Reunião do Conselho Pastoral ressalta proximidade e disponibilidade dos leigos para assumirem algumas responsabilidades na coordenação pastoral
Uma semana depois de ter iniciado a primeira visita pastoral do seu episcopado, na ilha das Flores, o bispo de Angra apelou esta sexta-feira à criação de “verdadeiras comunidades sinodais” onde leigos e sacerdotes trabalhem em conjunto, procurando valorizar os ministérios laicais.
“Procurem fazer comunidades sinodais; que ninguém se sinta dono da Igreja, sejam padres sejam leigos, mesmo que toda a vida tenham feito por bem trabalhos dentro da Igreja, permitindo que ela se construa e que cresça”, disse D. Armando Esteves Domingues pedindo a todos que procurem esta comunhão eclesial.
“Que as nossas preocupações não sejam as obras mas a construção de relações. Temos de escutar, temos de ouvir, temos de estabelecer relações pois sem nos conhecermos não conseguimos caminhar juntos”, disse D. Armando Esteves Domingues, agradecendo o trabalho desenvolvido pela equipa sacerdotal, que este ano contou com a presença de um sacerdote mais velho e experiente.
“Vocês florentinos são um povo afortunado porque tiveram três padres generosos, alegres e felizes pelo facto de o Senhor os ter chamado”, afirmou.
“Não esperem pelos padres, façam vocês mesmos. Há muitos ministérios batismais que estão apagados e que precisam ser dinamizados. A desclericalização, de que tanto se fala, passa pelos leigos assumirem também as suas responsabilidades” disse D. Armando Esteves Domingues ao percorrer todos os dias da Visita Pastoral, “um itinerário espiritual” que nos permitiu “conhecermo-nos como família”.
“Somos todos iguais no Batismo embora diferentes nos ministérios e carismas”, afirmou.
Durante a visita, que sai fora do esquema habitual das visitas pastorais e não inclui por exemplo a celebração do Crisma, o bispo de Angra procurou estar com cada uma das 11 comunidades paroquiais e tem sido evidente a preocupação de estar e ouvir as pessoas. De resto, para além das celebrações, visitas e convívios, D. Armando Esteves Domingues teve dois momentos, em Santa Cruz e nas Lajes, onde esteve de porta aberta para receber todos os que quisessem com ele falar de forma particular.
“É preciso alimentar as ovelhas que andam arredadas” disse o presidente do Conselho Pastoral de Ouvidoria.
“O senhor está nas Flores a fazer aquilo que o Papa pediu: pastores com o cheiro a ovelhas. Os nossos pastores, o nosso maior pastor, tem cheiro a ovelhas” sustentou António Maria Gonçalves.
“Todos queremos que a igreja das flores seja essa parcela ativa da Igreja diocesana” acrescentou.
“O trabalho vai continuar e nós estamos disponíveis para o assumir e aguardamos que a diocese mantenha este contacto e nos credite como uma parcela deste todo”, ressalvou invocando o exemplo da política que tem esquecido a verdadeira coesão entre as ilhas.
“Que nunca sintamos que a caridade nos falta”, disse ainda elogiando e agradecendo o trabalho desenvolvido por Monsenhor José Constância que no próximo dia 7 abandona as funções de ouvidor das Flores, serviço em que esteve durante o último ano.
“Sentimos que as coisas estão a mudar e não é só dizer que a Igreja está vazia, perde jovens e está a ficar deserta; sentimos que há, de facto, uma maneira de ser diferente e de viver e contribuir para a construção da Igreja”, concluiu.
Monsenhor José Constância aproveitou a oportunidade para saudar o Conselho Pastoral e elogiar o trabalho e esforço de todos no sentido de serem validadas algumas estruturas sinodais na ilha, como as que foram formadas no âmbito da Família ou de ouvidoria, de que é exemplo o Conselho Pastoral de Ouvidoria que passou a ser dirigido por um leigo.
“Mais do que lutar pela sobrevivência era importante que compreendêssemos que a principal preocupação que devemos ter é a de fazer com que o evangelho tenha atualidade e correspondência nos nossos dias.
“O reino de Deus não pode ser uma angústia, mas deve ser a preocupação para que o evangelho de Jesus tenha atualidade e possa levedar a nossa vida e a ilha das Flores”, concluiu.