Na nota pastoral D. António lembra que este ano não é feriado mas a Igreja continua a celebrar o dia de Todos os Santos.
“Como é um dia normal de trabalho isso vai dificultar a manutenção da linda tradição que é o Pão por Deus”, refere o prelado açoriano que convoca todas as paróquias para “em diálogo com a escolas” não deixarem morrer esta tradição.
“Nada impede que essa tradição, muito sentida e vivida nos Açores, passe para o Domingo seguinte. É só experimentar”, acrescenta o Bispo na nota Pastoral.
O Pão por Deus nos Açores é uma “tradição muito viva”, impulsionada pelas escolas católicas e que está a ser recuperada como uma tradição cultural pelas escolas do ensino público regional, sobretudo as do ensino básico.
A tradição do Pão Por Deus remonta a 1756, um ano depois do sismo que devastou Lisboa. A pobreza que atingia a capital agravou-se com a destruição provocada pelo abalo de terra e um ano depois os lisboetas saíram à rua para pedirem Pão por Deus para “matar” a fome.
Nas décadas de 60 e 70, por imposição da ditadura do Estado Novo, o Pão Por Deus só podia ser pedido por crianças, menores de 10 anos e, apenas, até ao meio dia.
Pão, frutos secos e agora guloseimas é o que costuma ser pedido pelos mais novos que, inclusivamente, se arranjam com sacos bem decorados para irem para a rua pedir.
Hoje, o Pão por Deus mistura-se um pouco com uma outra tradição pagã, Halloween, importada dos países anglo saxónicos e introduzida no país pelos professores de inglês. A noite das bruxas leva à rua centenas de crianças que pedem guloseimas. Só que ao contrário das doçuras ou travessuras, no Pão Por Deus, tradição católica, as crianças pedem e se por acaso nada lhes é oferecido não ripostam com qualquer travessura.
O Pão por Deus, juntamente com as romarias aos cemitérios para depositar flores (crisântemos) nas campas, é um dos hábitos do primeiro de Novembro, dia que a Igreja Católica celebra como o Dia de Todos Os Santos.
De acordo com a Enciclopédia Católica, este dia “destina-se a honrar todos os santos conhecidos e desconhecidos” e começou a ser praticado no século II, em homenagem aqueles que, de entre os seus, haviam sido perseguidos e martirizados e que partiram para o Céu, para junto de Jesus.
A comemoração regular deste dia só começou a ser feita, no entanto, a partir de 610 por decisão do Papa Bonifácio III, e a definição especifica do dia 1 de Novembro só se fixou um século mais tarde, no Pontificado de Gregório III.
Da liturgia deste dia importa lembrar que “Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna”.
Este ano o dia 1 de Novembro coincide com uma sexta feira e, pela primeira vez, em muitos anos, não será feriado. Este ano até coincide com o debate do Orçamento de Estado para 2014.
A data foi um dos feriados religiosos que desapareceu do calendário português na sequência do acordo entre o Executivo e a Santa Sé, depois de ter sido subscrito em sede de concertação social.
O Governo já admitiu poder rever este feriado em 2018. O outro feriado religioso cortado é o do Corpo de Deus, assinalado 60 dias após a Páscoa.