Por Renato Moura
Donald Trump muda a embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, no 70.º aniversário do estado de Israel. A festança contrastou com a matança de dezenas de palestinianos! Trump abandona o acordo nuclear com o Irão. São duas formas de rasgar consensos internacionais, de perder força na mediação e contribuição para a paz!
O Governo da Espanha escolhe a força em vez do diálogo com a Catalunha! Em democracia, à liberdade das convicções, a melhor resposta não seria a prisão.
Em Lisboa dezenas de homens encapuchados agridem selvaticamente jogadores e equipa técnica do Sporting. Presos e indiciados de vários crimes, uma metade deles. O presidente considera que foi “chato”, mas que o crime faz parte do nosso dia-a-dia! Para alguns a prioridade é salvar a festa da Taça de Portugal; o resto é depois!
Será que na base de tão diversos eventos haverá motivos idênticos?
Há quem seduza com promessas, sem cuidar de avaliar se são realizáveis; e a frustração pelos insucessos leva ao desespero e à fúria. Nem a democracia impede que a loucura tome o poder. E há egocêntricos e soberbos que cultivam o populismo e desejam ser famosos, não recusam sê-lo pelas piores razões se assim pensam perdurar no poder. Ampliam-se injustiças, incendeiam-se consciências, arrebanha-se gente e atinge-se o absurdo de gerar raiva.
Quando não prevalece a via do diálogo, seja ele pessoal, entre os órgãos das instituições, ou entre parceiros da comunidade internacional, perde-se o compromisso responsavelmente construído através do esclarecimento e do entendimento, abrindo caminho ao crescimento de tensões e conflitos.
Só se pode edificar a paz, essencial para as soluções, fundando-a na transparência e na verdade. Há atitudes que levam ao extremismo. É insânia perigosa explorar os sentimentos mais primários das pessoas, das comunidades ou das multidões. A ampliação do fanatismo favorece o cultivo do ódio. A confrontação agressiva, por palavras ou actos, inspira a escalada da guerrilha, gera ondas de violência.
Recentemente o Papa Francisco foi bem explícito a este propósito: “Reitero que o uso da violência nunca leva à paz. Guerra chama guerra, violência chama violência”.
Não há função que se possa exercer sem respeitar o passado ou sem acautelar o futuro. Não olhar a meios para atingir os fins é equivalente a ditadura e leva sempre a crimes.
As pequenas ou grandes organizações e os seus dirigentes, fariam deste um mundo melhor, se defendessem a sua própria dignidade e respeitassem a de todos os seres humanos.