D.João Lavrador quer que a igreja açoriana seja evangelizadora na “fé, na caridade e na esperança”
O bispo de Angra, que presidiu este domingo à missa que celebra o dia da Igreja Diocesana, na Catedral, em Angra, na ilha Terceira, desafiou os cristãos insulares a serem uma comunidade “alegre, viva e coerente” na missão evangelizadora da igreja.
“Celebramos neste domingo o dia da Igreja diocesana. A nossa diocese alegra-se em todos os seus membros pelo chamamento que Jesus Cristo dirige a cada um e a cada comunidade cristã para viverem na comunhão com Deus, para assumirem corresponsavelmente a missão de testemunhar o Evangelho e de servirem a pessoa e a sociedade”, disse D. João Lavrador.
Para o prelado trata-se de um dia “de alegria, de acção de graças, de consciencialização e de responsabilização” em que todos os diocesanos “estão convidados a criar as condições para que se dê este encontro com Jesus Cristo que culminará na alegria e na esperança”.
O responsável pela igreja católica na região lembrou que a vida “exige um itinerário permanente no crescimento na fé, na esperança e na caridade” e ser cristão exige coerência, sentido de pertença e participação numa comunidade cristã concreta bem como uma “participação activa e consciente na Eucaristia”.
“Ser Igreja é assumir a responsabilidade que é própria do mandato divino de testemunhar o Evangelho partilhando-o na comunidade e com ele fermentar o mundo” precisou o prelado.
D.João Lavrador apelou, ainda, aos diocesanos que estejam “atentos aos sinais do mundo”, marcado por “tantas preplexidades e angustias”.
“Pertence-nos interpretar e discernir os Sinais dos Tempos e, em diálogo, oferecermos à cultura e à sociedade de hoje a Vida Nova de Cristo que desperta para a esperança e para a alegria”, disse.
O bispo diocesano lembrou que a igreja é lugar de “misericórdia gratuita” e de comunhão e, por isso, todas as vocações e ministérios são importantes.
“Celebrar o dia da Igreja diocesana é reconhecermos a grandeza do nosso baptismo que se vive na comunhão com todos os baptizados no espaço da diocese, a qual é constituída por diversos serviços, todos eles unidos e em comunhão uns com os outros pela acção do mesmo Espirito Santo”, sublinhou o bispo de Angra.
A Diocese de Angra, que completou 483 anos de vida, no dia 3 de novembro, continua a registar senão a maior, pelo menos uma das maiores percentagens de população católica do país.
Dos 247.066 habitantes nas nove ilhas do arquipélago, 228.285 dizem-se católicos, isto é, 92,39% dos açorianos ou residentes nos Açores professam a religião católica registando-se aqui, também, uma das mais altas taxas de prática dominical.
Com um total de 165 paróquias e 22 curatos, a Diocese dispõe de uma centena e meia de sacerdotes e seis diáconos permanentes, mobiliza milhares de leigos nos vários movimentos e serviços da Igreja, a começar pela catequese, registando-se cerca de 3 mil catequistas e 23 mil catequisandos, do primeiro ao décimo ano.
A Diocese, criada há 483 anos pelo Papa Paulo III, através da Bula Aequum Reputamus, possui, 59 centros sociais canonicamente eretos, 47 confrarias e 23 misericórdias. A expressão da dimensão da religiosidade popular manifesta-se no número de irmandades do Divino Espírito Santo que as nove ilhas têm- 254.
A Diocese de Angra está organizada em 17 ouvidorias, sete delas correspondem à ilha toda- Faial, Pico, São Jorge, Flores,Corvo, Graciosa e Santa Maria- e só na maior ilha do arquipélago existem 8 ouvidorias- Ponta Delgada, Nordeste, Povoação, Ribeira Grande, Vila Franca do Campo, Fenais da Vera Cruz, Capelas e Lagoa, registando-se duas também na ilha Terceira.
A sede da diocese é em Angra, tendo como catedral a Sé de Angra, dedicada a São Salvador do Mundo e padroeiro o Beato João Batista Machado.
Até à data da sua criação, os Açores integravam a Diocese do Funchal, que um ano antes tinha passado a Arquidiocese, e a de Angra passou a ser sufragânea desta até à sua extinção como Arquidiocese, passando depois a fazer parte da Província eclesiástica de Lisboa, situação que permanece até aos dias de hoje.
A organização religiosa do arquipélago, como as restantes terras do além-mar português então descoberto, começaram por estar sujeitas à jurisdição espiritual da Ordem de Cristo, exercida pelo vigário nullius de Tomar, que mandava visitar as ilhas por representantes, os chamados bispos de anel. Ao ser criado o bispado do Funchal (1514), o arquipélago açoriano passou a integrá-lo.
A pedido de D. João III de Portugal, o papa Clemente VII, ainda, criou o bispado de São Miguel (1533), mas faleceu antes da bula respetiva ter sido expedida.
No ano seguinte, o recém-eleito papa Paulo III pela bula Aequum Reputamus erigiu o bispado de São Salvador do Mundo, dando-lhe por catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra.
Conta atualmente com a presença de 15 institutos religiosos, três deles masculinos e os restantes femininos.
- João Lavrador é o 39º Bispo de Angra desde março de 2016.