D. João Lavrador falou pela primeira vez aos responsáveis do clero açoriano num conselho presbiteral
O bispo coadjutor de Angra, que deverá substituir o atual Bispo de Angra ainda durante o primeiro semestre deste ano, disse esta manhã aos responsáveis do clero nos Açores que tão importante como sonhar com uma determinada ação pastoral pastoral “é ter a capacidade de adequar o sonho à realidade concreta”.
D. João Lavrador está a participar pela primeira vez no Conselho Presbiteral da diocese insular e liderou os trabalhos da primeira manhã da 41ª sessão plenária, que arrancou hoje no Seminário Episcopal de Angra, na cidade património.
“Neste momento da sucessão apostólica, por assim dizer, tenho muito interesse em conhecer o que pensam os padres da diocese, quais são os seus sonhos e sobretudo como é que eles devem estar ligados à realidade” disse ao Sítio Igreja Açores o prelado que se dirigiu esta manhã ao clero que vai liderar.
“O sonho prolonga as nossas capacidades, colocando-nos para além daquilo que achamos que podemos fazer, mas não nos podemos esquecer que os sonhos têm que estar muito em consonância com aquela que é a realidade diocesana, da ilha e da paróquia”, precisou lembrando que a igreja dos Açores não pode deixar de olhar para a dinâmica da igreja Universal “acompanhando-a” mas sempre “presa à realidade especifica”.
“Só assim desenvolveremos uma pastoral correta” disse o bispo coadjutor de Angra que está particularmente empenhado em perceber como está a ser vivido e vai ser vivido o Ano Santo da Misericórdia.
“A visita da imagem peregrina fez com que esta vivência fosse clara para todos mas agora é chegado o momento de fazermos uma avaliação sobre este tema absolutamente fundamental”, disse o prelado.
“A misericórdia traduz-se nos gestos da vida pastoral e saber como a vivemos, como a traduzimos e a exprimimos nas diferentes dimensões, seja na pastoral seja nos movimentos ou nos sacramentos é muito importante”, acrescentou.
“A nossa vida pastoral tem que ser envolvida pela misericórdia, primeiro na nossa relação com Deus e depois na nossa relação com os outros” disse fazendo uma analogia com a teoria dos vasos comunicantes.
“Na teoria dos vasos comunicantes o líquido tem de circular e circula para as pontas. Aqui são os que estão na periferia, os excluídos e por isso, é para eles, que temos de orientar a misericórdia; ela tem de ir para onde há mais necessidade”.
“A misericórdia não é uma questão de equidade mas uma questão de prioridades e de necessidades”, conclui.
D.João Lavrador falou ainda de outro tema que vai dominar a reunião dos sacerdotes e que se prende com o balanço da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, nos últimos dois meses, à Diocese.
“Numa região como esta onde a piedade popular é grande, seja em torno de Nossa Senhora, seja do Santo Cristo ou do Divino Espírito Santo é preciso que a igreja esteja atenta para que tudo possa evoluir”.
A vida económica da diocese, a par de alguns aspetos mais “burocráticos”, dominou a primeira manhã de trabalho desta 41ª sessão plenária do Conselho Presbiteral, que decorre no Seminário Episcopal de Angra juntando os responsáveis das 16 ouvidorias, 12 serviços diocesanos e 4 Comissões diocesanas, bem como os elementos da Cúria e representantes dos movimentos eclesiais.
“Discutimos aspetos mais burocráticos mas que são importantes para a vida da diocese e a questão é saber como conseguimos articular e equacionar a liberdade e a transparência sem sobrevalorizarmos as questões financeiras, mas sem as perdermos de vista”, disse ainda D. João Lavrador ao Sítio Igreja Açores.
Os trabalhos desta tarde centraram-se no ponto 1 do instrumento de trabalho, que remete para uma análise da realidade diocesana e amanhã prossegue com uma avaliação pastoral da peregrinação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima aos Açores. À noite realiza-se a reunião do Colégio de Consultores.
Recorde-se que o Conselho presbiteral, que decorre até sexta feira, é um ´forum`de aconselhamento do Bispo diocesano.
(Com Nuno Pacheco de Sousa)