Prelado iniciou ontem um conjunto de catequeses na Novena dos Espinhos na Igreja do Santo Cristo em Ponta delgada
A diocese de Angra, respondendo ao apelo do Papa Francisco, está a celebrar a iniciativa “24 horas para o Senhor” que coincide com o inicio da Novena dos Espinhos, na Igreja do Santo Cristo em Ponta Delgada, a que preside o Bispo Coadjutor de Angra.
Na primeira celebração, que decorreu esta sexta feira ao fim do dia, D. João Lavrador convidou os cristãos açorianos a aproveitarem esta oportunidade como “um certo retiro” no qual “possam fazer um revisão de vida”.
A partir do Evangelho do dia e tendo presente o número dois da Bula de Proclamação do Jubileu da Misericórdia- MIsericordiae Vultus- o prelado fez uma catequese sobre o sentido da misericórdia enquanto amor.
“A misericórdia enquanto amor tem de nos colocar perante o rosto misericordioso de Deus” porque ela é “a lei fundamental” para “unir Deus e o homem” e quem “está no caminho de Deus tem de ter outro olhar para os irmãos, nem que para isso tenha de trocar as lentes interiores”, disse D. João Lavrador.
“Quando um cristão não usa de misericórdia, de perdão, de ternura e de bondade com os seus irmãos então deve perguntar-se como é a sua relação com Deus, com que Deus nos temos dado, pois se não conseguimos ser misericordiosos é porque não nos deixámos ensopar pela Sua misericórdia”, acrescentou.
D.João Lavrador presidiu ao primeiro dia da Novena dos Espinhos- uma das três festas emblemáticas que se realizam no Santuário do Senhor Santo Cristo, tal como a do Cristo Rei antes do inicio do Advento-, que este ano se centra na Misericórdia.
O prelado desafiou os presentes a refletirem sobre a palavra de Deus que é sempre “um Deus de Misericórdia e de Amor”, lembrando o tema das orientações diocesanas de pastoral “Misericordiosos como o pai”.
“Nesta reflexão somos interpelados a entrar no coração de Deus e descobrir que nele não há nada mais do que misericórdia, e depois, deixarmo-nos ´ensopar` da misericórdia divina para nos relacionarmos uns com os outros com a mesma misericórdia”, disse o Bispo Coadjutor.
“Se isso não acontecer então devemos perguntar com que Deus nos temos relacionado”, precisou alertando para o perigo da fabricação de um Deus à medida.
Reconhecendo “que a intelectualidade e a sensibilidade pessoais” condicionam “uma verdadeira aproximação a Deus”, fazendo com que “muitas vezes o fabriquemos de acordo com a nossa vontade, apego ou até condição económica”, D. João Lavrador desafiou os cristãos a “serem humildes e a deixarem-se tocar pelo Deus verdadeiro”.
“Amar a Deus incondicionalmente e amar o irmão como se ama a si próprio é o grande desafio e não se trata de teoria pois a misericórdia e o amor são experiências muito concretas que devem estar sempre presentes na vida de um verdadeiro cristão” disse o prelado.
A novena dos Espinhos prossegue até ao fim da próxima semana, tendo nos próximos seis dias D. João lavrador como pregador.