Bispo de Angra afirma que o episódio da paixão de Cristo ensina-nos a combater a “cultura da indiferença”

D. João Lavrador presidiu à bênção, procissão e missa de Domingo de Ramos na Sé de Angra

O bispo de Angra afirmou este domingo, no dia em que a igreja católica começa a celebrar a Semana Santa, que o episódio da paixão de Cristo desafia os cristãos a combaterem a cultura da indiferença.

D.João Lavrador presidiu à bênção e procissão de Ramos e à Eucaristia dominical na Sé, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, dando inicio às celebrações da Semana Santa na diocese de Angra.

Depois de explicar o significado da procissão de Ramos, que assinala a entrada de Jesus em Jerusalém, o prelado centrou a homilia no Evangelho deste Domingo de Ramos que narra a paixão de Jesus Cristo.

Referindo-se aos “muitos intervenientes” que jogam o seu papel neste episódio do Evangelho e às inúmeras provações pelas quais Jesus passou até à cruz- desde a indiferença ao julgamento iniquo, sem esquecer as ciladas e as traições- D. João Lavrador interpelou os açorianos no sentido de não se deixarem vencer pelas dificuldades e a “terem esperança”, lutando contra a cultura da indiferença.

“Não fiquemos indiferentes. Sejamos participantes como o devem ser os discípulos”, disse o bispo de Angra referindo-se à história da Paixão como “um belo ensinamento e grande desafio para a cultura atual na qual o homem à medida que se afasta de Deus também se afasta do homem concreto, deixando-o à sua sorte”.

Uma cultura que segundo o responsável pela diocese insular “não sabe entender os gemidos de uma humanidade que, de modo nem sempre explicito mas vincado, quer viver em plenitude a vida humana no que ela tem de mais digno e transcendente” e que, pelo contrário “oferece-lhes a morte”.

“Pobre cultura, tão desumana e tão cruel, tão insensata, irracional e tão pouco solidária. O homem merece mais muito mais. E, Jesus Cristo sabe disso. Por isso, ei-l’O aqui disposto a colocar-se ao lado de quem sofre para lhe oferecer a Vida que o humaniza e lhe dá sentido ao seu drama existencial” concluiu o prelado diocesano perante uma assembleia que hoje reuniu também gente de outras paróquias.

“Este é o caminho da coerência e da fidelidade, o caminho da persistência e da coragem” afirmou ainda sublinhando que a “chave de interpretação para todo o drama humano não está na adesão a processos mágicos de resolução do sofrimento humano, nem no alheamento perante a dor alheia, nem muito menos ocultarmos toda a forma de sofrimento através de legislação que torne legal o que deve ser tratado pelo amor e pela solidariedade”.

“O caminho da Paixão é o itinerário de vida de tantos irmãos” concluiu.

O domingo de Ramos inaugura, por assim dizer, a Semana Santa que tem no Tríduo Pascal o seu momento alto. O bispo de Angra irá presidir às celebrações pascais na catedral açoriana. A Missa da Ceia do Senhor com o gesto do lava-pés; a paixão de Cristo e a vigília pascal são os momentos centrais dessas celebrações que terminam com a Eucaristia da Ressurreição do Senhor no domingo de Páscoa.

 

Scroll to Top