isso”.
“A partir de agora temos tudo para ser uma comunidade comprometida e é isso que eu espero que esta nova igreja venha trazer: um novo compromisso de todos”, referiu
A igreja dos Flamengos é uma das quatro igrejas do Faial arrasadas pelo sismo que afetou a ilha em 1998. A obra custou cerca de 1,5 milhões de euros e foi possível devido a um protocolo assinado entre a Diocese e o Governo Regional, em que este avalisa a contração de um empréstimo no valor de 75% sendo os restantes 25% da responsabilidade da paróquia.
O Faial tem ainda mais três igrejas por reconstruir. De acordo coma calendarização da ouvidoria a próxima ser iniciada é a igreja do Salão, ficando ainda por decidir a construção das igrejas de Pedro Miguel e Ribeirinha.