Bispo de Angra aplaude beatificação de Paulo VI

O prelado diocesano, que foi ordenado por este Papa, sublinha a sua importância na implementação do Concilio Vaticano II.

A beatificação do Papa Paulo VI era “o que faltava” para completar o ciclo dos Papas que foram decisivos na abertura da Igreja ao mundo, disse esta quarta feira o Bispo de Angra em declarações ao Portal da Diocese a propósito da Beatificação do Papa Paulo VI, anunciada pelo Portal de Notícias do Vaticano.

 

“Estou muito contente com a canonização de São João XXIII porque teve a coragem de convocar o concilio; estou igualmente contente com a canonização de São João Paulo II porque teve um longo pontificado e veio três vezes a Portugal, inclusive aos Açores, mas estou contentíssimo com a notícia da beatificação de Paulo VI”, disse o Prelado Diocesano.

 

D. António de Sousa Braga destaca a ação de Paulo VI na condução da igreja, num momento particularmente “difícil” e de “de grande resistência à abertura” proposta pelo Concilio, seja no Vaticano seja nas igrejas particulares.

 

D. António de Sousa Braga que foi ordenado por Paulo VI, em 1970, sublinha, para além das questões “afetivas”, a “enorme importância e atualidade” dos documentos assinados por Paulo VI.

 

“Paulo VI é o meu papa pois foi ele que me ordenou em 1970 e eu estudei a Teologia nos anos do Pontificado de Paulo VI. Os seus documentos são de uma enorme profundidade, extraordinários para a época e do ponto de vista literário são textos literários da língua italiana”, conclui o Prelado Diocesano.

 

“Hoje falamos muito da Nova Evangelização pois quem cunhou essa expressão foi Paulo VI. Ele tem um documento que é muito atual e que pode e deve seguir de orientação para esta nova evangelização proposta pelo Papa Francisco, que é a encíclica Evangelii nuntiandi”, frisa o Bispo de Angra.

 

D. António destaca, ainda, a visita feita pelo Papa Paulo VI a Fátima, já num estado de grande debilidade, nos últimos anos do seu pontificado em que, “num momento muito difícil para a Igreja, quis vir a Portugal e ao Santuário pedir a interseção de Nossa Senhora”.

 

Para o Bispo de Angra “era o que faltava” para terminar este ciclo e sublinhar a pertinência e a novidade do Concilio que “continua a ser o caminho que a Igreja tem de trilhar”.

 

A Congregação para a Causa dos Santos, da Santa Sé, aprovou hoje por unanimidade um milagre atribuído à intercessão do Papa Paulo VI, anunciou o portal de notícias do Vaticano.

 

O prefeito deste dicastério, cardeal Angelo Amato, deverá encontrar-se com o Papa Francisco para a promulgação do decreto, o que poderá ocorrer ainda esta sexta-feira, acrescenta o ‘news.va’.

 

O mesmo portal adianta como data possível para a beatificação o dia 19 de outubro, data da conclusão do Sínodo Extraordinário sobre a Família.

 

O milagre está relacionado à cura de um feto, ocorrida em 2001 nos Estados Unidos da América, e foi proposto pelo postulador da Causa, Antonio Marrazzo: trata-se da história de uma mulher, que durante a gravidez, descobriu um grave problema cerebral no feto.

 

A jovem recusou abortar e rezou a Paulo VI: em 2012, “a criança nasceu sem problemas” e os médicos consideraram seu nascimento “um facto verdadeiramente extraordinário e sobrenatural”, disse Marazzo à Rádio Vaticano.

 

O agora Papa emérito Bento XVI assinou a 20 de dezembro de 2012 o decreto reconhecendo as “virtudes heroicas” de Paulo VI, declarando-o “venerável”.

 

Esta é uma etapa do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, e permite que, após o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do Papa italiano, tenha lugar a sua beatificação, penúltima etapa para a declaração da santidade.

 

Entre os nove Papas que a Igreja Católica teve no século XX há, neste momento, três santos: Pio X, João XXIII e João Paulo II; os dois últimos foram canonizados por Francisco no último dia 27 de abril.

 

A canonização, ato reservado à Santa Sé desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

 

Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini nasceu a 26 de setembro de 1897 na Lombardia, Itália, e foi ordenado padre em 1920, tendo entrado ao serviço diplomático da Santa Sé.

 

Nomeado arcebispo de Milão em 1953, foi criado cardeal em dezembro de 1958, por João XXIII, a quem viria a suceder, cinco anos depois, já com o Concílio Vaticano II (1962-1965) em andamento, tendo-lhe dado continuidade.

 

Entre 1964 e 1970, Paulo VI fez nove viagens internacionais, as primeiras de um Papa moderno, incluindo a passagem por Fátima a 13 de maio de 1967.

 

O Papa italiano escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade, e a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos; assinou ainda a exortação apostólica ‘Evangelii nuntiandi’ (1975), sobre a evangelização no mundo contemporâneo, e discursou na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 4 de outubro de 1965.

 

Paulo VI morreu no dia 6 de agosto de 1978.

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